Tanto Fuscas como Kombis se fizeram presentes em várias Copas do Mundo de Futebol, em especial na de 2014 disputada no Brasil. Cada um deles, em si, já daria uma história de amor ao futebol, de aventura com longas viagens até para o exterior. No caso da Copa do Mundo da Rússia de 2018 temos uma história que está sendo desenrolada neste exato momento! Vamos ao relatos:
Um Fusca que rodou até o México para a Copa de 1970
Dois jovens brasileiros de São Paulo, Rafael Sawaya e Ivan Charoux, decidiram, sem mapas, viajar por 21 dias do Brasil até Guadalajara para ver a Copa do México, em 1970, a bordo de um Fusca 1962, que na época estava em ótimo estado segundo o Rafael.
Antes da grande empreitada eles tinham ido até o Paraguai para acompanhar uma eliminatória. A viagem de duas semanas deu origem à grande aventura. A loja de carros que eles tinham, foi fechada, pois o imóvel tinha sido desapropriado, isto ocorreu antes da viagem ao Paraguai. Solteiros, levando algum dinheiro e com o Fusca, nada impedia a viagem, que ocorreu e foi bem-sucedida. Depois da Copa, na qual o Brasil foi campeão, a viagem acabou sendo “esticada” até Fairbanks no Alasca, um total de 66.000 quilômetros.
Em 2014, 24 anos depois, os dois, já septuagenários, repetiram a viagem para a gravação do documentário “Os Filhos da Pista”, que foi o nome da aventura original. Com isso, não estiveram no Brasil durante a Copa de 2014. Eles levaram basicamente o que levaram em 1970, acrescido de um bom sortimento de medicamentos necessários devido à idade atual dos valentes pilotos…
Nada melhor do que ver o trailer do vídeo “Os Filhos da pista” com cenas incríveis da aventura de 1970:
https://youtu.be/-dDT91F3LhA
Uma promessa na Copa de 1994 fez dois Fuscas passarem a desfilar de verde e amarelo
Esta é, talvez, a história mais conhecida, dada a sua divulgação pela imprensa e o inusitado que ela representa. O advogado de Campinas, São Paulo, Nélson Paviotti que se manteve fiel à sua promessa feita na Copa de 1994 até o seu falecimento ocorrido no dia 16/09/2017.
Em 1994 ele empenhou sua palavra que só usaria as cores da bandeira nacional para o resto da vida caso o Brasil trouxesse o Tetra. E assim foi e Nélson passou a ver a vida de uma perspectiva verde e amarela, isto incluindo dois Fuscas devidamente caracterizados com as cores do Brasil. Esta história deu a volta a o mundo pela imprensa e volta à baila em tempos de Copa do Mundo no Brasil.
O Fuscoline “barbariza” na zona norte carioca
Josias Vital é um alegre motorista de táxi da cidade do Rio de Janeiro, que na Copa de 2014 tinha 58 anos. Ele tem um dom especial para não passar despercebido e isto ficou evidente quando, em1993, ele comprou um Fusca e pôs mãos à obra numa personalização muito especial. Ele mesmo cortou o teto, alongou o chassi, inverteu as portas, que agora são do tipo “suicida”. Estava nascendo o Fuscoline, uma mistura de Fusca com limousine, que com uma pintura temática baseada na Copa de Futebol passou a ser uma atração na Zona Norte do Rio de Janeiro e sua imagem também ultrapassou fronteiras através da imprensa, que se encantou com o carro.
Abaixo uma foto do Fuscoline em um de seus múltiplos compromissos com a imprensa internacional em 2014. Sempre sobrava um cachezinho para o Josias Vital. Ele dava uma faturada até nos pontos onde estacionava para fotos, pois depois das fotos ele passava o chapéu…
De Kombi atrás da bola e isto em duas Copas, México e EUA
Hoje aposentado, Carlos Alberto De Valentim, é um veterano de Copas do Mundo, das quais já esteve em seis, sendo que a de 2014 foi a sua sétima. Já viajou bastante, mas em duas oportunidades ele usou um meio de transporte peculiar: foi de Kombi. Em 1986 ele foi juntamente com um amigo, numa Kombi, para assistir à Copa do México. E em 1994 comprou uma nova Kombi e voltou à estrada para rodar 54 mil quilômetros e chegar aos Estados Unidos a tempo de ver a seleção brasileira tornar-se tetracampeã.
Graças à exposição que conseguiu na mídia com suas aventuras, Nenê garantiu o patrocínio de uma empresa de materiais de construção e embarcou sua Kombi para a Europa, onde rodou até chegar à França para a Copa de 1998. De lá, seguiu viajando por nove meses, passando pela Ásia e pelo Oriente Médio.
Para 2002, não conseguiu patrocínio e desistiu de ir ao Japão e à Coreia do Sul por causa do alto custo da viagem. Acabou perdendo a oportunidade de ver o Brasil pentacampeão.
Em 2006 e 2010, foi à Alemanha e à África do Sul, mas novamente como “turista comum”, sem a Kombi. Mas com a escolha do Brasil para sediar o mundial em 2014, ele resolveu tirar o veículo da garagem para uma nova aventura.
O FUSCOPA de Tabatinga – uma ação entre amigos
Seguindo uma tradição começada em 2010, oito casais de Taguatinga, no Distrito Federal, resolveram deixar a torcida pelo Brasil na Copa do Mundo de 2014 mais colorida mais uma vez. O carro que foi usado em 2010 acabou sendo vendido para dar lugar e este, feito para a Copa de 2014.
O primeiro ato desta ação foi comprar um Fusca 1978 branco que estava bem detonado:
Ai a coisa ficou séria, pois o Fusca teve o seu teto retirado:
Num trabalho artesanal, trabalhando em mutirão na oficina de um amigo, eles personalizaram um Fusca 1978 que passou a ser usado nos dias de jogos do Brasil. Os nomes destes alegres torcedores estão registrados nas portas do Fusca: Vanessa, Wátilla, Adriana, Jaerson, Juliana, Geyson, Luana, Rafael, Maira, Geovar, Juju, Thiago, Day, Flávio, Bia e o Filipe. O interessante é que os homens foram listados na porta esquerda do carro e as mulheres, na porta direita.
O nome do projeto “FUSCOPA” foi pintado sobre o para-brisa e na tampa do motor. Um sistema de PA, com microfone, amplificador e alto-falante (tipo corneta) foi instalado para garantir a comunicação por onde o carro passava:
Outros exemplos
É grande a quantidade de Fuscas e Kombis que brilharam em copas com sua decoração verde e amarela, todos eles têm a sua história e vamos ver mais alguns exemplos:
Como o Adolfo Aguiar já tinha transformado um Fusca para um conversível amarelo, ele comentou: “Como ele era amarelo e o ano era de Copa, mandei adesivar as partes verdes”, diz. O Fusca conversível ganhou listras e a bandeira do Brasil para auxiliar a torcida brasileira durante as partidas da seleção. “Valeu a pena”, afirma ele, satisfeito com o resultado.
A Kombi abaixo, dos bancários Peter Frank Furlan e André Lopes de Campinas, foi arrematada em um leilão e os levou, conforme planejado, a seis cidades-sede para assistirem a sete partidas da copa de 2014.
A Kombi estava bem castigada, mas foi reformada, recebendo uma estrutura de motorhome, que incluiu um beliche, um baú, gerador, colchão de ar, enfim, tudo o que é necessário para dormir nela ou acampar. Com espaço de sobra para tal a Kombi recebeu uma rica adesivação de Copa do Mundo.
Acompanho há algum tempo o uso de veículos Volkswagen arrefecidos a ar em eventos esportivos como a Copa e em eleições. Obviamente não é de se esperar que esta participação aumente, mas acredito que por um bom tempo isto continuará a ocorrer.
Caso algum dos caros leitores ou leitoras tenha registros deste tipo de participação e queira compartilhar isto comigo, para registro no acervo, podem usar o e-mail: alexander.gromow@autoentusiastas.com.br .
Neste período pré-copa vamos tratar do assunto nas duas matérias seguintes, para fazer o “esquenta” da Copa da Rússia 2018. Aliás, a matéria seguinte será sobre um Fusca brasileiro que está quase chegando a São Petersburgo de navio para depois participar da copa. Aguarde!
AG
Créditos & Notas
(1) – Site Carro e vida
(2) – Site Bra/Elpais
(3) – Luiz Carlos Murauskas
(4) – Arquivo Pessoal / Divulgação – várias fontes
(5) – Reprodução/TV Globo
(6) – Ricardo Matsukawa
(7) – Foto: Fan Page do projeto “Na Copa de Kombi”
Completam esta trilogia as seguintes matérias:
Incrível: Fusca 68 segue para a Copa da Rússia de navio
Fusca tatuado no braço de jogador da seleção brasileira
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A coluna “Falando de Fusca & Afins” é de total responsabilidade do seu autor e não reflete necessariamente a opinião do AUTOentusiastas.