BMW, Audi e Mercedes, cuidado!
Mais forte, mais rígido, mais leve e menor, o Camaro SS 2017 chega aos 50 anos como o melhor Camaro de todos os tempos. Na sexta geração ele atinge o ápice da maturidade, refletida em uma combinação única de desempenho, refinamento e preço que pode desafiar marcas premium.
A crise de 2008 foi excelente para a GM e seus consumidores. Foi dolorida, enxugamento, encerramento de marcas como a Pontiac, queda nas vendas e muitos desafios. Mas um bom plano com foco na qualidade em em fazer produtos desejáveis a GM deu a volta por cima e agora está em boa forma novamente. No Brasil, a crise também fez bem para a empresa. Enxugou os custos, investiu em produtos e abandonou a base do mercado que vende apenas preço. Outros fabricantes não fizeram a lição de casa apostando nos frutos do passado e isso também contribuiu para a GM conquistar a liderança de mercado.
Essa nova GM também ficou mais ágil e capaz de renovar o Camaro, elevando seu patamar. Sua sexta geração herda apenas a gravata dourada e o emblema SS da geração anterior. Seus engenheiros resolveram juntar a plataforma Alpha (a mais recente plataforma da Cadillac) com o motor small block de 6,2 litros na mesma configuração LT1 do Corvette Stingray e a nova caixa Hydra-Matic de 8 marchas, também do Corvette. O designação LT1 já havia sido usada antes no Camaros Z28 de 1970-72 e 1993-97, e no SS de 1996-97.
Em números isso significa um carro com dimensões um pouco menores (-31 mm na altura, -40 mm no entre-eixos, -52 mm no comprimento e -26 mm na largura, comparando com a quinta geração), 43% da carroceria feita de materiais/aços de alta resistência (contra 19% do modelo anterior), 28% mais rígido, 83 kg mais leve, 14% a mais de potência e 11% a mais de torque. Ou seja, o carro melhorou em todas características.
A GM agora chama trem de força de sistema de propulsão (para englobar diferentes sistemas incluindo elétricos e híbridos), mas no Camaro não há nada disso. Raw power, ou potência bruta, do jeito que a gente gosta: V-8 aspirado e apesar de refinamentos, sem frescuras. Agora são 461 cv a 6.000 rpm e 62,9 m·kgf de torque a partir de 4.400 rpm. Bloco e cabeçotes de alumínio, injeção direta, comando no bloco (com variador de fase), duas válvulas por cilindro acionadas por varetas, jatos de óleo nos pistões, bomba de óleo variável e taxa de 11,5:1. Mais americano impossível.
A caixa automática (não há planos para versões manuais para o Brasil), agora com 8 marchas, é fabricada pela própria GM com designação 8L90 com última marcha mais longa apresenta redução de consumo de 5% em relação a anterior de 6 marchas. A primeira é mais curta e com mais marchas aproveita-se melhor toda a faixa de potência do motor. As trocas por borboletas são precisas e rápidas.
Com as dimensões ajustadas, menores, o Camaro agora tem mais desenvoltura. E apesar de mais baixo, aquela sensação desconfortável no interior do modelo anterior, devido aos vidros serem muito estreitos, se foi. A visibilidade melhorou muito. Isso é um reflexo do refinamento. Lembrando que o Camaro anterior foi aprovado depois que o seu conceito apresentado em 2006 foi aclamado em todo o mundo. A GM decidiu não mexer muito nas linhas gerais do conceito, o que acabou comprometendo visibilidade e conforto.
Com relação ao design, linhas mais retas e diretas agora ganham curvaturas e refinamentos. É um desenho evolutivo, mas com muito mais cuidado e esmero. As novas dimensões trouxeram mais equilíbrio nas linhas e o deixaram menos lúdico. Sinal de maturidade. Se me permitem uma opinião pessoal, agora o Camaro ficou a altura do Mustang, e talvez até mais bonito.
O interior é muitíssimo caprichado. O volante tem diâmetro menor, o painel de instrumentos tem uma miríade de informações e opções, porém muito bem distribuídas e visíveis. A qualidade dos materiais está em linha com os alemães, e a ergonomia também. A GM foi muito feliz em levar dois modelos da geração anterior para facilitar a nossa comparação na apresentação quarta-feira passada. Sei que a maioria aqui já gostava do interior do Camaro, mas quando saímos do novo para o antigo percebe-se a grande diferença e a evolução fica gritante.
A GM também foi muito feliz em apresentar o Camaro fora do seu Campo de Provas da Cruz Alta, em Indaiatuba (SP), escolhendo o autódromo Velo Città, em Mogi Guaçu (SP). Apesar das excelentes pistas de testes do CPCA, o ambiente do Velo Città é mais convidativo e inspira a esportividade. Na pista pudemos dar três voltas com um cupê e com um conversível, e depois mais três com um cupê antigo.
Aqui mais uma vez o ajuste nas dimensões e a redução de peso em 83 kg também proporcionaram refino. Com mais potência e torque o geração-seis ficou mais ágil e confiante para as tomadas de curvas. Há quatro modos de condução (Passeio, Esportivo, Neve, Pista), que variam sensibilidade do pedal do acelerador e do volante e mapeamento da transmissão. Porém não alteram o ESP. Com o ESP/controle de tração atuando, mesmo com toda potência despejada nas rodas nas saídas de curva, ele mantém a compostura e não há aquela sensação decepcionante de acelerador morto por corte da injeção comandado pelo controle de tração. Assim, as saídas de de curva continuam rápidas. Não consegui testar o quinto modo, “Surf”, com tudo desligado e com saídas de curvas com derrapagens.
O conversível, mesmo mais pesado, recebeu inúmeros reforços estruturais para manter a rigidez num nível alto, também se comporta muito bem na pista.
Eu tive a chance de dar uma volta rápida como passageiro de um piloto profissional, que explorou o carro no limite, atacando zebras e freando com vontade, e fiquei impressionado com a capacidade de frenagem com estabilidade, e a retomada. Na medição de 0-100-0 km/h o Camaro fez em 313 metros. E de acordo com a GM isso representa 100 metros a menos que o “rival”. Se for isso mesmo é um feito muito notável.
O escapamento emite um som metálico e encorpado, embora para um motor com aspiração atmosférica eu esperasse algo mais grosso. Como a cabine tem um isolamento brilhante, a GM teve que recorrer a ressonadores para intensificar o som do escapamento no interior. Mas nada de som falso pelo sistema de áudio. Lá nos EUA ainda há um sistema de escapamento opcional que intensifica ainda mais o som, com uso de válvulas by-pass. Seria certamente minha opção.
Agora em outubro a GM iniciou as vendas da série especial Fifty, para comemorar os 50 anos do modelo lançado em 1966 no dia 27 de setembro, já como ano-modelo 1967. O MAO já nos brindou com em excelente texto falando sobre as origens do Camaro e os 10 mais de todos os tempos. Duvido que alguém aqui ainda não tenha lido!
Das 7.500 unidades fabricadas do Fifty são apenas 100 para o Brasil, o que ajuda a aumentar o desejo. O Fifity é um SS com algumas mudanças estéticas e custa R$ 297.000. Quem acha que está caro pode pesquisar o preço de outros carros com mais de 450 cv. Até agora 43 unidades já foram vendidas. Tem um Brasil que não sente muito a crise… Um dado interessante é que o Camaro de quinta geração vendeu mais de 5.000 unidades no Brasil.
As diferenças do Fity são: pintura cinza Graphite, faixas decorativas no capô e na tampa traseira, grade versão “50th” com detalhes cromados, defletor dianteiro na cor do veículo, emblemas decorativos “Fifty” nas laterais do veículo, roda de alumínio aro 20″ com design especial e calota personalizada “50th”, pinças de freio laranja, acabamento em dois tons: preto e cinza escuro, bancos e detalhes com costura laranja e emblema “Fifty”, painel dianteiro com acabamento customizado e soleiras iluminadas com emblema comemorativo “50th”.
O SS e o SS conversível chegam no ano que vem e os preços não foram divulgados.
Perguntei sobre versões mais acessíveis para o Brasil, com motores V-6 ou L-4 turbo, e com caixa manual, com menos equipamentos, mas a resposta foi de que a ideia é posicionar o Camaro como carro premium, para mostrar o que a GM tem de melhor, e que versões básicas não contribuiriam para isso. Eu expliquei que existem muitos entusiastas que gostam de versões básicas, não só pelo preço, mas também pela essência do carro, inclusive com rodas de aço. Mas infelizmente esse discurso não é refletido em ação, ou seja compra e modelos completos e com caixa automática acabam sendo a preferência.
Em tempo, o nome de projeto do Camaro antes dele ser lançado em 1966 era Panther. Diz a lenda que esse nome foi escolhido por ser um animal que ataca cavalos. E a palavra camaro [ca·ma·rô] no dicionário Francês-Inglês é uma gíria que significa amigo ou parceiro, como um carro deve ser para seu dono. Em francês a palavra correta que expressa o significado desejado é camarade, que em português é camarada. Dessa forma o nome Camaro se juntou a outros iniciados com C naquela época, como Corvette, Corvair e Chevelle.
Com o lançamento do Camaro de sexta geração entendo que o mundo (dos autoentusiastas) não está perdido! Valeu GM. E espero que nunca cometam o erro de fazer um Camaro híbrido/elétrico e com sistema autônomo. Por favor aguente firme!
Após a ficha técnica há galerias de fotos de todas as gerações. Divirta-se com elas.
PK
FICHA TÉCNICA CHEVROLET CAMARO SS 2017 | |
MOTOR | |
Tipo | Ignição por centelha, 4 tempos, gasolina |
Instalação | Dianteiro, longitudinal |
Material do bloco/cabeçote | Alumínio/alumínio |
N° de cilindros/configuração | 8 / em V a 90º |
Diâmetro x curso | 103,2 x 92 mm |
Cilindrada | 6.162 cm³ |
Aspiração | Atmosférica |
Taxa de compressão | 11,5:1 |
Potência máxima | 461 cv a 6.000 rpm |
Torque máximo | 62,9 m·kgf a 4.400 rpm |
N° de válvulas por cilindro | 2 |
N° de comando de válvulas /localização | 1 / bloco, corrente |
Formação de mistura | Injeção direta |
ALIMENTAÇÃO | |
Combustível | Gasolina |
SISTEMA ELÉTRICO | |
Tensão | 12 V |
Bateria | 80 A·h |
Alternador | 170 A |
TRANSMISSÃO | |
Rodas motrizes | Traseiras |
Câmbio | Automático epicíclico |
N° de marchas | 8 à frente e uma à ré |
Relações das marchas | 1ª 4,55:1; 2ª 2,97:1; 3ª 2,08:1; 4ª 1,69:1; 5ª 1,27:1; 6ª 1:1; 7ª 0,85:1; 8ª 0,65:1; Ré 3,82:1 |
Relação de diferencial | 2,77:1 |
FREIOS | |
De serviço | Hidráulico, duplo-circuito dianteiro/traseiro, servoassistido, ABS com EBD e BAS (Brembo) |
Dianteiro | A disco ventilado Ø 345 mm |
Traseiro | A disco ventilado Ø 338 mm |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, braços triangulares superpostos, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora |
Traseira | Independente, multibraço, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira com eletroassistência variável |
Relação de direção | 15,8:1 |
Voltas entre batentes | 2,3 |
Diâmetro mínimo de curva | 11,7 m |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Alumínio 8,5Jx20 (D), 9,5Jx20 (T) |
Pneus | 245/40ZR20 (D), 275/35ZR20 (T) (run flat) |
PESOS | |
Em ordem de marcha | 1.709 kg |
Carga máxima | 333 kg |
CARROCERIA | |
Tipo | Monobloco em aço, cupê, 2 portas e 4 lugares; subchassi dianteiro e traseiro |
DIMENSÕES EXTERNAS | |
Comprimento | 4.784 mm |
Largura sem espelhos | 1.894 mm |
Altura | 1.340 mm |
Distância entre eixos | 2.812 mm |
AERODINÂMICA | |
Coeficiente de arrasto (Cx) | 0,384 |
Área frontal (A) | 2,30 m² (calculada) |
Área frontal corrigida (Cx x A) | 0,805 m² |
CAPACIDADES | |
Porta-malas | 208 litros |
Tanque de combustível | 72 litros |
DESEMPENHO | |
Velocidade máxima | 250 km/h (limitada) |
Aceleração 0-100 km/h | 4,2 s |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL | |
Cidade | n.d. |
Estrada | n.d. |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 8ª | 73,3 km/h |
Rotação do motor a 120 km/h em 8ª | 1.640 rpm |
Rotação do motor à vel. máxima (6ª) | 6.080 rpm |
Camaro Geração 6
Camaro Geração 5
Camaro Geração 4
Camaro Geração 3
Camaro Geração 2
Camaro Geração 1