Se há uma temporada para apresentação de novos produtos, Renault abriu-a e o fez bem com o Captur (foto acima). É mais um SAV para frequentar a fatia de maior demanda, atenção e perspectiva de crescimento no mercado, e bem coloca suas credenciais: maiores medidas em tamanho, entre eixos, porta-malas, espaço para motorista e passageiros, distância livre do solo. Na prática significa dizer uso confortável, posição elevada de condução, sensação de proteção, fechando o pacote das demandas e desejos dos consumidores. Desconsidere o termo usado no masculino pois na realidade o mercado segue os ditames — ou dependendo do relacionamento, as ordens… — do gosto feminino. Hoje mulheres compram diretamente 50% e influenciam muito na metade restante.
Em paralelo impacta pelo estilo, a volta do design francês e, noção mais sutil, encanta pelo detalhamento construtivo, a partir da qualidade da pintura, do atrativo visual de dois tons – a velha moda do saia-e-blusa inicia novo ciclo, banindo o inexplicável preto e o insosso prata.
A descrição exibe ser um divisor de águas, um retorno ao francesismo, pois os demais produtos da marca no Brasil são de origem Dacia, sua segunda marca.
Daqui
O Captur brasileiro difere do europeu, pois aproveita a resistente plataforma de Logan, Sandero, Duster e Oroch, de boa fama, sem intimidades com oficina ou manutenção cara. Do original usa poucas partes e todo o trabalho de adequacão da carroceria à base de maiores dimensões foi feita no Brasil. O desenvolvimento mecânico para obter conforto de rodagem e direção mais precisa também foi realizado pela engenharia nacional, incluindo o cálculo para novos braços de suspensão para elevar a altura do solo sem prejudicar o conforto. Boa execução, é utilizado na Rússia, onde vendido como Kaptur e 80% de preferências para a versão 4×4, possível por técnica mas pouco provável por demanda no mercado latino-americano, sua base de atuação. Projeto também será aplicado na Índia.
O projeto dá status institucional à engenharia brasileira e valorização no mundo Renault.
Dois motores, 1,6 SCe, 16 válvulas, 118/120 cv, atualizado, feito no Paraná e 2,0 litros, 143/148 cv, importado. Inicialmente dois câmbios: manual 5-marchas para 1,6, e automático, de 4 marchas, ao 2,0. Próximo trimestre, opção de câmbio CVT, operando como automática no 1,6.
Internamente perceptível cuidado construtivo, ótima ergonomia em especial para o condutor, plásticos harmônicos em superfícies e encaixes, bancos planejados, opção entre tecido e aplicações em couro. Preocupação com interfaceamento por sistema multimídia aprimorado, capaz de cumprir funções com apenas quatro toques, dispensando a ajuda de nerds, indispensáveis em algumas marcas.
Muito bem definido em preços, entre o Duster, a quem não deseja canibalizar, e os outros novos concorrentes, New Tucson, Hyundai Creta, líder Honda HR-V, futuro WR-V… O Duster foi o quarto colocado em vendas no ano passado. A Renault não vê concorrência doméstica entre versão de entrada, com motor 1,6 e câmbio manual, a R$ 67 mil, mas projeta contração de vendas no modelo superior, o Duster automático, a R$ 84 mil, tentando focá-lo para vendas a frotistas e clientes hábeis aos descontos legais por deficiência física — enorme mercado, pouco explorado por falta de informação.
Duas versões: Zen, 1,6 câmbio manual, R$ 78,900, + R$ 1.990 para multimídia e câmera de ré. Outro opcional, pintura biton, outros R$ 1400. E Intense, de topo, 2,0 câmbio automático, R$ 88.890, + R$ 1500 para estofamento com aplicações de couro e + R$ 1.400.
Campanha publicitária se inicia antes do lançamento, aos 11 de março. Até lá, testes de dirigir nos revendedores e pré-encomendas. Para vendas iniciais, garantia de cinco anos no produto, maior no segmento.
O Captur ultrapassa a imagem de apenas mais uma novidade. É demonstração de competência da engenharia automobilística nacional e representa o início de novo patamar em estilo, interatividade, segurança. Com ele a Renault volta a ser Renault.
Roda-a-Roda
Política – Aliança Renault e Nissan não mudará sua estrutura de capital se o governo francês não se retirar da sociedade, onde tem 20% das ações. Estado tem voto nas decisões estratégicas. Disputa antiga e anúncio parece balão de ensaio às vésperas da eleição presidencial.
Dieselgate – Nos acertos finais de indenização aos clientes compradores de VW e Audi com motor diesel 3,0, e emissões de NOx acima do limite legal, uma parcela surpresa: Bosch aderiu à conta com US$ 327,5M.
Porquê – A companhia desenvolveu o componente capaz de enganar a avaliação oficial de emissões. Não assume a responsabilidade — apenas colabora.
Balaio de gatos – Questão externa quase resolvida, com pagamento de multas, indenizações, recompra de centenas de milhares de automóveis nos EUA, há grande complicação interna.
Em casa – Ferdinand Piëch, ex-presidente do Conselho — e dito maior acionista individual —, declarou à auditoria para investigações internas ter avisado a membros do conselho diretor, o ex-executivo-chefe Martin Winterkorn, a Wolfgang Porsche, seu primo e acionista, e ao governo da Baixa Saxônia, também acionista, a respeito dos problemas meses antes do escândalo. O aviso não foi considerado. O Conselho analisa processar Piëch.
Surpresa – Industriais de veículos, autopeças e representantes laborais foram surpreendidos em reunião ministerial na Argentina. Pensavam ser busca de sugestões para implementar vendas, mas era o esboço do Plano Um Milhão, produção pretendida para 2023 – em 2016 Argentina fez metade.
Projeto – Busca atrair US$ 5B de investimentos para novos produtos; aumentar o índice de nacionalização a 35%; botar ordem na relação com os trabalhadores para reduzir o elevado absenteísmo — faltas chegam a 10% nas quartas-feiras. A estes oferecerá desenvolvimento e capacitação — e cobrará profissionalismo.
Trabalho – Muita costura para nivelar entendimentos com tantos setores. Aparentemente não crê em rápida recuperação da produção veicular brasileira.
Mais um – Em sua política de fazer movimento, inventar séries especiais, descontos, vendas diretas, mágicas aritméticas e matemáticas para facilitar aquisição de seus produtos, GM prepara versão do Onix.
GT – Não será aventureira do asfalto, mais alta e com pretensões de mostrar ausentes capacidades de valentia, mas variável no sentido de ter promessas visuais de esportividade. Segundo trimestre.
Kwid – Cruza de hatch com SAV, o Renault Kwid prometido para o final do semestre, apareceu rodando em Córdoba, onde está a fábrica da empresa na Argentina. Sítio Autoblog registrou.
Leve-ligeiro – É para ser degrau de entrada da marca, como o foi o Clio, e de preço assemelhado. Carro leve, surpreendentes 800 kg e motor SCe 1,0 3-cilindros produzindo 80 cv. Diretor da Renault disse-me, dada a relação entre o baixo peso e a potência, é surpreendentemente ágil e econômico.
Segurança – Questão sobre o carro está sobre os reforços aplicados à estrutura para a versão sul-americana a ser construída no Paraná. Testado, o modelo indiano foi reprovado em teste de impacto.
Negócio – Fábrica da Nissan iniciou exportar à Argentina, segundo maior mercado da América Latina. Enviou mais de duas mil unidades dos modelos March e Versa. Antes, quantidades menores aos vizinhos Uruguai, Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia, Chile e Costa Rica.
– é + – Novelis, líder mundial em laminados e reciclagem de alumínio, fornece 75% da carroceria ao novo chinês Chery Jaguar Land Rover — maior percentual, diz, aplicado num veículo. Liga Novelis Advanz torna-o 28% mais resistente a torções ante versão anterior. Alumínio em lugar da chapa de aço melhora consumo e rendimento.
Refazimento – Ducati de motos reestrutura e amplia rede de revendedores. Quer dobrar a 12 em 2017, iniciando com segunda revenda em São Paulo, inauguração no Rio de Janeiro, Ribeirão Preto, SP, Florianópolis, SC, Porto Alegre, RS e pontos no Nordeste
Troca – BMW substituiu o modelo F 700 GS pelo 800, de vendas iniciadas. Mudanças cosméticas, escapamento em aço inox; tampas laterais, refletores no garfo frontal, novo grafismo nos instrumentos.
Importante – Modos de condução Rain & Road, ajuda comportamento com ABS e controle automático de estabilidade, acelerador sem cabo adota sinal de rádio. É uma big trail, hábil a andar no asfalto e fora dele. Preço de automóvel: R$ 50.900. Remanescentes F 700 à venda por valores promocionais.
Bike – Na corrida por veículos autônomos, Google vai na frente com bicicleta capaz de se equilibrar e andar, entender e respeitar movimento e sinalização de trânsito, transportar pessoas sem habilidade a pedalá-las. Revolução para deslocamento em cidades. Lançamento em 1º de abril.
Mercado – Para abordar mercado dos EUA, grupo Interbrilho de produtos de estética automobilística criou marca específica: Roadshine – xampu, ceras, limpa-vidros e linha para lavagem a seco. Já exporta para Ásia e América Latina.
Mudança – Gustavo Schmidt, vice-presidente Comercial da Renault, voltou à Volkswagen para cargo idêntico. Fez ótimo e reconhecido trabalho para os franceses, integrando o time para crescer mais de 50% em seis anos em tempos de recessão e redivisão do mercado.
Tira Teima – Time de corridas da alemã BMW agregou brasileiro Augusto Farfus, para dividir condução do M6 GT3 numa das mais emblemáticas provas de resistência, as 24 Horas de Nürburgring. Vencer no Inferno Verde — longo circuito fica em floresta preservada – agrega valor. Faltam 100 dias para a prova.
Gente – Gilberto Vardânega, da Volvo Bus, foco. OOOO Deixa operação de vendas de ônibus rodoviários América Latina pelo mercado nacional. OOOO Wolfgang Berhard, executivo-chefe de veículos comerciais Mercedes, saiu. OOOO Alegadas razões pessoais. Mercado não entendeu pois o via como sucessor de Dieter Zetsche, turco, presidente do Conselho, aposentado e cumprindo contrato de levar Mercedes à liderança em automóveis Premium. OOOO Zetsche acumulará a função. OOOO Presidente da Mercedes no Brasil Philipp Schiemer, um dos cotados à substituição. OOOO Joseph Kaban, designer, ex-Volkswagen, mudança. OOOO BMW para conduzir o desenho da linha principal da marca. OOOO Liberdade para aplicar seus conceitos nas próximas gerações. OOOO Súbita e inexplicada saída de Karim Habib, libanês, da chefia do design da marca promoveu mudança geral no setor. OOOO Jorge Portugal, argentino, vice-presidente de Marketing e Vendas VW do Brasil, saiu. OOOO Razões pessoais. OOOO Bruno Hohmann, diretor de Marketing da Renault Brasil, promoção. OOOO Executivo-chefe da Renault Holanda. OOOO Carreira sólida. OOOO Eduardo Regal, 60, jornalista, deixou-nos. OOOO
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