Dá para explicar o porquê dos dois chutinhos nos pneus?
O comportamento do homem atrás do volante é imprevisível. E muitas vezes inexplicável. Dá para explicar por que a grande maioria dos motoristas inclina o pescoço para o mesmo lado da curva? Preste atenção no carro que vai à sua frente na estrada: pode reparar que, numa curva mais apertada para a direita, é para este lado que ele inclina a cabeça. Como um motociclista que inclina o corpo na curva.
Outra mania curiosa é de quem chega perto de um carro que desconhecia, numa exposição de antigos ou numa feira de novos ou seminovos, por exemplo. Ele dá uma circulada em volta, examina o interior pelo vidro (deixa nele suas digitais…) e quase sempre termina a jornada com dois pequenos pontapés num pneu. Ninguém faz a mínima ideia de alguma razão que pudesse motivá-lo para esse “controle”. Pois nem mesmo verificar a calibragem do pneu é possível com os dois chutinhos. E, se for um carro antigo, ainda dá duas batidinhas com a traseira do dedo indicador no para-lama e exclama: “Naqueles tempos é que se faziam carros de verdade. Nada a ver com essas latas de sardinha de hoje…”.
E, que interesse pode ter alguém que não seja colecionador, nem pretende se enveredar por este campo, em saber se é fácil ou difícil conseguir peças para um Packard ’33? Ou perguntar para o dono de uma Ferrari, que jamais contabilizou o consumo : “Bebe muito? Quantos quilômetros faz por litro?”.
Mania antiga que vem perdendo força é o inexplicável cuidado do dono do carro equipado de fábrica com um revestimento especial nos bancos, de tecido ou couro, em “protegê-lo” com um plástico de última categoria. Daqueles que grudam, não respiram e fazem o motorista suar. A explicação: manter o revestimento original em condições de zero-km para “facilitar” a venda do carro anos mais tarde. Pode?
Na Rússia, os ricos inventaram um brinquedinho novo. E caro. Compram ambulâncias antigas e reformam sua carroceria de cabo a rabo, mantendo todas suas características originais. Mas, trocam toda a mecânica por outra nova e potente. Motor com mais de 500 cv, câmbio automático de seis ou sete marchas, suspensão e freios à altura. E saem acelerando com a sirene ligada, simulando atendimento de emergência. Desrespeitam velocidade máxima, semáforos vermelhos e outras limitações do trânsito sem despertar nenhuma suspeita nem serem autuados por infração nenhuma…
Um mecânico super-habilidoso de Belo Horizonte foi o pioneiro, na década de 50, do carro “autônomo”. Ele desmontou todo o sistema de direção e pedaleira de um sedã quatro portas dos anos 30. Construiu uma complexa ligação mecânica que lhe permitiu instalar o volante atrás do banco do motorista. E aumentou o comprimento de todos os cabos e hastes conectados à embreagem, freio e acelerador, instalando a pedaleira original no assoalho defronte ao banco traseiro. Sua maior diversão, principalmente à noite, era sair dirigindo o carro pelas ruas mas sentado atrás, sem ser visto por ninguém. Hoje ele poderia ser confundido com um veículo “autônomo”, mas na época era mesmo o “carro-fantasma” que assustou muita gente. Até que um dia um vizinho do “Zé Maria” descobriu a farsa.
Há quem segure o volante apenas com a mão direita (ou esquerda) pois a outra está ocupada com a lata de refri ( ou cerveja…), celular ou sanduíche. Está errado, fora da lei e correndo risco. Mas, ainda pior e que não dá para entender é o motorista que se julga o “bom-geral”, acha desnecessário manter as duas mãos ao volante e dirige com o braço esquerdo pendurado fora da porta. Alguns acabam no pronto-socorro com o braço semidecepado…
BF