Todos nós sabemos das dificuldades em fechar as contas no final do mês — bem, na verdade, isso acontece no meio do mês, no início… As seguradoras, cada vez mais criativas, na busca por não perder mercado criaram uma modalidade nova para tentar segurar a fatia de clientes que têm e, claro, aumentar esta base.
É fato que o Brasil sempre esteve atrás em termos de seguros. Somente um em cada três veículos transita com apólice no País, mas isto é em média. Se separarmos por idade da frota, entre os novos a proporção chega a 70%, mas cai vertiginosamente quanto mais antigo for o veículo — e chega a parcos 10% para carros com cinco anos de uso, segundo estima a FenSeg (Federação Nacional de Seguros Gerais). Mas como fazer quando a recessão bate à porta? Criatividade é a palavra. Ou, como diz um amigo meu, se todos estão chorando, vamos vender lenços.
As seguradoras lançaram então um “seguro popular” pelo qual carros com mais de cinco anos de fabricação serão consertados com peças usadas – exceto em itens de segurança como freios, cintos de segurança e suspensão. O objetivo, óbvio, é reduzir o preço dos consertos, que impacta no custo dos prêmios.
As seguradoras divulgaram que esta medida deverá reduzir em até 30% o valor do seguro a ser pago na forma, digamos, tradicional. Como o valor do seguro é calculado pela média, no caso de um carro novo ele pode custar de 5% a 6% do valor do veículo, no caso de um usado com cinco anos ela pode chegar a 12% ou 15%. Dados do Detran mostram que de 4 milhões de veículos que circulam no Rio de Janeiro, 3,1 milhões (77%) têm cinco ou mais anos de fabricação. E tudo indica que com a retração do mercado, o aumento do desemprego esses números só aumentem daqui por diante.
Pela proposta, as peças somente poderão ser obtidas pela desmontagem de veículos feita por empresas especializadas, regulamentadas pela Lei 12.977/2014. Haverá o registro da origem na própria peça e, por isso, os consumidores não precisarão se preocupar, dizem as seguradoras. Além disso, segundo a proposta, a seguradora deverá fornecer uma declaração com a relação das peças que foram utilizadas na recuperação do veículo.
Embora esta modalidade tenha sido criada inicialmente apenas para carros fabricados há cinco anos ou mais, no caso de caminhões não haverá limitação de ano de fabricação e graças a uma intervenção da Susep (Superintendência de Seguros Privados), desde que o contratante esteja ciente das limitações desta modalidade poderá também ser estendida a carros mais novos. Ainda, as seguradoras terão que oferecer as opções de pagamento à vista ou em até 11 vezes.
Do ponto de vista da legislação, o seguro deverá oferecer, no mínimo, uma das seguintes coberturas principais: cobertura de indenização integral por incêndio, queda de raio e/ou explosão; cobertura de indenização integral por roubo ou furto; e/ou cobertura de indenização integral por colisão.
Em caso de indenização integral, há uma diferença importante em relação ao seguro convencional. Enquanto neste caso ele pode ser de 100% do valor do bem na Tabela Fipe, na modalidade popular o percentual poderá ser de 60% a 90% da tabela. No entanto, haverá também a possibilidade de indenização por meio de uma quantia fixa, como já existe atualmente.
O seguro popular já pode ser comercializado, de acordo com as regras estabelecidas pela Resolução 336/16 do CNSP, publicada no Diário Oficial da União no dia 1 de abril. Mas ainda pode ser alterado, pois a Susep analisa não limitar a peças originais recondicionadas.
O Brasil é um país sui generis em termos de seguros. Há muitas modalidades de seguro mas proporcionalmente poucas pessoas têm. Quem sabe agora vai?
Mudando de assunto: : O estoque de desculpas utilizadas pela Prefeitura de São Paulo por falta de conhecimentos técnicos e bom senso parece estar baixo. Passei recentemente um par de vezes pela Av. Brigadeiro Luiz Antonio, onde as faixas rumo ao bairro foram aumentadas pois além da de ônibus agora tem outra para carros. Agora só sobem uma de ônibus e outra de veículos em geral em direção à Paulista. Para quem conhece, percurso íngreme e cruel para o país que popularizou carros de baixa cilindrada e motores pouco possantes. Além dos enormes congestionamentos que a mudança está provocando, pasma fiquei com o motivo alegado pelo alcaide para tanto: diminuir o número de atropelamentos. Acho que ele pegou desculpa pronta na gaveta errada, porque não há nenhum vínculo entre atropelamentos e mão de rua. Pelo que sei, o pedestre que olha para um lado da rua consegue olhar para outro também, não?
NG