Bem, vou tentar fazer o possível para que vocês conheçam melhor um evento destes pela visão de convidado, e para tanto, há este singelo vídeo com os principais momentos.
Primeiro houve uma preleção, em foi explicado aos presentes as atividades do dia, e em seguida partimos para as brincadeiras — opa, os testes.
Aqui vale uma curiosidade. Podíamos escolher dois carros quaisquer para experimentar e testar. Cheguei no toldo de testes e os organizadores já foram chamando: “Quem quer o Golf GTI?”, e uma multidão levantou o braço… “Quem quer…” e outra multidão se prontificou. Até que fiquei sozinho. Sem entenderem, me perguntaram que carro eu queria dirigir e eu disse “up! TSI”. Ficaram me olhando como se eu fosse um E.T. …
Eu ainda não havia dirigido o up! TSI, de modo que teste valeu a pena, achei o carro excelente para a proposta e, principalmente, acelera de forma competente, como pude consatar na reta do Sambódromo.
Depois do up! TSI, outra escolha fora do normal. Peguei a perua Golf Variant. A escolha não foi só por um carro sem fila, mas também por ser um carro comparável ao meu (Kadett Ipanema), com 20 anos de diferença. Meu carro tem motor de 2 litros aspirado e apenas 1,065 kg de peso, e muito “mal educado”. Um leve toque no acelerador e se sente o tranco de aceleração do motor, que é a álcool. Já a Golf Variant é um carro sensivelmente mais pesado (1.357 kg), apesar de esse peso não se refletir nos controles. E para movimentar esse peso todo, um motor downsized: 1,4 litro turbo de injeção direta.
Ambos os VW revelaram a mesma preocupação com a calibração do motor e da transmissão. Se meu carro, com acelerador mecânico de acionamento direto oferece respostas mal educadas à menor pressão no pedal, o acelerador eletrônico desses carros dá a eles uma resposta mansa, mas nem por isso lenta. Contornar a curta pista sinuosa feita de cones é facilitado pelo comportamento dócil do motor, mas foi no fim dela, quando chegamos à reta de desfile, com aceleração plena, ida e volta, que o conjunto mostrou sua potência.
Do Golf Variant há pouca coisa a se falar. O carro é competente, mas num pé de igualdade com meu velhinho. O motor turbo de 1,4 litro é mais potente (140 cv), mas o peso extra cobra seu preço.
É justamente aqui que o up! TSI se destaca. O desempenho na reta do Sambódromo transmitiu uma sensação de desempenho semelhante ao do Golf Variant. Nada parecida um carro com motor de 1 litro, obviamente. Motor potente e sem tanto peso para arrastar. Impressiona também o perfeito casamento do pequeno turbo com o motor, passando a impressão de um motor aspirado bem maior — 1,7 a 1,8 litro, como o Bob já disse aqui — e com força desde baixas rotações, sem o lag característico dos turbos. Surpreende ainda mais por este não ser um turbo de geometria variável (VGT), adaptativo, demonstrando a perfeita calibração do conjunto.
Voltei a testar o up! TSI no teste de arrancada, uma brincadeira adaptada das pistas de desse tipo , onde dois carros iguais são postos a acelerar juntos. No meu teste tive uma boa oportunidade para uma base de comparação, pois a moça do outro carro teve medo e o instrutor da VW assumiu a direção. Ele serviu de referência para meu desempenho.
Meu instrutor me explicou para tentar controlar a largada, pois se as rodas patinassem o controle de tração tiraria muita potência, causando perda de tempo. Dito e feito: na largada deixei o controle de tração atuar e fui a reta toda meio carro atrás do meu oponente.
Já no teste do sistema de controle de cruzeiro adaptativo (ACC. a sigla em inglês), como vimos no vídeo, perguntei ao instrutor ao volante sobre o sistema ser oferecido como sistema de segurança ou de conforto. A pergunta foi de certa forma uma armadilha e esperava ver como ele se saía numa pergunta feito de improviso, que não estava no script dele, certamente.
Explico: nos Estados Unidos, quando os primeiros carros com sistemas ACC foram oferecidos, o acessório foi vendido originalmente como iem de conforto. Entretanto, lá é um país em guerra contra a distração dos motoristas que insistem em digitar e mandar mensagens de texto pelo celular enquanto dirigem. Se lá já é assim nos carros convencionais, um carro com ACC pode ser a desculpa ideal para justificar a distração. E enquanto não existirem carros autônomos no mercado, nada substitui a atenção do motorista. Um motorista atento reage mais rápido que um motorista distraído. é claro. Houve muita discussão, e lá o ACC é recomendado para ser vendido como dispositivo de segurança e não uma bengala que justifique atos de distração ao volante.
Se o leitor reparar no vídeo, vai perceber que tudo o que é dito é um texto decorado, quase um teatro, com o script redigido pelo marketing da empresa. Isso vale tanto para a preleção quanto para os instrutores. Ver como eles reagem a uma pergunta que quebra o texto decorado é uma forma de ver até onde eles conhecem do sistema de verdade. O resultado está no vídeo para o leitor avaliar.
Infelizmente, o tempo de contato com os carros num teste destes é muito curto. Há gente demais para carros de menos. Mas sendo bem atento e seletivo, dá para tirar algumas conclusões prévias. O teste é válido, muito além do mero paparico. Quando puderem, participem. Vale a pena.
Mas o melhor de tudo foi encontrar amigos entusiastas para uma boa conversa. Meu dia, ajudado pelo dia de inverno de céu totalmente limpo, estava completo.
AAD