O GP do México não foi tão disputado quanto o dos Estados Unidos, mas a festa que envolveu a corrida compensou tudo. Na pista, Nico Rosberg voltou a vencer e os finlandeses mais uma vez se estranharam, desta vez com prejuízo maior para Räikkönen. Um discreto Massa terminou em sexto e a falta de freio fez Nasr parar antes do final
Verdade que desde 1992 a F-1 não se apresentava no México, mas a presença de 335.850 espectadores nos três dias do evento — 135 mil delas no domingo — não deixa de impressionar. Diria que impressionou tanto quanto o reformado autódromo Hermanos Rodriguez: perdeu-se a Peraltada, a diabólica curva com superelevação que dava acesso à reta de chegada, mas ganhou-se um belo teatro com o público próximo à pista — chegava a lembrar Mônaco e Canadá — e bons pontos de ultrapassagem. Assunto que não deve ser cogitado perto de Kimi Räikkönen nos próximos dias…
Tal como aconteceu na Rússia, os dois patrícios da terra do Papai Noel andaram trocando tinta dos seus trenós. Aluno aplicado e com mais sede de mostrar serviço, Valtteri Bottas devolveu sem juros, mas com polpuda correção monetária a seu favor, o prejuízo de Sochi. Enquanto o homem de gelo derretia junto às barreiras de proteção as suas esperanças de pontuar, o moleque atrevido manteve seu carro intacto e subiu ao pódio. Como diriam alguns, comeu pelas beiradas e ainda que o prato estivesse frio, houve quem sentisse um cheiro de fritura em Maranello.
No Planeta Mercedes houve uma inversão de valores na casa e, talvez por causa da altitude local, o desempenho de Lewis Hamilton nas voltas finais do GP do México deixou no ar a dúvida se ele optou por se aquietar no segundo lugar — afinal, o título já está garantido — e com isso serenar os ânimos. A temporada atual ainda tem duas corridas (Brasil, dia 15, e Abu Dhabi, 29) e sem dúvida não se viu ainda o fim dessa tertúlia anglo-teutônica.
Quem deve ter sido visto pela última vez, no caso o México, é Vijay Mallya, pelo menos na condição de dono de equipe de F-1. Não é de hoje que o seu nome é relacionado a negociatas de gênero discutível — sua empresa aérea, a Kingfisher, tem inúmeros problemas com as autoridades indianas — e desta vez há indícios de que a Diageo, holding que explora marcas com a vodca Smirnoff e o uísque Johnny Walker, estaria considerando assumira equipe baseada em Silverstone como forma de recuperar uns tantos milhões de dólares. O curioso é que a vodca já aparece nos carros de Sérgio Pérez e Nico Hulkenberg e o uísque nos monopostos de Fernando Alonso e Jenson Button. A Rádio Paddock tem propagado que o acordo com a McLaren já está nos últimos e aguados goles e que a compra da equipe do indiano pela Diageo estaria vinculada com uma possível participação da Aston Martin, que assumiria a titularidade da equipe.
Mais, o já veterano, mas ainda eficientíssimo RP junto à imprensa britânica, Jenson Button, já estaria se alinhando para assumir um lugar na reformulada operação. O campeão mundial de 2009, aliás, está sempre com seu nome nas manchetes. Ora por causa de um assalto em sua casa na Riviera Francesa, ora por que vai abandonar a F-1 ou porque a McLaren não sente firmeza na permanência de Fernando Alonso.
Firmeza, certeza, tranqüilidade, este tipo de segurança, são itens em falta nos arredores da equipe Manor. O alto escalão do time está abandonando o navio em alto-mar ou, na melhor das hipóteses, quando a temporada chegar no porto de Abu Dhabi, situação que gera uma questão clara: a quem interessa que a pequena equipe acabe depois de tudo que foi feito para mantê-la ativa neste campeonato?
O capital da Manor/Marussia é o crédito que tem para receber pelo resultado do ano passado, o contrato de motor com a Ferrari e um punhado de engenheiros e técnicos com conhecimento do negócio F-1. O crédito do ano passado, quase certamente, já estaria comprometido para financiar a atual temporada, portanto, pode muito bem ser uma ilusão.
Já o contrato com a Mercedes seria de interesse de ninguém menos que as ainda sem-motor Red Bull ou a Toro Rosso, embora circulem rumores de que a primeira continuaria com motores Renault e a segunda voltaria a ter os Ferrari, como aconteceu no início de sua história. Quanto ao pessoal que põe a mão na massa, há possibilidade de ser contratado pela equipe Haas ou, quem sabe por quem herdar o contrato da Mercedes caso a equipe acabe.
Rumores, aliás, é o que mais alimenta o noticiário da Rádio Paddock, emissora virtual da categoria. Num segmento mais fiel à realidade da categoria, o mexicano Estebán Gutiérrez foi finalmente confirmado como um dos pilotos da equipe Haas para o ano que vem, notícia que garantiu o primeiro prêmio conquistado pela equipe americana: o de segredo mais mal guardado da temporada.
WG