Olho vivo ao comprar um carro usado, pois,ao lado das empresas honestas existem também as rainhas da maracutaia
Quem compra um carro usado (hoje,é mais chique chamá-lo de “seminovo”…) que se cuide caso não conheça bem o vendedor, loja ou particular. Seguem sete dicas (sete não é a conta de mentiroso?…) de golpes usualmente praticados nesta operação.
1 – Não se sabe exatamente o porquê de o freguês se preocupar muito mais com a quilometragem rodada do que com a qualidade da manutenção de um automóvel. Não deveria se preocupar QUANTO, mas COMO rodou um usado. Pouco importa quanto marca o hodômetro do carro: o famoso “Zé Marcha-ré” volta, em questão de segundos, os 115 mil km rodados para, digamos, 35 mil km. Confira os registros de revisões no manual, os selinhos de troca de óleo e outras sinalizações que podem revelar o histórico do carro.
2 – Não se esqueça de conferir os pneus do “usadinho joia”. Eles podiam estar carecas, mas a loja (ou o dono) mandou “frisá-los” no borracheiro. Uma operação irresponsável que aprofunda os sulcos com um ferro aquecido. Cuidado também com os remoldados: baratos, mas perigosos, pois os critérios de certificação estabelecidos pelo Inmetro são duvidosos.
3 – Confira no documento qual é exatamente a versão do carro. Já aconteceu de o modelo na versão mais simples, porém com quase todos os equipamentos de uma versão superior, ter a plaquinha “S” substituída por uma “SLX” na tampa do porta-malas e na lateral do para-lama dianteiro.
4 – Cuidado com o PT (Perda Total). Oficinas de funilaria (lanternagem) chegam ao cúmulo de fazer o milagre do “dois em um”: um carro levou um pancadão atrás. O outro, na frente. Ambos deram PT. Mas dá para “enxertar” a dianteira de um na traseira do outro, depois de serrá-los ao meio. Uma verdadeira obra de arte que exige talento do bandido que a executa. E conivência de quem o vende. O carro fica meio torto, empenado, um verdadeiro perigo ambulante. Mas muitos incautos se encantam pelo preço superatraente, compram a “bomba atômica” e ainda contam vantagem de ter pago metade da tabela…
5 – O freguês examina meticulosamente o carro. Mas se esquece de verificar junto aos órgãos de trânsito sua documentação. E tome oficial de justiça, dois meses depois, batendo na sua porta atrás do possante que garantia uma dívida judicial, processo de divórcio litigioso e outros tantos.
6 – Diz o Código do Consumidor que qualquer carro, novo ou usado, tem direito à garantia de três meses. Empresas costumam anunciar esta garantia apenas para motor e caixa, mas nenhuma artimanha supera a legislação: existe até uma interpretação jurídica de que a loja está, neste caso, oferecendo um prazo adicional para motor e caixa, que estariam então garantidos por seis meses. Esta cobertura da lei só vale para carros adquiridos de pessoas jurídicas (lojas ou concessionárias). O automóvel comprado de pessoa física não caracteriza uma relação de consumo.
7 – O carro está bonito na foto, lá no showroom. Mas, antes de chegar lá, foi reparado devido a um acidente grave que chegou a disparar os airbags. Que devem ser descartados, pois não existe reparo possível. Mas o dono anterior não autorizou a compra de novos (muito caros) e a oficina simplesmente fechou seu compartimento e apagou as luzes de alerta no painel que acusariam o problema. Se você desconfiar, passe o carro pelo computador que detecta — na hora — a maracutaia.
BF