A recente (anteontem) matéria do Josias, “Dez coisas que irritam“, inspirou-me a compartilhar com o leitor esta antítese, numa análise descontraída das dez coisas que aprecio num carro. Algumas o leitor já conhece, afinal estamos juntos nesse barco faz um bom tempo, mas é a primeira vez que coloco tudo no mesmo saco. Como na matéria do Josias, a ordem é aleatória e não necessariamente em ordem de importância.
1) Apoio de pé esquerdo. Não há nada pior do que não se ter onde colocar o pé esquerdo de maneira correta e ergonômica, numa “prancha” apropriada. Lembr0-me de ter insistido com a engenharia da Fiat para que colocassem o apoio nos Palios e acabaram atendendo à minha recomendação.
2) Conta-giros no lado esquerdo. Felizmente a maioria dos fabricantes tem colocado o conta-giros nesse lado, que no meu entender é o correto por se desviar menos o olhar do tráfego contrário. Tão importante quanto o lado é os dois instrumentos-chave de qualquer veículo, o velocímetro e o conta-giros, serem do mesmo tamanho. Mas os engenheiros do up! na Alemanha não pensam igual colocaram um velocímetro gigante e um conta-giros anão.
3) Ar-condicionado. Considero o ar-condicionado um item tão essencial que se tivesse que sair para uma viagem e me oferecessem um BMW M3 cujo ar-condicionado estivesse inoperante. eu preferiria um carro 1-litro com o equipamento. Sério. O que aprecio no ar-condicionado nem é a temperatura do interior mais baixa, mas a supressão do turbilhonamento de ar com a janela aberta e o ar seco, desumidificado produzido. Para mim não exista nada pior que umidade relativa do ar elevada, aquela melação constante.
4) Computador de bordo. Não dá mais para viver sem. Virou o mínimo do mínimo. As informações fornecidas são todas preciosas, mas a a mais importante, sem nenhuma dúvida, é a autonomia restante. Só fiquei uma vez sem combustível (foi há décadas atrás) e não ter essa amarga experiência de novo. Nunca mais.
5) Direção assistida. Nem é pelo menor esforço para esterçar, como se poderia supor à primeira vista, mas, principalmente, por propiciar relação de direção mais baixa. É péssimo uma direção lenta (relação alta), que exige movimentar o volante mais que 90 graus numa simples curva de esquina. Não faço questão do tipo de assistência, o importante é que seja corretamente calibrada.
6) Pedais & punta-tacco. É irritante um carro de câmbio manual não se poder “enganar Deus” — no bom sentido, claro — usando o dois pés que Ele nos deu para operar os três pedais simultaneamente. Por isso aprecio e faço questão que a posição relativa pedal de freio-pedal de acelerador permita o punta-tacco que chamo de “telepático”, basta pensar que ele é realizado. Um dos primeiros carros que achei ruim nesse aspecto foi o Vectra 2, quando eu estava na revista Autoesporte.
7) Limpador uma-varrida. É imprescindível poder-se dar um toque na alavanca do limpador, preferencialmente para baixo, e se ter a deseja varrida única, sem precisar ligá-lo ou encostar na posição de lavador para se tê-la (Renault Fluence, por exemplo).
8) Espelho esquerdo convexo. Para mim é inaceitável o espelho esquerdo plano, de campo de visão reduzido, que lhe obriga a afastar as costas do banco para ter melhor visão. Felizmente a era do espelho plano está acabando no Brasil. Me lembro de um Kadett 1992 que tive e depois de alguns sustos por ponto cego, por recomendação de alguém fui à loja MD27, aqui em Moema, onde o proprietário e hoje amigo Márcio Valente adaptou (cortou) um espelho de S10 e o colocou no Kadett.
9) Luz traseira de neblina e repetidora de pisca. Nenhum carro poderia receber o Renavam (poder ser vendido) se não tivesse esses dois itens, ambos capazes de evitar acidentes sérios. Ambos são itens de baixo (baixíssimo) custo e não justifica as fabricantes daqui não os disporem nos carros. Há uma certa moda em colocar a respetidora na extremidade dos espelhos, mas sua visualização não é tão eficaz quanto se colocada no pára-lama dianteiro. Dois carros que me ocorrem terem-na nesse lugar são Porsche 911 e a Renault Duster Oroch. Mas há mais.
10) Faixa degradê no pára-brisa. Ter ou não ter, uma questão crucial. A diferença em termos de conforto em haver ou não a pequena faixa no topo do pára-brisa é notável. Acho um falha, uma desatenção ao consumidor imperdoável. O pior é que o custo da faixa é desprezível.
Por agora é só, há bem mais itens que aprecio, mas fica para uma segunda parte — ou terceira, ou quarta, ou quinta — quem sabe?
BS