Pesquisa revela que a falta de atenção ao volante provocada pelos dispositivos eletrônicos é a principal causa de acidentes no trânsito.
Não sei se o prezado também fica aflito quando, num filme, o motorista se vira para conversar com o passageiro ao lado. Eu sempre acho que a cena seguinte será seu carro estampando a traseira do outro que freou à frente…
Estas distrações foram analisadas numa pesquisa que se valeu de câmeras instaladas em milhares de automóveis. E, ao contrário do que muitos imaginam, o GPS ativado por áudio representa maior perigo que falar ao celular.
Depois de analisados os comportamentos dos motoristas a conclusão é de que acidentes por falta de atenção ao volante superam os provocados por seu nível etílico, problemas mecânicos ou nas rodovias.
Os riscos de acidentes não são ampliados apenas pelo sistema de navegação por voz e celulares, mas por qualquer outro dispositivo que distraia o motorista: quase 70% das batidas foram provocadas por falta de atenção ao volante. Como a pesquisa foi realizada nos EUA, depois do celular e do manuseio do rádio, outro importante fator de desatenção é o consumo de bebidas e comidas. E nem mesmo o dispositivo do tipo viva-voz que permite ao motorista operar celular e navegação por comando de voz, reduz o perigo, pois ele pode estar aparentemente atento ao trânsito mas com o pensamento deslocado para outros temas. Não é necessário desviar o olhar do trânsito para estar no “mundo da lua”…
Vi uma vez na Alemanha um outdoor numa estrada que mostrava apenas a foto de um motorista com um cigarro na boca, celular na mão direita e um refri na esquerda. Debaixo da foto, apenas uma pergunta: “Quem dirige?”.
Os pesquisadores americanos verificaram que os motoristas, além de fazer e receber ligações, costumam também ler e digitar mensagens, acessar a tela tátil do sistema de informação e entretenimento (infotenimento), do controle do ar-condicionado, acender cigarro e procurar objetos. Tentaram ratificar suas pesquisas investigando os relatórios preenchidos por policiais rodoviários onde se apontam as causas dos acidentes. Os resultados não batiam com suas próprias observações, pois dificilmente se registrava a distração do motorista como fator que provocou a batida.
Uma conclusão interessante da pesquisa é que a presença de crianças no carro reduz à metade o risco de acidentes. O motorista tende a dirigir com maior cuidado quando seus filhos o acompanham.
Os pesquisadores decidiram recentemente investigar também acidentes em outros países para verificar se o fenômeno da desatenção ao volante é um problema em todo o mundo.
Os resultados dessas pesquisas estão se transformando em temas para seminários dirigidos às autoridades de trânsito para se incentivar uma legislação voltada para restringir a utilização destes equipamentos. E também para a indústria dos dispositivos eletrônicos nos automóveis para que sejam desenvolvidos levando em consideração o nível de distração que podem provocar no motorista.
Aliás, a pesquisa revelou que o motorista passa, em média, mais da metade de seu tempo ao volante com a atenção desviada por algum dispositivo eletrônico. E classificaram o nível de risco de cada um, onde o mais perigoso é discar o celular (risco 12 vezes maior), seguido de ler ou digitar (10 vezes) e o de menor risco (1,5 vez) é ouvir uma mensagem ou rádio.
E a conversa do motorista do filme com o passageiro ao lado? Não provoca um alto nível de distração, podendo ser comparada com o do celular sendo usado com o viva-voz : risco em dobro.
BF