O Homem já foi à Lua, mas não descobriu uma solução eficiente para evitar que o motorista seja ofuscado pelo sol da tarde.
É tanta tecnologia nos automóveis mais sofisticados que ficou complicado sair com um deles da concessionária: são horas de explicações, a tal da “entrega técnica”. Para depois o dono não usar metade da parafernália disponível…
Entretanto, apesar de toda a modernidade e criatividade, ainda não se chegou a soluções para antigos mecanismos ineficientes e que nada evoluíram nas últimas dezenas de anos.
A eletrônica já disponibiliza uma tela que aceita comandos por um simples gesto da mão à sua frente. A tela sensível ao toque (touchscreen) já caminha, portanto, para o museu. Enquanto isso, o limpador de pára-brisa é a mesma arcaica trapizonga desde o início do século passado. Já tem sensor de chuva que o aciona automaticamente. Tem comando para funcionar de forma intermitente, diversas velocidades e outros confortos. Mas seu princípio de funcionamento é o mesmo: um tosco pedaço de borracha que raspa (e as vezes arranha…) o vidro. Será que não dá para inventar um “bafão” de ar quente, um vidro repelente à água, qualquer coisa mais eficiente que a atual?
Pneu maciço virou diagonal com câmara, depois radial sem câmara e, mais recentemente, “run-flat” que dispensa o estepe e roda mesmo furado até o borracheiro. Mas, se o buraco tipo cratera for capaz de rasgá-lo, só mesmo voltando para casa na boléia do reboque…
Será que até existir o pneu dos sonhos, que não fura nem rasga, não daria para eliminar o pesadelo do macaco? Tem cabimento exigir do motorista (pior: da motorista!) tanto contorcionismo e suor para levantar uma roda? Por que não evoluíram e “pegaram” as brilhantes soluções do Citroën DS, Maybach, Rolls-Royce e alguns outros que aliviam (hidraulicamente) este sofrimento?
O homem já foi à Lua e confirmou água em Marte. Mas ainda não descobriu uma solução mais eficiente para evitar que o motorista seja ofuscado pelo sol da tarde. Tem mais de cem anos que aquele prosaico pedaço de cartolina continua insistindo em se articular espontaneamente nos momentos mais inconvenientes e despencar na frente do motorista.
Por falar em pára-sol, quantas dezenas de anos o automóvel vai continuar devendo um sistema que abaixe o farol, não o do seu carro, mas o do idiota que vem à noite no sentido contrário, ofuscando a todos com seus faróis altos e desregulados?
E o motor a combustão interna? Está enganado quem pensa que seu propósito é gerar movimento num eixo para tracionar o veículo. O que vai para as rodas é o que sobra da energia voltada para a geração de calor… por isso tão ineficiente. Aliás, pode aparentemente nada custar (até o Fusca oferecia este mimo, abrindo uma válvula no túnel) a presença de ar quente no automóvel para amenizar dias mais frios. Mas, a rigor, tem um custo estratosférico não só para o motorista mas para toda a humanidade. O funcionamento do motor (assim como o do limpador de pára-brisa) nada mudou desde sua invenção há mais de cem anos: comprime-se em seu interior uma mistura ar-combustível e tasca-se fogo por uma vela (Otto) ou excesso de temperatura e pressão (Diesel). A explosão transforma energia química em mecânica. Mas cria uma barbaridade de calor em volta…
Teoricamente, é possível reduzir a ineficiência do motor a combustão interna provocada pelo calor gerado em suas entranhas. Só mesmo na teoria: é o motor adiabático, que não troca calor com o ambiente externo, mas o aproveita para ganhar eficiência. Mas, assim como o limpador de pára-brisa, pára-sol, macaco, pneu (e outros), falta alguém para desenvolvê-lo…
BF