Fase final da temporada 2016 tem grande movimentação em várias categorias e afeta pilotos e pessoal técnico. Felipe Nasr e Pipo Derani são peças importantes no cenário internacional. Parodiando famoso slogan de uma empresa de mudanças, no automobilismo o mundo gira e muita gente roda. Na Stock Car brasileira, a mudança de equipe de vários pilotos disparou negociações mais amplas que o normal e afeta chefes de equipe e engenheiros, num cenário que promete grandes novidades.
Force India tem Nasr na lista de candidatos
Na F-1 a notícia mais interessante para os brasileiros é o interesse da equipe Force India por Felipe Nasr (foto de abertura), possibilidade admitida pelo gerente da equipe, Robert “Bob” Fernley:
“Em nossa lista para preencher o lugar deixado vago por Nico Hulkenberg estão os dois pilotos da Renault (Kevin Magnussen e Jolyon Palmer) da Manor (Pascal Wehrlein e Esteban Ocón), além de Estebán Guiérrez (atualmente na Haas) e Felipe Nasr (Sauber)”.
O dirigente, porém, lembra que “a decisão, porém, não é prioridade, continuamos focados na temporada atual”. Nas entrelinhas deve-se interpretar que a vaga será preenchida mais em função do patrocínio que cada piloto trouxer. É sabido que a Force India funciona com um dos orçamentos mais baixos da categoria e enfrenta problemas em várias frentes. Uma dessas frentes é a atual situação do seu controlador, Vijay Mallya, que tem grandes débitos com o fisco e credores em seu país de origem, a Índia. Outra é a caça que algumas equipes estão fazendo com engenheiros e técnicos de segundo escalão, que não tem limitações para mudar de emprego. Uma dessas equipes é a Renault.
Já engenheiros de primeiro escalão, como James Allisson, ex-Ferrari, e James Key, atualmente na Toro Rosso, são cogitados como alvo, respectivamente, da Red Bull e da Williams. Allen, que refutou sondagens feitas pela Renault para voltar a trabalhar na equipe de Enstone, cumpre quarentena até abril, quando só então poderia assumir um posto de trabalho ao lado de Adrian Newey. O contrato de Key, porém, termina em dezembro de 2017 e se não houver acordo para renovação ele estaria livre para ser preparado como sucessor de Pat Symmonds, que já anunciou sua aposentadoria ao final desse ano. Resta saber de tal arranjo não afetará a presença de Rob Smedley, ex-ferrarista que chegou a Grove junto com Felipe Massa e faz parte do primeiro time da equipe liderado por Frank Williams.
A F-1 inicia sua excursão à América do Norte, com os GPs dos EUA (Austin, neste fim de semana) e México (semana que vem, na Cidade do México). É provável que novos acordos sejam anunciados nesse período. Entre as novidades anunciadas para a corrida no Texas está a estreia do Jordan King, que vai participar da primeira sessão de treinos livres, na sexta-feira. Ainda não está definido qual piloto King (piloto-reserva da equipe) substituirá — Pascal Wehrlein ou Esteban Ocón —, mas a experiência o coloca no quadro de possíveis pilotos da Manor para 2017.
Quem tem vaga garantida e está fora da lista de probalidade para a próxima temporada é Lance Stroll. Indiferente a qualquer política ou planejamento da Williams, Lawrence Stroll, pai do campeão europeu de F-3 deste ano, foi direto e reto em sua declaração ao Journal de Montréal:
“Lance estará na F-1 no ano que vem. Pode escrever que eu assino embaixo.” Quem pode financiar um programa de testes na F-1 para o filho, algo em torno de US$ 20 milhões segundo publicações europeias, sabe bem o que está falando. Stroll deve ser confirmado como piloto da equipe Williams no fim de semana do GP do México, logo após completar 18 anos de idade, dia 29. A Martini deve continuar como principal patrocinador da equipe.
Pipo abre os olhos da Toyota
Em outra frente de trabalho, Pipo Derani foi convidado a pilotar o Toyota TS050 Hybrid em teste a se realizar no Bahrein ao final desta temporada. O convite teve o aval de Pierre Filon, presidente do Automobile Club de l’Ouest, e voz forte na organização do Campeonato Mundial de Resistência, o WEC. A indicação reflete a boa temporada do jovem brasileiro e o convite se encaixa nos planos de Derani:
“Meu objetivo é correr na LMP1, então este será um passo inicial muito importante e espero conquistar esta meta”, declarou Derani. A LMP1 reúne os grandes fabricantes e as principais equipes da categoria, que terá outras mudanças em breve.
No último fim de semana Derani terminou em quinto lugar na categoria LMP2 na prova 6 Horas de Fuji, no Japão, categoria onde Bruno Senna ficou em segundo lugar. A vitória na classificação geral foi do carro que Pipo vai testar no Bahrein, nessa ocasião pilotado pelo trio Kamui Kobayashi, Stephane Sarrazin e Mike Conway. Outro brasileiro, Lucas Di Grassi, ficou em segundo, compartindo um Audi R18 Hybrid com Loïc Duval e Oliver Jarvis. Mark Webber, Timo Bernhard e Brendon Hartley (Porsche 919), ficaram em terceiro.
A categoria vive uma fase de transformação: especula-se que a Audi encerrará seu programa no Mundial de Resistência ao final de 2017 e deverá concentrar esforços num projeto focado na marca Bentley, inicialmente no mercado americano, onde as provas de resistências também ganham destaque. Um dos principais nomes no quadro técnico da casa de Ingolstadt, a engenheira inglesa Leena Gade, foi transferida para esse trabalho, que terá ramificação na categoria GT, onde a BMW estreará em 2018. Gade foi substituída pelo holandês Erik Schuivens, ex-engenheiro da equipe Sauber de F-1, onde trabalhou com Felipe Nasr.
Stock Car: Na pista só deu Fraga; nos boxes muita conversa
Felipe Fraga continua dominando a cena da Stock Car brasileira e venceu mais uma etapa. Domingo, em Curitiba, ganhou a primeira das duas corridas do programa e ao final da rodada ampliou a liderança do campeonato com 227 pontos, contra 183 do segundo colocado, Rubens Barrichello. A segunda prova foi vencida por Thiago Camilo, que garantiu o primeiro lugar ao ultrapassar Barrichello por fora na curva 4.
Se a atuação do piloto radicado em Palmas do Tocantins não foi nenhuma surpresa, o movimento nos boxes de Curitiba foi dos mais agitados no que diz respeito ao anúncio de mudanças e negociações entre pilotos, patrocinadores, engenheiros, chefes e donos de equipe. Pode-se afirmar que as mudanças são decorrentes do final da associação entre Andreas Mattheis e a Red Bull, que abandona a categoria na condição de patrocinadora de equipe.
Cacá Bueno e Daniel Serra, que defenderam a equipe desde 2009 e 2008, respectivamente, tomarão rumos diferentes no ano que vem: Bueno vai formar a equipe Cimed com Marcos Gomes, enquanto Felipe Fraga vai liderar a segunda operação comandada por William Lube, sendo que Denis Navarro é o nome mais provável para ser seu parceiro. Daniel Serra vai pilotar o terceiro carro de Rosinei Campos, que a exemplo dos usados por Max Wilson e Ricardo Maurício terá as cores da Eurofarma. Ainda não se sabe quem vai completar a equipe e quantos carros “Meinha” (como Campos é mais conhecido), vai inscrever em 2017, embora o nome de Lucas Foresti tenha sido cogitado. Fala-se até de uma possível associação com outras equipes, reflexo da crise econômica que afeta várias delas.
É na equipe de Rosinei Campos que acontecerá, o que é até agora a grande mudança técnica da categoria: André Bragantini e seu filho Andrezinho deixama equipe de “Meinha” mas seguramente continuarão na categoria: os dois já foram consultados por pelo menos cinco outras equipes.
“Ainda não decidimos nada e nem tomaremos nenhuma decisão sem refletir muito bem sobre o assunto”, declarou Bragantini Sênior, que lançou no automobilismo brasileiro a técnica de cronometrar voltas por trechos. Essa inovação permitiu analisar o desempenho dos carros em diferentes setores numa época quando nem se falava em telemetria. Atualmente os Bragantinis cuidam dos carros da equipe Ipiranga, onde correm Thiago Camilo e Galid Osman, conjunto que está de partida para a oficina de Andreas Mattheis, que também opera o esquema bancado pela Shell para os pilotos Átila Abreu e Ricardo Zonta, nenhum dos dois ainda não confirmados para o ano que vem.
Outro engenheiro que ouviu seu nome circulando como forte candidato a mudar de endereço é o argentino Gustavo Camara, que cuida do carro de Diego Nunes na equipe Bassani/União Química. Engenheiro aeronáutico de mão cheia, Camara tem deixado marcas positivas nas equipes por onde passa e apesar das possibilidades de integrar equipes com maior orçamento, não se ilude:
“É bom ser lembrado e receber convites, mas gostaria mesmo é de dar continuidade ao meu trabalho com o Diego Nunes e o Eduardo Bassani.”
Outro argentino, o piloto Nestor Bebu Girolami, já definiu que abandona a Stock Car ao final da temporada. Ele teria um convite para disputar o Campeonato Mundial de Turismo por uma equipe oficial e, não havendo coincidência de datas, seguir na disputa da Super TC2000, categoria argentina onde é um dos nomes mais proeminentes. Um nome bastante cotado para assumir seu lugar na equipe de Carlos Alves é o paraibano Valdeno Brito, que este ano tem demonstrado regularidade e competitividade acima da média: é terceiro na tabela de pontos, com 167 pontos.
A classificação do Campeonato Brasileiro de Stock Car ficou assim, após a rodada de Curitiba:
1) Felipe Fraga, 227 pontos; 2) Rubens Barrichello, 183; 3) Valdeno Brito, 167; 4) Max Wilson, 148; 5) Daniel Serra, 140; 6) Cacá Bueno, 138; 7) Marcos Gomes, 137; 8) Allam Khodair, 137; 9) Ricardo Mauricio, 135; 10) Vitor Genz, 130.
A próxima etapa será no dia 6 de novembro, em Goiânia (GO).
WG