A marca japonesa fez apresentação estática do suve compacto que chega ao mercado em agosto e lidera transporte da tocha olímpica no Brasil.
Em se tratando de mercado brasileiro, o mar não está para peixe e talvez por isso a Nissan aposta suas fichas para ganhar foco fazendo suspense em torno do Kicks, próximo lançamento da marca. O suve compacto será fabricado no Brasil, que sediou a avant première mundial do novo produto, ontem (2/5), no Rio de Janeiro. Foi desenhado em parceria pelos departamentos de estilo da marca em San Diego (EUA) e no Rio.
A fábrica de Resende (RJ) recebeu investimentos de R$ 750 milhões para fabricar o Kicks, mas enquanto não inicia sua fabricação, planejado para o primeiro trimestre de 2017, o mercado verde-amarelo será atendido pelo modelo produzido no México. Ford EcoSport, Chevrolet Tracker, Jeep Renegade e o líder do segmento Honda HR-V são os adversários já anunciados, o que dá uma ideia da faixa de preços do modelo, que não foi anunciada. Tampouco o número de versões e características do trem de força, absolutamente nada, ainda que se acredite que motores 1,6 e 2 litros, e caixas manual de cinco marchas e automática CVT sejam as opções mais prováveis.
De acordo com José Luis Valls, argentino que já comandou a filial do México e hoje é presidente da Nissan Latin America, a ideia é vender “entre 2.500 e 3.000 unidades por mês a partir de agosto”, números que segundo ele contribuiriam para atingir a meta de passar dos atuais 2,6 % de participação de mercado para “3, ou 3,1 % no final do ano”. Valls afirmou ainda que o Kicks fabricado no Brasil vai atender o mercado interno e, pouco a pouco, o “mercado latino-americano que engloba todos os países ao sul do México”. Sobre a situação do cenário político econômico nacional o executivo tem uma explicação que, ao menos em palavras, difere do pregado por seus pares: “O que determina a condição do mercado não é a situação política, mas a confiança do consumidor.” Segundo ele, o mercado nacional vai vender em torno de 2 milhões de unidades este ano.
A grande marca do Kicks, cujo conceito foi mostrado no Salão do Automóvel de São Paulo de 2014, é seu estilo ousado e trabalhado, que registramais um passo para o fim do estilo insosso que marcou os carros da Nissan da geração passada. Além da pintura bicolor — o teto em cores berrantes remete ao estilo saia e blusa dos anos 1950/60 —, os blocos óticos dianteiros e traseiros são extremamente trabalhados e marcados por quinas. O interior dos dois modelos exibidos — dos quais não se podia abrir o capô do motor —, era bem acabado, com acabamento de qualidade e revestimento em couro, sugerindo tratar-se da versão topo de linha.
Curiosamente, a alavanca do câmbio automático trazia indicações P-R-N-D-L, o que sugere desde um câmbio automático epicíclico a um CVT. No modelo exposto não havia borboletas de troca de marcha junto ao volante.
Certamente essas informações endossam as palavras de François Dossa, o presidente da Nissan do Brasil, para quem o suve compacto deverá trazer novos consumidores para a marca. “O segmento onde o Kicks se encaixa cresce 50% em mercados como América do Norte, Europa e China e no Brasil nada menos de 200%. Temos um potencial pouco explorado e queremos conquistar o público jovem dessa fatia”.
Certamente a curiosidade em torno do Kicks vai aumentar nos próximos 95 dias: o modelo será promovido como carro oficial dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio de Janeiro e será o carro comando do Revezamento da Tocha Olímpica, ação que percorrerá 328 cidades brasileiras nos próximos 95 dias. Como se trata de um tema internacional, o esforço deverá ser sentido em boa parte dos 80 países nos quais o veículo será comercializado.
A “ficha técnica” divulgada ontem:
Nissan Kicks | Dimensões |
Comprimento | 4.295 mm |
Largura | 1.760 mm |
Altura | 1.590 mm |
Entre-eixos | 2.610 mm |
Preços, ficha técnica de verdade e versões, só em agosto
Se os executivos da Nissan não divulgaram detalhes básicos do Kicks, pelo menos balizaram os possíveis preços e versões para o modelo. Considerando que as possibilidades do novo suve serão combinações variando entre motor 1,6 com câmbio manual e 2,0 com câmbio CVT e a declaração oficial de que Chevrolet Tracker, Ford EcoSport, Honda HR-V e Jeep Renegade são os concorrentes visados, pode-se traçar o seguinte espectro de preços:
Versões de entrada
Preço médio dos concorrentes: R$ 71.070
Ford EcoSport SE 1,6, câmbio manual 5-marchas, R$ 68.490
Honda HR-V, 1,8, câmbio manual 6-marchas, R$ 68.900
Jeep Renegade 1,8, câmbio manual 5-marchas, R$ 69.900
Chevrolet Tracker LT 1,8, câmbio automático 6-marchas, R$ 76.990
Versões intermediárias
Preço médio dos concorrentes: R$ 85.663
Honda HR-V EX, 1,8, câmbio automático CVT, R$ 80.400
Ford EcoSport Freestyle Plus SE 1,6, câmbio robotizado 6-marchas, R$ 84.690
Jeep Renegade Limited 1,8, câmbio automático 6-marchas, R$ 91.900
Versões topo de gama
Preço médio dos concorrentes: R$ 94.735
Chevrolet Tracker LTZ 1,8 câmbio automático 6-marchas, R$ 82.590
Honda HR-V EXL, 1,8 câmbio automático CVT 7-marchas virtuais, R$ 88.700
Ford EcoSport Titanium 2,0, câmbio robotizado 6-marchas, R$ 90.390
Jeep Renegade Trailhawk 2,o diesel turbo, câmbio automático 9-marchas, R$ 116.900
WG