A Renault e Daniel Ricciardo (foto acima) anunciaram hoje assinatura de contrato para o piloto australiano defender a equipe francesa nas temporadas de 2019 e 2020. A mudança destrava o mercado de pilotos da Fórmula 1, que vive um período de três semanas de férias. No ano que vem o alemão Nico Hulkenberg será o companheiro de Ricciardo, combinação que implica na dispensa do espanhol Carlos Sainz, contratado na fase final da temporada de 2017 para substituir o inglês Jonathan Palmer.
Piloto formado na academia da Red Bull, Daniel Ricciardo estreou na F-1 no GP da Grã-Bretanha de 2011 e disputou duas temporadas pela Scuderia Toro Rosso até ser promovido para a equipe Red Bull em 2014. No seu currículo constam até agora 7 vitórias, 29 pódios e 914 pontos acumulados, o que lhe deixa na condição indiscutível de primeiro piloto do time, posição reforçada pelas declarações de Cyril Abiteboul, diretor da Renault Sport: “O talento e o carisma de Daniel são um grande incentivo para nossa equipe e teremos que retribuir sua fé em nosso time entregando-lhe o melhor carro possível. Daniel é bem-vindo e o recebemos com muito orgulho e, também, humildade.”
Por seu lado, Ricciardo não escondeu que deixar o ninho da Red Bull foi uma das decisões mais difíceis da sua carreira e o fator decisivo foi o atual estágio de sua carreira: “Creio que este é o momento para assumir um novo desafio. Entendo que ainda há um longo caminho para até que a Renault possa competir no nível mais alto, mas toda vez que a marca assumiu essa meta sempre conseguiu alcançar esse objetivo. Espero ajudá-los nessa jornada e contribuir para isso dentro e fora das pistas”.
Quem sai, quem fica e quem dança
Com a Mercedes fechada com Lewis Hamilton e Valtteri Bottas, seus pilotos atuais, a Ferrari dividida sobre quem trabalhará com Sebastian Vettel — as possibilidades são a permanência de Kimi Räikkönen ou a ascensão de Charles Leclerc — e a própria Red Bull cada vez mais caidinha pelo holandês Max Verstappen, a Renault foi a melhor escolha para Daniel Ricciardo. Os franceses sempre triunfaram na F-1 como fabricante de motores e certamente querem obter o primeiro título de construtorese certamente querem obter o primeiro titulo de construtores após o bi-campeonato conquistado com Fernando Alonso em 2005/6, ambição que atraiu o australiano.
A mudança afeta diretamente o espanhol Carlos Sainz Jr, que perde o lugar para o australiano, e cria marolas na McLaren, Toro Rosso, Force India e na própria Red Bull, além de afetar indiretamente a Haas e a Williams. Ainda um piloto apoiado pela marca de energéticos, Sainz poderia voltar para uma das duas equipes patrocinadas pela bebida, mas o CEP do seu novo endereço ainda está longe de ficar claro.
O francês Pierre Gasly já deu mostras de ser um investimento seguro e pode ser promovido da Toro Rosso para a Red Bull, afastando-o das garras de outras equipes. Esta situação implicaria num salto para o lado no currículo de Sainz, a quem sobraria uma vaga na Toro Rosso. Esta combinação garantiria o investimento feito no francês e capitalizaria a experiência do espanhol em uma equipe que já o conhece e que certamente vai dispensar os serviços do neozelandês Brendon Hartley ao final da temporada.
Sainz também é cotado na McLaren, que usa os motores Renault, marca que tem simpatia por seu nome. Aqui tudo vai depender da decisão de Fernando Alonso, veterano que ainda não deixou claro o que quer do futuro: F-1 e WEC, WEC e F-Indy, Indy e WEC…
Além de Sainz entram nesta equação o belga Stoffel Vandoorne e o inglês Lando Norris, cada um num cenário diferente: Sainz conta com apoio da marca francesa, Vandoorne está desgastado pelos resultados decepcionantes em consequência dos problemas das fracas temporadas da McLaren, e Norris é o novo queridinho de Zak Brown, o diretor da equipe. Como esta vive um momento de arrumação da casa, não será surpresa uma troca total de pilotos.
O companheiro de Max Verstappen não necessariamente será alguém da academia da Red Bull, como deixou claro o chefão Christian Horner no comunicado de imprensa que confirmou a partida de Ricciardo: “Respeitamos a decisão do Daniel e desejamos o melhor para o seu futuro. Dito isso, continuaremos a avaliar as inúmeras opções disponíveis para definir quem será o parceiro de Max Verstappen em 2019. Enquanto isso, vamos continuar lutando para aproveitar todas as oportunidades de sucesso que se apresentarem para Max e Daniel nas nove provas restantes desta temporada.”
Paralelamente a tudo isso prossegue a novela do futuro da Force India, história que tem tudo das novelas mexicanas e das produções pitorescas e coloridas dos filmes de Bollywood, o polo cinematográfico indiano. As empresas mexicanas que apoiam Sérgio Pérez procuram, em parceria com a Mercedes, a melhor solução para o caso e tentam desligar a organização das mãos de Vijay Mallya, o milionário que teve sua extradição requerida pelas autoridades da Índia e, por isso, não pode sair da Inglaterra, onde permanece livre à custas de várias fianças pagas às autoridades desse país.
Sobra também para a Haas, onde o franco-suíço Romain Grosjean precisa se redimir de muitas batidas e erros para continuar na equipe, e a Williams, cada vez mais próxima de um desfecho que pode incluir a perda de Lance Stroll e seus milhões de dólares canadenses e até mesmo deslocar Claire Williams para um cargo semelhante ao da Rainha do Reino Unido. A distância para isso não é grande: ela é filha de Sir Frank Williams.