O motorista agenda — com razoável antecedência — a revisão na concessionária. Mas chega lá e entra na fila…
Imagine que você esteja indo com seu automóvel — em cima da hora — para o aeroporto. Faltando alguns quilômetros, fura um pneu. Sol escaldante, você de terno e gravata para a reunião na outra cidade. Mas, nada de se preocupar: você chama um Uber e encosta o carro. Ao desembarcar no destino, liga para a concessionária que manda um mecânico até o automóvel. Quando ele chega, você destranca a porta remotamente (com o celular) para que ele troque o pneu e — também remotamente — aciona o motor para que ele leve o carro a um borracheiro. Leva-o depois de volta e o deixa no estacionamento do aeroporto, à sua espera.
Esta historia não é uma previsão para o futuro, mas bem real e o automóvel é um Tesla, produzido na Califórnia (EUA) pela fábrica de Elon Musk, de onde saem exclusivamente veículos elétricos com alta tecnologia. Ele constrói também uma fábrica de baterias, pois está certo de que o futuro do automóvel passa pela energia elétrica.
Musk investe como ninguém em tecnologia do pós-venda. Seus clientes não passam pelo suplício de, apesar de terem agendado a revisão periódica com razoável antecedência, ao chegar à concessionária ainda enfrentam fila e preenchem formulários. Ao voltar, mais uma dose de paciência para devolver o carro eventualmente emprestado (ou alugado), acertar a conta e esperar a entrega do seu automóvel. Que, pelo tempo demorado, você imagina estar num depósito do outro lado da cidade…
A Tesla leva uma vantagem em relação às outras marcas: como seus modelos são elétricos, as revisões são realizadas com menor frequência que os carros com motores a combustão. A fábrica sugere apenas uma revisão anual, mas o freguês não perde a garantia se não comparecer para executá-la. Muitos dos ajustes e reparos realizados necessariamente na oficina de outras marcas são efetuados virtualmente no Tesla: basta conectá-lo à internet e baixar um aplicativo que faz os reajustes necessários durante a noite.
Outras marcas premium estão modernizando também o pós-venda para atrair e manter a fidelidade dos clientes. Uma delas cola uma etiqueta no retrovisor interno que permite sua identificação por uma antena especial na concessionária quando o carro que aproxima da oficina. Avisa a recepção que o cliente está próximo, além de fornecer uma ficha com as características e histórico de manutenção. Quando chega, o motorista avista uma mensagem de boas-vindas numa tela que indica também qual recepcionista irá atendê-lo. Ao retornar com o carro emprestado para buscar o seu, o sistema avisa ao recepcionista, ao caixa para preparar a conta e ao manobrista para trazer rapidamente o automóvel.
A Lexus (divisão de luxo da Toyota), esta substituindo as mensagens na tela do painel que avisam ao motorista estar se aproximando a data da revisão por um sistema mais prático e sofisticado, por tablet ou celular. Marcas não tão sofisticadas, como Ford ou Fiat Chrysler, estão também se utilizando da eletrônica para identificar clientes e carros que chegam na oficina, reduzindo sensivelmente o tempo para receber e devolver os automóveis.
Não são apenas as concessionárias que estão evoluindo na tecnologia da prestação de serviços: redes de oficinas independentes cadastram clientes que podem solicitar serviços remotamente por tablets ou celulares. Depois de aprovado o orçamento, a oficina envia um mecânico até a garagem do cliente com as peças necessárias.
E mais: assim como o Uber, o sistema permite que o cliente avalie o mecânico. E vice-versa…
BF