Moto leve, ágil, prática, confortável, dócil, econômica. Seu principal mérito é ser uma autêntica topa-tudo, pois se dá muito bem na cidade, na terra, e até que não decepciona na estrada. Não é à toa que é um sucesso de vendas. Na estrada, sem forçar a máquina, com tranquilidade viaja em cruzeiro entre 90 e 100 km/h, isso sem levar garupa. Ciclística e freios para isso ela tem de sobra. Vai estável e com segurança. Viajar a mais que a essa velocidade o motor passa a vibrar de maneira um pouco incômoda. Usa injeção eletrônica de combustível PGM-FI, da própria Honda. Em baixa e média rotação ela gira suave e silenciosa. Em alta, vibra um pouco, mas essa é uma das características das monocilíndricas.
Rodei com ela no trânsito paulistano e para isso potência não lhe falta. Com facilidade parte rápido ao abrirem os faróis e deixa os carros para trás. Vai silenciosa e macia. As suspensões têm amplo curso. Passa com maciez e segurança pela buraqueira e irregularidades. O sistema traseiro Monoshock — monomola seria mais correto —, uma só mola helicoidal e amortecedor concêntricos, é leve e eficaz, aceita alta frequência, e assim acompanha bem as irregularidades do solo, mantendo aderência. Freia e desvia com presteza exemplar. É o tipo de moto ideal para a cidade.
Nós, o Renato Castanho — o parceiro do AE encarregado dos vídeos —, o primo Paulo e eu, a colocamos na caçamba de uma picape Renault Oroch e saímos de São Paulo para Paraty, no estado do Rio de Janeiro. De noite e com pressa para carregarmos todas as tralhas não tivemos paciência para descobrir como encaixar a rampa de embarque, daí que ela subiu no muque, o que foi moleza, já que ela pesa só 121 kg quando de tanque (12 litros) vazio. Bastariam dois de nós para fazer isso.
Chegando à Lagoinha, cidade que fica entre a Rodovia Presidente Dutra e a Serra do Mar, baixamos a Bros 160 e lá fui eu de moto para tomar um vento e aspirar os perfumes das matas, dos eucaliptais, dos pastos, dos bichos. Uma das grandes diferenças entre ir de moto e ir de carro é essa: de moto sentimos o cheiro de onde passamos, e o cheiro daquela região é revigorante. De Lagoinha a Cunha fomos por uma estradinha sinuosa, de asfalto novo, e quase deserta, onde mais cruzei com cavaleiros passeando que com carros. É a SP-153 Rodovia Nélson Ferreira Pinto, e sua altitude varia entre 900 e 950 metros.
A tarde já ia caindo e nas baixadas sombreadas passava por trechos onde o ar vinha fresco e úmido, enchendo-me os pulmões com oxigênio do bom e refrescante como ele só. Nos topos, o ar era mais quente e seco. A velocidade variava entre 50 e 80 km/h e as marchas mais usadas eram a 3ª, a 4ª e a 5ª, que é a última. A Bros galgava subidas íngremes com facilidade, não me deixando sedento por maior potência. Ela é boa para passear.
Usamos gasolina, e assim ela produz 14,5 cv a 8.500 rpm e 1,45 m·kgf a 5.500 rpm. Com álcool, 14,7 cv e 1,60 m·kgf, às mesmas rotações. É um motor moderno, com comando no cabeçote acionado por corrente.
Deixei meus amigos para trás. Eles pararam para ajeitar as câmeras de filmagem e tratei de seguir adiante sozinho, só a moto e eu. Eu não precisava e nem queria outra moto para aquilo. Foi um dos melhores passeios de moto que fiz. Não é preciso uma moto de potência monstruosa para ter grandes prazeres sobre duas rodas. Basta uma que tenha, principalmente, boa ciclística, que “goste” de curvas, que as faça com facilidade, com equilíbrio, que de deitada para um lado passemos a deitá-la para o outro num só movimento fluido e bem desenhado. E bons freios, claro. A Bros 160 nos oferece isso. Tem ciclística muito boa e freio a disco na dianteira e traseira.
Ela não tem conta-giros, o que faz falta. Fora isso o painel é ótimo, de boa e rápida visualização, sendo dia ou noite, e tem marcador de combustível (tanque de 12 litros) e hodômetros total e parcial. Tem bom farol. Os comandos, todos, estão bem posicionados e calibrados.
Na estrada de terra portou-se bem. Os pneus, mesmo não sendo os “biscoitudos” para terra, e sim mistos, proporcionaram boa tração, sendo que boa parte disso se deve à suspensão traseira, que acompanhou bem as irregularidades.
A conclusão é que é uma excelente moto, que só não é própria para viagens longas em autoestradas movimentadas, pois lhe falta reserva de potência para que se viaje com o devido conforto e segurança. Fora dessa condição, ela satisfaz plenamente.
Veja o vídeo:
AK
FICHA TÉCNICA HONDA NXR 160 BROS ESDD | |
MOTOR | |
Tipo | Monocilíndrico arrefecido a ar, duas válvulas, flex |
Cilindrada | 162,7 cm³ |
Aspiração | Atmosférica |
Potência máxima | 14,5 cv (G)/14,7cv (A) a 8.500 rpm |
Torque máximo | 1,46 m·kgf (G)/1,60 m·kgf (A) a 5.500 rpm |
N° de comandos de válvulas/localização/acionamento | Um, no cabeçote, corrente |
Formação de mistura | Injeção eletrônica Honda PGM-FI |
TRANSMISSÃO | |
Câmbio, nº de marchas | Cinco |
Transmissão secundária | Corrente |
CHASSI | |
Tipo | Berço semiduplo |
FREIOS | |
Dianteiros | A disco perfurado |
Traseiros | A disco perfurado |
PNEUS | |
Dianteiro | 90/90-19 |
Traseiro | 110/90-17 |
PESOS | |
A seco | 121 kg |
DIMENSÕES | |
Comprimento | 2.060 mm |
Largura | 810 mm |
Altura | 1.158 mm |
CAPACIDADES | |
Tanque de combustível | 12 litros |