Eu já tinha ouvido falar do Box 54 e ontem tive oportunidade de conhecer o lugar levado pelo assessor de imprensa deles, o experiente Sérgio Duarte, amigo de longa data e que também cuida das relações com a imprensa da fabricante chinesa recém-instalada no Brasil, a Chery, com fábrica em Jacareí (SP) — ele mesmo, que se esqueceu de nos chamar para a apresentação do Celer alguns meses atrás. Acontece… Mas em breve, garantiu, termos um para apresentação combinada com um “no uso”.
O Sérgio Duarte me convidou e o José Luiz Vieira, o querido JLV que dirigiu a fantástica revista Motor 3 e que partir de agora começa na revista TOP Carros — comigo, Fernando Calmon e Josias Silveira — para conhecer o local e lá fomos nós ontem. O mais notável é que o Box 54 fica num município que é muito caro ao Ae: Araçariguama, onde repousa o Vickers Viscount que tanto serve de pano de fundo para os nossos testes e que os leitores que participaram o I Passeio AUTOentusiastas tiveram a oportunidade de conhecer.
O Box 54 fica no quilômetro 54 da Rodovia Castello Branco, portanto ao lado da capital paulista, a 500 metros da estrada. Ao adentrar ao espaço gigantesco com galpões ladeando um enorme pátio têm-se uma visão de um Brasil com que tanto se sonha. Trata-se de um complexo de 30.000 m³, metade coberto, dedicado a carros antigos, idealizado por seu proprietário, o arquiteto Marcos Cardoso, um apaixonado por automóveis do passado (e autêntico autoentusiasta desde os 13 anos) que resolveu criar um espaço para eles da maneira que achava que devia ser, um box — mais que isso, um lar para eles.
Como se vê na foto de abertura, na verdade um fac-símile da página inicial do site do Box 54, o local é aberto para visitação de segunda a sábado de 10h00 a 16h00, custando o ingresso R$ 20. Mais do que vale a pena, o visitante que gosta de automóvel de qualquer época, tamanho e preço — como o Marcos e eu — terá momentos do mais puro enlevo.
Há basicamente três espaços para o visitante. O grande pátio onde podem ser vistos diversos carros antigos, como o Crown Victoria, e tantos outros. É como como se o Box 54 abrisse os braços em gesto de boas-vindas ao visitante.
O segundo espaço é o galpão à esquerda de quem entra. Ali se encontram a lanchonete com mesas, a loja de lembranças e a exposição de carros antigos, muitos deixados à venda por seus proprietários em regime de consignação. Cada um mais interessante que o outro e muitos sem restauração. Dá vontade sair comprando tudo! Desde um Ford Taunus furgão 1951 a um Karmann-Ghia conversível alemão 1971. Vale a pena, é para se passar pelo menos uma hora ali vendo e admirando esses carros.
No galpão oposto há uma exposição organizada por décadas, estes carros de propriedade do Box 54. Um verdadeiro deleite.
Em outro galpão, separado, numa parte mais elevada do terreno e a cerca de 500 metros do complexo principal, fica o conservatório do Box 54, um depósito de tudo que lhe pertence, aguardando restauração. Nesse ponto mais alto foi construído um heliponto que é homologado pela Anac, podendo receber helicópteros de grande porte e espaço de estacionamento para mais três.
Nesse conservatório estão verdadeiras raridades, como uma perua Škoda 1949, um Standard Vanguard 1948, uma rara picape International KB3 1951, para 3 toneladas, e centenas de outros carros. Até tratores, com os quais o leitor Daniel S. de Araújo certamente se deleitaria.
Da necessidade surgiu o Box 54
Mas o que gerou tudo isso que estamos vendo foi Marcos Cardoso ter chegado à conclusão que, para muitos, ter um carro antigo representava o problema de onde guardá-lo, conseqüência de cada vez mais se morar em prédios de apartamentos que nem sempre oferecem várias vagas e que normalmente são utilizadas pelos carros do dia a dia. Dessa maneira, criou o espaço para “hospedar” mais de 200 carros. incluindo prestar serviço mecânico para mantê-los em ordem, funcionando-os regularmente e cuidando da sua aparência. Esses “hóspedes” ficam numa seção separada no galpão do lado esquerdo e por questão de privacidade não é abertos à visitação.
Dar uma volta num antigo
Deixei o melhor para o fim. Sabe aquele carro que marcou um momento especial da sua vida, décadas atrás, ou que é simplesmente um sonho ou uma curiosidade? Pois no Box 54 pode-se dar uma volta num, dirigindo-o, cercado de toda a segurança pessoal e patrimonial. Os preços para isso variam, mas num carro de valor médio em um percurso médio (cerca de 50 km) esse prazer sai por R$ 300. Vale a pena com toda certeza!
Planos
A visão empresarial combinada com a paixão por automóveis de Marcos Cardoso e sua esposa Thais — ambos dirigem o Box 54 — parece não ter limites. Contou-me ele estar construindo mais um galpão destinado a espaço corporativo no qual fabricantes, por exemplo, poderão realizar lançamentos, com vasta malha rodoviária no entorno de Araçariguama para jornalistas e concessionários experimentarem os novos carros.
Para o Ae, a alegria do novo espaço estar no “nosso” território!
BS
Fotos: autor
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