Lulla Gancia faleceu ontem (24/6), aos 92 anos. Era viúva de Piero Gancia, falecido em 1/11/2001, com quem era casada desde 1947. Ambos nascidos em Turim, na Itália, chegaram ao Brasil em 1953, depois de alguns anos residindo no Uruguai. Piero deu seguimento no Brasil os negócios da família de vinhos e vermutes, mas com suas ligações com Gianni Agnellli e outros industriais italianos acabou sendo importador Alfa Romeo, Ferrari e Lamborghini para o Brasil.
Piero começou a correr em 1962 e foi por estar nesse ambiente que Lulla resolveu entrar na pista, correndo com o Alfa Romeo Giulietta da foto de abertura no final de 1963, em Interlagos, chegando em terceiro. Mais tarde participou da Mil Quilômetros de Brasília de 1966, ainda no circuito de rua, dividindo o pequeno Fiat Abarth 1000, derivado do Fiat 600, com Felice Albertini, que era o motorista da família. Piero entendia ser fundamental para a segurança rodoviária da família que o motorista tivesse habilidade de piloto e lhe custeou um curso de pilotagem!
Nessa corrida Lulla e Felice chegaram em quinto lugar na classificação geral. A prova foi vencida por Piero e pelo santista Marivaldo Fernandes, num Alfa Romeo Giulia Ti Super. Nesse mesmo ano Piero sagrou-se Campeão Brasileiro, já defendendo as cores da equipe que formara, a Jolly-Gancia, que com os Alfa Romeo GTAm preparados pela Autodelta, o braço de competições da Alfa Romeo, obteve incontáveis vitórias nas pistas brasileiras.
Foi Lulla Gancia quem, por ordem do prefeito José Vicente Faria Lima, coordenou a primeira reforma de Interlagos iniciada em 1968 e que — literalmente — pavimentou o caminho para o Brasil ser incluído no calendário da Fórmula 1.
Tudo isso era Lulla Gancia, que anteontem se despediu de nós e deixa três filhos adultos: Carlo, Kika (Eleonora) e Bárbara, esta jornalista e hoje comandando o exitoso programa “Saia justa”, na TV GNT — os três certamente usufruindo da educação que mamãe Lulla e papai Piero lhes passaram.
Resquiat in pace, Lulla Gancia.
BS