Coluna 0415 21.janeiro.2015 [email protected]
Alfa Romeo marcou esta data para renascimento, coincidindo com o centésimo quinto aniversário da fundação da marca. Nela apresentará novo sedã 4-portas com tração traseira, base para nova e prolífica família — sedãs compacto, médio, grande, SAVs — Sport Activity Vehicle — e um esportivo. Nome indefinido, tratado como Projeto 952, referido como Giulia, mítico artífice do crescimento da marca nos anos ’60. Vendas no quarto trimestre — veja o quadro.
Nos últimos dias vazaram — ou foram vazadas — informações sobre motores: três, dianteiros longitudinais. Mais popular, gasolina, 4 cilindros, 2-litros, 16 válvulas, com abertura variada, injeção direta, e a novidade do cabeçote MultiAir, mágica exclusiva da Fiat oferecendo mais potência com menor consumo e emissões, turbo.
Será o trator-chefe da empresa, tratado como Global Medium Engine, com potências variando, de acordo com a aplicação, entre 180 a 330 cv — 180 cv para tal configuração mecânica parece pouco.
Outro quatro-cilindros será diesel, possivelmente dentro do atual coquetel de custos e tecnologia, utilizando o mesmo bloco e componentes internos, cilindrada em 2,2 litros, gerando potência entre 130 e 220 cv. Alfa colabora com a VM Motori, fábrica de motores diesel controlada pela Fiat, para implementar o recente V-6 de 3 litros, capaz de rendimento mais esportivo. Os 275 cv originais já cresceram a 340 cv, — bela potência específica para um diesel —, mas tal cavalaria não tracionará o Projeto 952, apenas lançamentos futuros, o SAV e um sedã grande, ambos com tração total, programados para 2016 e 2017.
No total, entre 2015 e 2018 Alfa terá 8 modelos — e sairá da faixa dos subcompactos, onde hoje está com o MiTo.
Topo da gama, motor V-6 3-litros desenvolvido pela Ferrari para seus automóveis e Maserati, foi reformulado, com cilindrada reduzida a 2,9 litros, mantidos os dois turbocompressores, produzindo 480 cv — 520 para a versão GTA. Existirão, ainda, versões com maior potência e tração total.
O automóvel quer marcar o retorno da Alfa à competição de mercado, indo das 73 mil unidades vendidas em 2013 para 400 mil pretendidas em 2018, justificando a teimosia e o bate-pé em continuar com a marca, enfrentar propostas de aquisição pela Volkswagen, manter-se no mercado com dois hatches, o MiTo e Giulietta, fazer muitas notícias e vendas artesanais com o esportivo 4C, e aplicar US$ 5B no renascimento.
Como tamanho, o 952/Giulia será pouco superior ao BMW 3, Audi A3, Mercedes C. Talvez assemelhado ao novo Jaguar XE — 4,6m de comprimento.
Brasil
Dos poucos mercados onde não está presente, a Alfa retornará.
Na Argentina mantém-se e lá tem encomendas para sete unidades do 4C, o esportivo que alimenta iniciativas de mídia.
RODA-A-RODA
Ainda – No grande pega pela liderança mundial de produção de automóveis e comerciais leves, Toyota conseguiu manter a coroa vendendo — incluindo a marca Daihatsu e os caminhões Hino —. 10.23M. Leve vantagem, circa 1%, sobre a Volkswagen, em marcha batida e determinada em assumir a dianteira.
Sinal – Crescimento de 3% da Renault na Europa e Rússia é creditado aos carros de menor preço, o pequeno SAV Captur e os Dacia Sandero e Duster.
Sucesso do Captur foi fator fundamental para a Renault decidir-se por ampliar investimentos e incluí-lo no leque da próxima dupla de produtos nacionais.
Como – Sobre o projeto, e como a operação brasileira é monoplataforma, deve ser um exercício de tesoura de aço para recortar a base aplicada a Logan/Sandero/Duster e montar a carroceria Captur em cima.
Finor – Inglesa Aston Martin quer aumentar negócios na parte Sul da América Latina. Representante no Chile contará com dois distribuidores, um no Uruguai, outro na Argentina — no Brasil a operação é de Sérgio Habib, o sócio da chinesa JAC, e independe deste ajuste. Dada a pequenez — o mercado uruguaio é numericamente reduzido e na Argentina é uma mão de obra para o governo liberar dólares pagamentos externos — não terão estoque, mas vendas por catálogo ou, no máximo, vôo a Santiago, onde há pequeno número de modelos e versões.
Fica – Geely reformulou a administração e mantém projeto no Brasil, informa José Luiz Gandini, presidente. Desde novembro nomeou 16 concessionários e quer fechar o ano como 55 lojas. Em 2015 intenta vender 5 mil unidades de sedã; carro de entrada a R$ 29.900; e SUV a ser lançado.
Situação – Gandini, mais conhecido como importador da Kia, está vivamente preocupado com o descenso do negócio. De 99.000 unidades importadas há quatro anos, imagina retração do mercado da marca para 20.000 – 1/5 do volume – neste exercício. Queda igual só valor de ação da Petrobrás…
Piorou – Incremento de 30 pontos porcentuais sobre o IPI em marcas sem operação industrial no Brasil, e os recentes aumento no PIS/Pasep, do IOF aumentando as prestações no financiamento, e dólar caro garroteiam as vendas e apagam empregos na rede de distribuição.
Passou – Governo descartou ter os importados servindo como referência comparativa aos nacionais em preço e conteúdo. Aumentou as barreiras contra a importação, afastou o comparativo, fomentou a falta de competitividade. Conta alta para a sociedade, nossa protegida indústria não é competitiva.
Gás – No pacote de maldades seguindo os ensinamentos de Nicolló Machiavel — aplicar o mau de uma vez só pois a memória do povo é curta — com a volta da Cide e o aumento do PIS/Cofins sobre gasolina e diesel, pode fomentar a procura pelo álcool, sem aumento.
Festa – Nissan do Brasil comemora produção de 20 mil unidades do March e iniciou fabricar o Versa, sedã 4-portas de mesma plataforma.
Muda – Sem atingir as metas de vendas na Europa — 11 mil exemplares contra previsão de 20.000 —, Ford reformulará o EcoSport, um de seus carros mundiais. Principais mudanças, a supressão do estepe pendurado na porta traseira, rearranjo interno nos plásticos de acabamento e ajustes de suspensão. Mudanças internas deverão atingir o EcoSport feito na Bahia.
Mais – Terceiro ano de mercado, Hyundais HB20 ganharam uns toques, detalhes para marcar ano-modelo, como aplicação de rádio AM/FM com Bluetooth, central multimídia, tela tátil de 7“; GPS.
Convergência – FCA, a antiga Fiat, agora englobando a marca Jeep, sem data para iniciar vender os Jeep Renegade, feitos na nova fábrica em Goiana, PE. Isto só pode ocorrer pós-inauguração, ora dependente de disponibilidade de agenda da presidente da República, do governador de Pernambuco, e de Sergio Marchionne, grande chefe da FCA.
Pedra – Mercedes fixará a pedra fundamental de sua fábrica de automóveis em Iracemápolis, SP, dia 5 de fevereiro. Será mero ato formal/institucional, pois já faz obra em esforço de transformar antiga plantação de cana-de-açúcar em fábrica de automóveis, e na pequena cidade alugou e opera galpão para receber, revisar e distribuir os automóveis importados.
Utilidade – Terceira fábrica da Volkswagen, unidade em São José dos Pinhais, PR, comemora 16º. aniversário tendo produzido mais de 23 milhões de unidades, e se prepara à fabricação do Novo Golf. No processo, economia em iluminação, uso de água e energia, solda a laser, tintas à base d’água.
Ajuste – Mudou a data de realização da Fetranspor, a feira profissional de transporte. Seria 26 a 30 de outubro, será de 9 a 13 de novembro. Razão, não coincidir com o Salão de Tóquio. Não é motivação turística, mas exigência do calendário da Oica, a entidade mundial dos fabricantes de veículos.
Promoção – A fim de pneus? Bridgestone faz promoção “Feirão de Fábrica” para segmentos Ultra Alta Performance, Alta Performance e Camionete. É pela internet e garante preços até 20% menores, com entrega no revendedor da marca mais próximo. A fim? www.compreeganhebridgestone.com.br
Conselho – Em texto na Folha de S. Paulo, menino de 10 anos ensina a poupar, como o fez por três anos para comprar um Fusca 1976. Vale para todos: 1- sonhe com alguma coisa que você quer ter; 2 – comece a poupar – não importa o valor; 3 – só gaste o valor poupado antes de realizar o sonho se for muito necessário; 4 – não empreste o dinheiro a não ser para alguém de confiança; 5 – continue poupando sempre.
Super – Acima da atual situação, entesourado, enfastiado com Ferrari, Maserati, Porsche e outros, caros e comuns? Papai Noel te ouviu: a francesa Bugatti dispõe à venda de oito unidades de modelo Veyron roadster — conversível.
Plano – Não é estoque de fim de linha. Os automóveis sequer foram construídos — cada um leva uma semana —, mas apenas o atingir do total estabelecido no plano-produto. Mais de sete dígitos em dólares x impostos e taxas nacionais.
Um Mercedes olhando por cima
Um caminhão Mercedes-Benz todo-terreno, o modelo Zetros, candidatou-se a registro no livro de recordes Guinness. Atingiu 6.706 m de altitude, quase chegando ao vulcão Ojo del Salado, no deserto de Atacama, no Chile, superando marcas anteriores de Jeep Wrangler, logo ultrapassado por Suzuki Samurai, cravando 6.688 m.
É primeiro recorde com um veículo grande como um caminhão. Tentativas anteriores foram realizadas em bicicleta, motos e jipes.
A equipe alemã Extrem Events marcou conquista após 10 anos de trabalho, de viver duas semanas por ano no pico, de subi-lo em moto e jipe, de muita pesquisa para encontrar o melhor caminho, de montar equipe disposta, incluindo um chileno especializado neste pico, um andinista. Afinal, para a aventura-recorde ter um equipamento confiável é uma parte do sucesso, mas não basta engatar a primeira reduzida, olhar para o céu e ir subindo. Há que se preparar.
O caminhão Zetros é versão militarizada, produzido pela Mercedes-Benz alemã, é para serviços nas Forças Armadas, áreas de reflorestamento, construção pesada e mineração. Oferece cuidadoso entendimento harmônico em sua mecânica para as missões de extremo esforço, e passou por poucas modificações, como a adição de dois tanques para óleo diesel e água, e a substituição das rodas por modelo mais largo — simples no eixo traseiro —, e pneus Pirelli, radiais, com 8 lonas, especial para andar em pedras. Ao motor, 7,2 litros, turbo, produzindo 330 cv, não impuseram mudanças.
O êxito passou por combinar habilidade para vencer o terreno pedregoso e irregular, a queda de oxigênio reduzindo a potência do motor e a vitalidade da tripulação, também penalizada pelo frio — nos últimos lances os batedores externos, com alavancas para arrancar pedras no piso, blocos de gelo, e abrir espaços para o Zetros passar, tendo sempre em vista o índice máximo de inclinação lateral para enfrentar capotagem. Enfrentaram entre 20 e 30 graus negativos, situações que exigiram uma parada de aclimatação a 5.000 m de altitude.
No total a expedição durou 26 dias, entre chegar à parte baixa, abrir caminho para atingir o pico, equilibrar o desgaste energético e poupar o caminhão para ter o equipamento confiável.
Ao final os danos foram nos pneus, com seguido rompimento das lonas contra as pedras vulcânicas — alguns chegaram com apenas três lonas, cortando as demais. O Zetros, sem problemas, consumiu 1,1 litro de diesel por quilômetro. O trunfo mundial se incorpora ao slogan do modelo: “qualquer trabalho, qualquer terreno, a qualquer momento“.
RN