O que é isto? O AE enlouqueceu? Fiquei senil? Como pode uma rodovia ser “educadora”? Educadora é relativo a instituições de ensino; nem pátria pode ser considerada educadora, e não preciso dizer da boca de quem sai essa besteira. Quanto mais ser uma afirmação falsa. Mas o caso é que a SP-039, Rodovia Engº Cândido do Rêgo Chaves é inegavelmente uma grande educadora.
Seus “alunos”, os motoristas, e, principalmente, autoridades de trânsito e políticos de maneira geral, é que não aproveitam seu ensinamento ou são maus alunos mesmo, relapsos, displicentes, faltam às aulas.
O ensinamento dessa rodovia é que a lombada, oficialmente ondulação transversal, não serve para nada. Ou melhor, serve para tornar o dirigir insuportável, para aumentar o consumo de combustível ao se ter que diminuir e acelerar de novo desperdiçado energia cinética, obrigar os fabricantes a aumentar a altura de rodagem, prejudicando a aerodinâmica e assim aumentar o consumo, desgastar freios desnecessariamente, prejudicar a fluidez, causar acidentes e até facilitar o trabalho dos assaltantes, o que tem ocorrido, com ocupantes dos veículos assassinados.
Mas o pior de tudo é que a lombada deseduca os motorista mais e mais. Não haver uma lombada na via passou a significar “pode acelerar à vontade”. Ela deleta a responsabilidade que todo motorista se supõe ter.
Dito de outra maneira, não exista absolutamente justificativa para haver lombada nas ruas e, pior, nas estradas.
A lombada é produto de mente, ou de mentes doentias. Não sou qualificado para expressar tal opinião, mas mesmo assim afirmo e desafio quem me prove o contrário. Foge ao mínimo de bom senso criar um obstáculo artificial ao deslocamento de um veículo para que reduza velocidade.
Terceira vez
É a terceira vez que toco nesse assunto dessa rodovia aqui no AE e acho que não será a última, pois o Brasil torna-se cada vez mais um país intransitável. Por que volto a falar nisso? Porque vivencio a questão toda vez que há um lançamento de veículo no Paradise Golf & Lake Resort, caso do evento do Etios 2017 semana passada, e que fica nessa rodovia do Estado de São Paulo no nº 4.500, bairro de Jundiapeba, município de Mogi das Cruzes.
Ao sair do hotel rumo sul, depois de poucos quilômetros chega-se ao bairro chamado Barroso, que é cortado pela SP-039. A rodovia é a Rua Principal, a Main Street do bairro que tem comércio, igreja, escola, moradias, como na maior parte dos bairros Brasil afora. A foto de abertura mostra isso bem.
Mas em Barroso não existe lombada. Veja o leitor, vêm-se por uma rodovia de limite 80 km/h e chega-se ao bairro. Sinalização perfeita indica duas reduções sucessivas de velocidade, placa de advertência de pedestres à frente e pintura de faixa dupla contínua amarela. Exatamente com no mais civilizado dos países. A sinalização começa por advertência por escrito de circulação de pedestres à frente, ao entrar pelo lado sul.
O motorista sabe o que espera. Não lhe fica dúvida e começa a ficar atento. Nada mais natural e correto, Mas ele/ela prossegue em sua marcha e logo adiante se depara com a seguinte situação:
Note que o/a motorista vê a placa de novo e mais baixo limite de velocidade, placa de advertência com o pictograma de um pedestre, e uma grande placa sobre a via com informações, inclusive a de haver fiscalização eletrônica de velocidade.
Prosseguindo, já em velocidade mais baixa, nova placa de limite, agora 40 km/h:
Agora entra-se em Barroso propriamente dito, já em velocidade reduzida, sem que haja qualquer obstáculo artificial para isso. Não existe nenhuma dificuldade em atender à sinalização.
Depois de “atravessar toda a cidade”, o visual e uma placa de advertência de curva sugere que se vai pegar de novo o trecho de estrada.
Pergunto ao leitor/leitora: você viu alguma dificuldade nesse processo que pode ser classificado de totalmente normal? Houve ameaça à vida sob qualquer forma? É evidente que não.
Então por que mais para próximo do hotel, na mesma rodovia, depara-se com uma lombada? Onde está a lógica? Que algum especialista em rodovias me explique, se puder.
Então por que essa proliferação desmedida de lombadas pelo país inteiro? Onde está a razoabilidade de infestar as estradas com esses dejetos viários, pior, totalmente fora de especificação em sua maioria? Seria para prefeitos e secretários de transportes receberem propina das empreiteiras que constroem lombadas? É possível, diante da propinolândia que o Brasil se tornou.
Uma coisa é liquida e certa: o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), por seu presidente Alberto Angerami, com esta omissão está cometendo crime de prevaricação ao nada fazer contra a excrescência que são as lombadas no Brasil. É assunto para o Ministério Público Federal agir com presteza e pôr um fim a esta farra.
Omissão tão perniciosa quanto não determinar fiscalização firme dos carros com sacos de lixo nos vidros da condução, que afrontam resolução do Contran que regulamenta a matéria. O brasileiro está dirigindo às cegas, especialmente à noite.
Voltando ao nosso assunto, o bairro de Barroso, em plena SP-039, é a maior prova de que não se precisa de lombadas. Como ninguém precisa contrair câncer. Afinal, os dois, lombadas e câncer, fazem o mal cada um à sua maneira.
BS