Fim de semana entrou para a história nos dois lados do Atlântico: em Londres, Nelsinho Piquet conquistou o primeiro título da F-E e em Pike’s Peak Rhys Millen garantiu a primeira vitória de um carro elétrico.
O fim de semana foi eletrizante para quem pilotou e para quem assistiu, e não e trata de trocadilho: trata-se apenas de usar uma expressão coloquial. O neozelandês Rhys Millen estava na metade do caminho da subida de montanha de Pike’s Peak quando um dos motores elétricos do seu eO PP03 deixou de funcionar. Mesmo assim ele conseguiu vencer a prova e abaixar o recorde da categoria em um segundo. Do outro lado do Atlântico e, praticamente ao nível do mar, o brasileiro Nelsinho Piquet chegou a pensar que tudo estava perdido, mas ao final da derradeira etapa da primeira temporada da F-E celebrou o título de campeão.
Matriz energética
O Brasil teve participação destacada na primeira temporada da FÓrmula-E, primeira empreitada da Federação Internacional do Automóvel com veículos de propulsão unicamente elétrica: o campeoNato começou com vitória de Lucas Di Grassi e chegou ao final com ele Nelsinho Piquet disputando o título. Bruno Senna se destacou na corrida final: sobrenomes que outrora identificavam rivais ferrenhos, no último fim de semana a atuação de Bruno foi crucial para garantir o título de Nelsinho.
Na segunda prova da rodada de encerramento, a única que teve duas corridas, Sébastien Buemi precisava superar Bruno Senna para somar os pontos que lhe dariam o título. Após uma temporada de resultados inexpressivos, o brasileiro andou como nunca e soube defender-se dos ataques do suíço. Na última volta os dois quase chegaram a se tocar e Buemi ensaiou uma reclamação contra Senna, reação que não passou disso.
Colaborou para esse resultado o fato do traçado montado no Battersea Park ter uma pista tão proporcional à fama da gastronomia inglesa: bastante estreita e com poucas opções, neste caso específico, de ultrapassagem. No que diz respeito ao momento em que Piquet Jr. garantiu o título, pode-se dizer que foi algo do tipo bem-passado: como o regulamento da categoria recompensa quem faz a melhor volta da prova e a disputa entre o brasileiro e o suíço era no ponto-a-ponto, foram usadas mais que uma ou duas pitadas de suspense e demorou para Piquet ter certeza que era o campeão.
O francês Stephan Sarrazin foi o primeiro a receber a bandeirada de chegada, o que em situações normais o colocaria como o vencedor em um esporte onde o objetivo é andar o mais rápido possível. Só que Sarrazin estourou seu cartão de crédito, ou melhor, sua cota de energia, acabou penalizado e caiu do primeiro para o décimo-quinto lugar. A destacar ainda mais o tempero idiossincrático da F-E, vale lembrar que Sébastien Buemi rodou quando saia dos boxes após trocar de carro…
Curiosidades à parte, a categoria tem futuro garantido: seu envelope comercial e técnico facilita o desenvolvimento de propostas que podem ser incorporadas aos carros elétricos que estão a caminho do mercado consumidor. Quanto ao fato do ruído dos motores lembrar carrinhos de autorama, bem, aí já são outros 500… volts.
Para a temporada 2015/2016 as novidades prometem mais disputas, conseqüência do interesse de outros grandes fabricantes na categoria. O próximo calendário deverá ter duas ou três etapas a mais que as dez que compuseram a primeira edição e será anunciado no dia 10 de junho. No mesmo dia poderão ser conhecidas as alterações que serão implementadas no modelo atual, o chassi Spark-Renault SRT_01E concebido por Frédéric Vasseur. A eletrônica embarcada e o trem de força elétrico (capaz de produzir 200 kW/272 cv) é fornecido pela McLaren, sendo que as baterias usadas na temporada recém finda foram fabricadas pela Williams. A caixa de câmbio é Hewland e tem cinco relações padronizadas.
Posições finais do campeonato – Pilotos: 1) Nelson Piquet (Nextev TCR), 144 pontos; 2) Sébastien Buemi (e.dams-Renault), 143; 3) Lucas di Grassi (Audi Sport Abt), 133; 4) Jérôme d’Ambrosio (Dragon Racing), 113; 5) Sam Bird (Virgin Racing), 103; 6) Nicolas Prost (e.dams-Renault), 88;7) Jean-Eric Vergne (Andretti), 70; 8) Antonio Felix da Costa (Amlin Aguri), 51; 9) Loïc Duval (Dragon Racing), 42; 10) Bruno Senna (Mahindra Racing), 40. Equipes – 1) e.dams-Renault, 232 pontos; 2) Dragon Racing, 171; 3) Audi Sport Abt, 165; 4) Nextev TCR, 152; 5) Virgin Racing, 133; 6) Andretti, 119; 7) Amlin Aguri, 66; 8) Mahindra Racing, 58; 9) Venturi, 53; 10) Trulli, 17.
Pike’s Peak
Piloto da Nova Zelândia, carro da Letônia, baterias do Japão e morro no Colorado. Esta salada foi o prato principal da edição 2015 da subida de montanha de Pike’s Peak. Aos 42 anos de idade, Rhys Millen ostenta um currículo que inclui categorias tão variadas quanto Drift e Rallycross, além do trabalho de dublê de cinema. Drive eO é a fabricante do carro usado por Millen, o primeiro modelo de competição a usar uma unidade motriz que supera os 1.000 kW (exatos 1.020 kW, ou 1.387 cv ) e 220 m·kgf de torque, números suficientes para levar o biposto de 1.200 kg a 260 km/h. Pike’s Peak, porém, não é a primeira experiência da Drive eO em competição: a marca já participou de Pike’s Peak com um Tessler e até mesmo do Paris Dakar com outro carro elétrico.
Os seis motores elétricos Yasa 400 do PP 03 são alimentados por baterias de íons de litio e conectam-se a uma caixa redutora e e diferenciais de deslizamento limitado. O conjunto está instalado em um chassi tubular recoberto por uma carroceria construída em compósito de fibra de carbono. O sistema de direção é eletroassistido. A suspensão tem amortecedores ajustáveis e os freios ventilados (Ø 378 mm na dianteira, Ø 330 mm na traseira) encaixam-se nas rodas com tala de 13 polegadas, por sua vez montadas com pneus 320/710 R18.
Se Londres é uma cidade famosa pelo clima, digamos…úmido, foi no ensolarado Colorado que a meteorologia deu o ar da graça: a corrida foi interrompida quando as condições atmosféricas diminuíram o índice mínimo de segurança.
Clicando aqui você vai notar que na largada e nas curvas fechadas (por exemplo aos 2:40 e 4:20) soa um alarme que sugere que ao esterçar demais as rodas ou pisar nos freios ocorre perda de eficiência do motor. No final do vídeo nota-se também que apesar de ter melhorado o recorde da categoria de carros elétricos, o resultado ficou bem abaixo do que Rhys Millen esperava:
“Poderia ter feito um tempo cerca de 30 segundos mais baixo…”
Assim, pelo menos para Myllen, a interrupção da prova deletou o que poderia ser uma frustração inenarrável, já que no meio da subida o motor ligado ao trem traseiro parou de funcionar e prejudicou seu desempenho. Mesmo assim ele conseguiu marcar 9:07,222, sendo que o japonês Nobuhiro “Monster” Tajima levou seu Rimac e-Runner ao segundo lugar com o tempo de 9:32,401. O recorde absoluto é de Sébastian Loeb, em 2013, com 8:13,878.
Indy x F-1
A ligação de Fernando Alonso com a Honda poderá ser estendida a fronteiras até então inesperadas: o fato do construtor japonês estar envolvido na categoria certamente pavimenta o caminho para que Alonso alinhe na edição de 2016, que marcará a centésima edição do principal evento do quadrilátero de Indiana. Cabe lembrar que o espanhol deveria ter participado da 24 Horas de Le Mans deste ano, mas uma alteração de calendário, posteriormente revogada, criou uma coincidência que impediu sua presença na Sarthe em um dos Porsches oficiais. Não é preciso caminhar 500 milhas ou por 24 horas para concluir que o bicampeão da F-1 (2005 e 2006) teria prazer especial em dar o troco nos poderosos comandantes dos Grandes Prêmios…
Corridas em Santa Cruz
No festival de corridas do fim de semana em Santa Cruz do Sul (RS), Marcos Gomes e Valdeno Brito foram os vencedores na categoria mais importante, a Stock Car. Os principais resultados foram estes: Stock Car – Corrida 1: 1) Marcos Gomes; 2) Allam Khodair; 3) Rubens Barrichello. Corrida 2: 1) Valdeno Brito; 2) Daniel Serra; 3) Cacá Bueno. Turismo – Corrida 1: 1) Márcio Campos; 2) Gabriel Rope; 3) Renato Jader David. Corrida 2: 1) Dennis Dirani; 2) Felipe Guimarães; 3) Edson Coelho. F-3 – Corrida 1: 1) Pedro Piquet; 2) Pedro Cardoso (Vencedor Categoria Light); 3) Carlos Cunha. Corrida 2: 1. Pedro Piquet; 2) Carlos Cunha; 3) Matheus Iorio. Vencedor na Classe Light: Guilherme Samaia. Mercedes Benz Challenge – Classe CLA: 1 – Pierre Ventura; 2) Roger Sandoval; 3) Fernando Júnior. Classe 250: 1) Sena Junior/Cleiton Campos; 2) Max Mohr; 3) Betinho Sartório.
WG
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