Com menos de três anos do lançamento da sexta geração, a Ford anuncia mudanças estéticas e uma série de melhorias técnicas no seu esportivo mais vendido. Nada como a concorrência acirrada para acelerar o desenvolvimento.
Na parte dinâmica todos os modelos receberam novos amortecedores a ainda a opção com a suspensão adaptativa MagneRide já usada há muito tempo no Corvette e também em algumas versões do Camaro. Nesse tipo de suspensão a adaptatividade é conseguida com o ajuste de carga dos amortecedores por meio de um fluido eletromagnético que, de acordo com a situação, varia sua viscosidade.
Com o sucesso do motor EcoBoost 4-cilindros turbo de 2,3 litros que proporciona um desempenho melhor e menor consumo, e assim menor nível de emissões gasosas, do que o V-6 3,7-litros, a Ford resolveu aposentar este último. O 4-cilindros ainda recebe melhorias como o overboost, aumento da pressão de superalimentação, para mais potência durante acelerações.
Muita gente criticou a Ford por adotar o 4-cilindros no Mustang. Mas pouca gente se colocou atrás do volante para testá-lo como o Juvenal Jorge fez em junho do ano passado. O JJ terminou sua longa e detalhada avaliação com o seguinte parágrafo:
“Mas é um carro que apaixona, mesmo não sendo V-8 gruda o ocupante no encosto do banco ao se acelerar forte, sobe de giros saudavelmente, sem vibrações fora de lugar. Adere ao solo de forma como carros muito mais caros fazem, e entra em curvas com sossego, escorregando de leve com a dianteira se for provocado, e soltando de leve as rodas de trás se acelerarmos antes da hora. Tudo previsível, sem excessos. Bom de dirigir em qualquer circunstância, comandos bem projetados, sem esforços desnecessários ou muito leves, visibilidade boa, confortável, posição de dirigir que instiga a percorrer longas distâncias, visual agradável por dentro e por fora, que chama a mais uma olhadinha quando se desce do carro. O capô longo pede estrada, atrai o olhar, e nessa cor, queima a retina no sol, atraindo a atenção de todos.”
Com a eliminação do V-6 também sobrou mais tempo e dinheiro para a Ford reformular o V-8 que, segundo suas palavras, manteve apenas o virabrequim inalterado. O novo sistema de injeção direta ajudou no aumento de potência e na eficiência. No entanto, nenhuma especificação foi divulgada. O V-8 poderia ser substituído por um V-6 EcoBoost, mas na guerra dos muscle cars a Ford sabe que isso seria uma medida inadmissível.
E a grande novidade é a nova caixa automática de 10 marchas que foi desenvolvida em conjunto com a arquirrival GM. A Ford liderou o desenvolvimento dessa caixa já lançada no Camaro. As duas empresas também desenvolvem juntas, só que agora com a liderança da GM, um novo transeixo de nove marchas para seus modelos com motor transversal.
Essas caixas com tantas marchas tendem a ter as mais altas bem longas e praticamente sem uso, ou uso apenas em estradas. Algumas caixas de 8 e 9 marchas têm o spread, que aqui no AE chamamos de espectro, acima de 10. O espectro das relações de marchas, ou também amplitude, é a relação entre a primeira e a última marcha (a primeira dividida pela última). Um espectro alto já nos dá uma ideia de que as últimas serão bem longas indo ao limite máximo para redução de consumo.
Essa nova caixa tem o espectro de 7,34 (no caso do Camaro) e assim podemos imaginar 10 marchas bem juntinhas, sendo empilhadas com uma rapidez enorme e uma resposta vigorosa durante acelerações. Essa caixa está disponível tanto para o V-8 quanto para o L-4. Nas duas versões há disponibilidade de caixa manual de seis marchas.
Em geral, o desenho exterior do carro é agora mais atlético, com o capô e remodelado e grade mais limpa, aerodinâmica e refinada. As luzes dianteiras agora são em LED, incluindo luzes de assinatura, farol baixo, luzes de mudança de direção e faróis de neblina.
Os estudos de design para o modelo 2018:
Na traseira as lanternas também são de LED, com novos para-choque, painel traseiro e defletor. Escapamento duplo com uma saída de cada lado para o EcoBoost e com saídas duplas para o GT V-8. Para o V-8 ainda há a opção de escapamento com válvulas que alteram o som.
Há doze modelos de rodas disponíveis e novas opções de cores como o laranja Fúria, escolhido para o lançamento do modelo 2018, como nas fotos.
No interior a intenção foi aumentar a sofisticação e o ar premium. O destaque é para o novo painel de instrumentos, agora totalmente digital e configurável e de 12 polegadas. Esse tipo de painel é uma tendência que se propagará muito rapidamente e que a Ford já está adotando logo no início.
A Ford promete o lançamento do Mustang no Brasil desde o salão de 2010. Sabemos que por aqui mesmo o EcoBoost seria um carro para poucos, mas com certeza ajudaria muito na imagem da Ford. Como esse modelo 2018 chega ao mercado nos Estados Unidos mais no final do ano, talvez a Ford possa cumprir sua promessa apenas no próximo salão.
Quem quiser relembrar a avaliação do JJ, aqui está o link: Mustang EcoBoost, no uso.
PK
Galeria Mustang GT V-8