Hamilton domina e ofusca rivais e domina GP da França apático
A produção do show foi das melhores, com direito a banda militar executando a Marselhesa e a Renault ocupando uma ala das arquibancadas para exibir uma enorme bandeira. De emoção pura e dura, para usar uma expressão francesa, muito pouco: só as batidas na primeira volta e as apresentações acima da média por parte de dois pilotos que disputam a segunda vaga da Ferrari em 2019, o veterano Kimi Räikkönen e o novato Charles Leclerc.
Ao final de 53 voltas Lewis Hamilton conquistou a 65ª vitória de sua carreira e voltou a liderar o Campeonato Mundial de Pilotos, agora com 145 pontos, contra 131 de Sebastian Vettel. A temporada prossegue com uma sequência inédita de três corridas em três fins de semana seguidos: domingo próximo será o GP da Áustria e no seguinte, o da Grã-Bretanha.
Outrora o circuito mais moderno do automobilismo mundial, Paul Ricard ficou afastado dos holofotes quando os dirigentes do automobilismo francês sucumbiram aos interesses de Guy Ligier e do presidente François Miterrand. Velhos amigos, eles ressuscitaram o autódromo de Magny-Cours, uma pequena vila ao lado de Nevers, conhecida por seu mercado de gado Limousin e pelo número de adeptos de magia negra. Para tentar consolidar o empreendimento o entorno no autódromo foram construídos galpões e armazéns projetados para receber equipes e fabricantes de carros de competição.
Alguns anos depois disso o circuito encravado na região dos Alpes Marítimos entre duas das maiores cidades da França, Marselha e Nice, foi adquirido por Bernie Ecclestone e, aparentemente, acabou nas mãos de Slavica Ecclestone, a croata que se divorciou de Bernie em 2009, após cerca de 27 anos de sacados, período praticamente igual à diferença de idade entre ambos. Por um acordo entre a família de Paul Ricard e Ecclestone, o autódromo mantém o nome do magnata francês das bebidas e mecenas de esportes como o automobilismo e petanque, variante francesa da “bocha” e jogada com bolas de metal.
Ironicamente, o circuito voltou a fazer parte do calendário da F-1 quando a categoria está sob controle da Liberty Media, empresa americana que não consegue se desvencilhar da sombra do antigo proprietário. Quem sabe não seja por isso que Chase Carey, o executivo maior da Liberty Media, tenha declarado que viveu um fim de semana de surpresas “algumas delas boas, outras não”. Parece pouco provável que os engarrafamentos em torno do circuito, algo natural e até aceitável nos anos 1980, sejam o que Carey citou nas entrelinhas…
Durante todo o fim de semana quem não se queixou de nada foi Lewis Hamilton, que viveu três dias de treinos, classificação e corrida em uma dimensão exclusiva e como há tempos não se via. Se esta toada continuar, a temporada poderá ganhar cores de já ganhou: nem mesmo Max Verstappen em modo amadurecido foi capaz de impor alguma resistência ao inglês; seu companheiro Daniel Ricciardo também não teve equipamento para segurar a recuperação de Kimi Räikkonën, que completou o pódio de Paul Ricard.
Vettel, há tempos o rival maior de Hamilton, cometeu outro erro daqueles que não se espera de alguém que é tetracampeão mundial. Punido com cinco segundos em seu tempo total de prova, o alemão ainda saiu no lucro: o carro de Valtteri Bottas ficou bem mais prejudicado do que o seu rival: a volta aos boxes com o pneu traseiro esquerdo inutilizado afetou sobremaneira o difusor posterior e comprometeu seu desempenho para o restante da corrida. O saldo, negativo, foi ter perdido o terceiro lugar no campeonato para Daniel Ricciardo.
Mercado de pilotos ganha embalo
O oitavo lugar no grid conquistado por Charles Leclerc fez subir sua cotação no mercado de transferências para a próxima temporada. Há tempos a equipe Sauber não alinhava em posição tão destacada, reflexo que vai além do bom trabalho que Frédéric Vasseur desenvolve à frente da esquadra de Hinwill e da importância de se ter um motor de última geração. Vale destacar que tal com aconeceu no Canadá e em Mônaco, a troca de pneus mais rápida foi efetuada pelos mecânicos da Sauber.
O catalisador dessa química é, sem dúvida, o jovem monegasco: foi a quinta vez nas últimas cinco corridas que ele marca pontos. Regularidade nessa fase de uma ainda curta carreira na F-1 é tão importante quanto a ousadia e arrojo com os quais a experiência forma a mistura de um futuro campeão. Exatamente por isso Leclerc é cada vez mais apontado como provável companheiro de Sebastian Vettel na Ferrari em 2019 e incluído numa disputa de vaga direta com Kimi Räikkönen.
Daniel Ricciardo corre por fora e tem outras chances, como permanecer na Red Bull ou assinar com a Mercedes. A propalada oferta da McLaren parece, até agora, mais um factoide para manter a equipe em destaque do que uma possibilidade real, a menos que a seca de patrocinadores que brilha na carenagem dos carros de Woking esteja muito próxima do fim. Comenta-se que os rendimentos de Ricciardo no ano que vem devam ultrapassar a casa dos US$ 20 milhões anuais, valor que a Honda — provedora de motor da Red Bull para 2019 — pode amortizar mais facilmente na Austrália do que na Holanda e que é um montante factível para os orçamentos da Ferrari e da Mercedes.
O resultado completo do GP da França e a situação do campeonato você encontra aqui.
Victor Franzoni vence na Indy Lights
O brasileiro Victor Franzoni conseguiu domingo (24) sua primeira vitória na categoria Indy Lights. Franzoni foi o melhor na segunda prova da rodada disputada no circuito de Road America e com esse resultado soma 193 pontos, o que lhe garante o quinta lugar no torneio liderado pelo norte-americano Colton Herta, que tem 245. Veja neste vídeo a chegada de Franzoni aos boxes após a bandeirada.
WG