Como de hábito, na semana final de meu extenso período com o Toyota Yaris XLS ocorreu a visita à oficina de Alberto Trivellato, a Suspentécnica. Porém, antes de reportar os comentários de nosso colaborador sobre a novidade da Toyota, vou traçar um panorama das minhas impressões finais sobre o Yaris.
Desde a primeira vez que andei em um Toyota tenho uma sensação recorrente, algo óbvia: em geral são carros feitos de forma rigorosa, com precisão e parcimônia em doses exatas. E, em geral, não cutucam minha alma de autoentusiasta. Disse “em geral” por que houve exceções: o Bandeirante de um amigo, com o qual rodei décadas atrás nas surf trips pelo litoral norte paulista. Um verdadeiro trator, e não havia praia em que fosse impossível chegar. Outro foi o Supra 3.0i Turbo de outro amigo, na Itália, que no fim dos anos 1980 era um dos canhões nipônicos mais emocionantes que o dinheiro podia comprar à época. Acelerava feito dragster.
Premissa feita, digo que esse Yaris — assim como os Etios, os Corolla e até mesmo os ótimos Prius — são carros bons para quem quer ir do ponto A ao ponto B sem chateações. Fazem isso por anos. São sólidos, competentes, bem construídos, mas, como disse na 2ª semana desse teste, são “como dançar com a irmã.” Nada emocionantes…
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Um sedã da categoria do Yaris precisa emocionar? Não. Precisa ser eficiente? Sim. E isso o Yaris é. Dirigi-lo é fácil, simples, mas morno. Nada chama a atenção, nada irrita, mas nada emociona. É suave e pronto. Os comandos são adequados e tanto na rodovia como em uso urbano o Yaris “passa de ano”, mas sem louvor.
Eu prefiro carros com algum tempero a mais. Ajudaria o meu paladar uma direção mais direta, um motor que rosnasse em alta, uma suspensão que me comunicasse mais o que se passa entre pneu e pavimento. Mas esse sou eu, um cinquentão que em termos de carros não saiu da adolescência, alguém que estranhou a crítica feita por um leitor a este Yaris pelo fato dele não ter freio de mão elétrico. Logo pensei, ainda bem que não é elétrico, se fosse não dava para puxar o cavalo de pau!, e logo me dei conta que nestes tempos dar cavalos de pau, fumar, chamar o amigo de gordo e etcéteras são transgressões gravíssimas…
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Mesmo sem freio de estacionamento eletromecânico (!!!) este Yaris custa, nesta versão mais equipada, além dos 80 mil reais. Pelo tanto que este dinheiro representa concluo que o principal que este carro entrega é o emblema Toyota fixado na grade. E não digo isso ironizando, pois os Toyota vendem bem nos quatro cantos do planeta. Todavia, olhando as cifras dos emplacamentos do Yaris sedã nos meses de agosto e setembro percebi que em nosso mercado ele está vendendo menos do que o esperado. Explicação? Acho que é porque o Yaris está mais para Etios do que para Corolla. A tal da “percepção de qualidade” joga a favor da concorrência, enquanto uma lição de casa bem-feita em termos de pós-venda segura o Yaris e todos os outros Toyota. Nenhum é belo no meu modo de entender.
Enfim, antes de passar à parte de Alberto Trivellato, que é a visita técnica do Yaris à Suspentécnica (veja vídeo no final), concluo dizendo que, sim, a novidade é um carro dos bons mas que não me impressionou em nenhum item. Confesso que esperava algo mais em termos de acabamento, equipamentos e também um consumo algo melhor. E mais do que isso, como disse, personalidade adequada ao meu gosto.
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Mas, o que viu Alberto Trivellato assim que o Yaris foi erguido no elevador da Suspentécnica? De cara gostou, e enxergou no novo Toyota um padrão construtivo que poderia pertencer a um automóvel de dimensões maiores.
Elementos como o subchassi — a estrutura anexa ao monobloco na qual estão fixados elementos de suspensão e outros — que se destaca pela robustez. Destacou as buchas de suspensão superdimensionadas o que segundo ele favorece a durabilidade e o conforto de rodagem.
Compacto, o conjunto motor e câmbio apresenta uma particularidade que é ter o protetor do cárter fixado no próprio cárter, ou seja, o reservatório do óleo do motor realizado em liga de alumínio tem uma espessa mas pequena chapa de aço para defendê-lo, parafusada nele mesmo. Alberto julgou a solução como um refinada, pois é funcional, eficaz e certamente mais leve do que os modelos tradicionais, no que pese proteger especificamente o cárter e não toda a área inferior do conjunto motor-câmbio.
O diâmetro generoso da barra estabilizadora dianteira foi outro aspecto destacado, o que permitiu não exagerar na rigidez das molas e tampouco na carga de amortecedores, confiando à tal barra grossona a tarefa de conter a rolagem da carroceria, a inclinação nas curvas. E aí está um dos segredinhos do ajuste de suspensão do Yaris, que oferece grande conforto de marcha, excelente capacidade de absorção das irregularidades e não é um carro “molenga”.
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Diâmetro generoso também é apontado por Alberto nas semiárvores, cujo calibre aparenta o ser mais apropriado para um carro com potência e peso superiores aos do Yaris. Isso indica novamente o superdimensionamento, a robustez. O mesmo aspecto é apontado na análise do eixo de torção traseiro, cujo perfil em “u” permitiu abrigar no vão central da peça uma barra que, segundo o colaborador, serve para calibrar a torção do eixo, agindo como barra estabilizadora. Mais espessura da barra, menos torção, menor espessura da barra, o oposto.
Apesar de não contar com os cada vez mais frequentes apliques plásticos destinados a tornar mais eficaz e fluida a passagem do ar pela parte inferior do carro, o Toyota Yaris tem um fundo bastante uniforme, com pequenos apêndices aerodinâmicos à frente das rodas. Ainda sobre a aerodinâmica destaca-se a extensa projeção da parte inferior do para-choque dianteiro, que da ponta do carro prossegue até praticamente o começo da caixa de rodas. Tal “balanço” implica em uma característica pouco feliz especialmente no uso na cidade de São Paulo e suas famigeradas valetas, pois o Yaris — apesar de não ser um carro baixo — raspa a frente com frequência, inclusive em praticamente todas as entradas de garagem mais pronunciadas.
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Outro detalhe mostrado por Alberto Trivellato diz respeito à estrutura do assoalho da carroceria, que tem duas longarinas centrais e, no vão formado por elas, corre o sistema de escape. São estas longarinas que possibilitaram ao Yaris ter assoalho plano e manter a necessária rigidez da carroceria.
Ao cabo da análise a conclusão do chefão da Suspentécnica é a de estar diante de um carro com engenharia “da boa”, cuja mira foi associar simplicidade construtiva à robustez, o que certamente resultará em durabilidade. Aliás, pouco depois de devolver o Yaris à Toyota tomei um táxi e reparei no mau estado dos acabamentos internos: bancos e plásticos tinham aparência de terem “trabalhado” muito. Puxei papo com o motorista e, de fato, aquele táxi, um Etios sedã, foi comprado pouco depois do lançamento do modelo. Questionei sobre eventuais problemas no período (seis anos) e a resposta foi “zero”. No hodômetro a cifra era de pouco menos de 400 mil quilômetros…
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Observar esse Yaris por baixo permitiu compreender que na cartilha da Toyota a robustez é ponto fundamental na hora de projetar um veículo. Design, acabamento, luxos e/ou arrojos de qualquer ordem devem ceder lugar ao concreto, à consistência. Ao cabo de mais este Teste de 30 Dias, se eu tivesse que definir o mais novo dos Toyota do mercado nacional em uma só palavra usaria “robusto” pois, possivelmente, esse Yaris XLS do teste é forte candidato a alcançar uma impressionante quilometragem sem dar problema, exatamente como a do Etios do taxista paulistano.
RA
Leia os relatórios anteriores: 1ª semana 2ª semana 3ª semana
Toyota Yaris 1,5 XLS Sedã
Dias: 30
Quilometragem total: 1.330 km
Distância na cidade: 720 km (54%)
Distância na estrada: 610 km (46%)
Consumo médio: 7,7 km/l (68% álcool/32% gasolina)
Melhor média (gasolina): 23,2 km/l (rodovia)/10,0 km/l (cidade)
Melhor média (álcool): 13,4 km/l (rodovia)/8,5 km/l (cidade)
Pior média (gasolina): 7,1 km/l (cidade)
Pior média (álcool): 5,3 km/l (cidade)
Velocidade média: 25 km/h
Tempo ao volante: 53h10min
Litros consumidos: 164,1
Preço médio litro: R$ 3,30
Custo: R$ 542,48
Custo do quilômetro rodado: R$ 0,40
Assista ao vídeo:
FICHA TÉCNICA YARIS SEDÃ XLS | ||||||||||
MOTORIZAÇÃO | ||||||||||
Motor | 1,5L Dual VVT-I | |||||||||
Designação do motor | 2NR-FBE | |||||||||
Tipo | 4 cilindros em linha, duplo comando de válvulas no cabeçote com variador de fase em ambos, corrente, 4 válvulas por cilindro, atuação indireta por alavancas-dedo roletadas com fulcrum hidráulico para compensação da folga de válvulas, bloco e cabeçote de alumínio; instalação transversal, flex | |||||||||
Diâmetro e curso (mm) | 72,5 x 90,6 | |||||||||
Cilindrada (cm³) | 1.496 | |||||||||
Taxa de compressão (:1) | 13 +/- 0,3 | |||||||||
Potência (cv/rpm, G/A) | 105/110/5.600 | |||||||||
Torque (m·kgf/rpm, G/A) | 14,3/14,9/4.000 | |||||||||
Rotação de corte (rpm) | 5.800 | |||||||||
Formação de mistura | Injeção no duto | |||||||||
TRANSMISSÃO | ||||||||||
Tipo | Transeixo automático CVT Multidrive de 7 marchas virtuais + ré, tração dianteira | |||||||||
Ligação motor-câmbio | conversor de torque | |||||||||
Relações das marchas (:1) | 2,386 a 0,426 | |||||||||
Espectro (:1) | 5,600 | |||||||||
Relação de diferencial (:1) | 5,833 | |||||||||
SUSPENSÃO | ||||||||||
Dianteira | Independente McPherson, mola helicoidal, braço triangular, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora | |||||||||
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora integrada ao eixo | |||||||||
DIREÇÃO | ||||||||||
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida indexada à velocidade | |||||||||
Relação de direção (:1) | 18,6 | |||||||||
Número de voltas entre batentes | 3,8 | |||||||||
Diâmetro mínimo de giro (m) | 9,8 | |||||||||
FREIOS | ||||||||||
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado/n.d. | |||||||||
Traseiros (Ø mm) | Tambor/n.d | |||||||||
Circuito hidráulico/assistência | Duplo em diagonal/a vácuo | |||||||||
Controle | ABS (obrigatório), EBD e assistência à frenagem | |||||||||
RODAS E PNEUS | ||||||||||
Rodas | Liga de alumínio, 5J x 15 (estepe: aço) | |||||||||
Pneus | 185/60R15H (estepe temporário 175/65R14T, 80 km/h)) | |||||||||
CONSTRUÇÃO | Monobloco em aço, sedã, 4 portas, 5 lugares, subchassi dianteiro | |||||||||
DIMENSÕES (mm) | ||||||||||
Comprimento | 4.425 | |||||||||
Largura sem espelhos | 1.730 | |||||||||
Altura | 1.490 | |||||||||
Distância entre eixos | 2.550 | |||||||||
Bitola dianteira/traseira | 1.470/1.460 | |||||||||
Distância mínima do solo | 150 | |||||||||
PESOS E CAPACIDADES | ||||||||||
Peso em ordem de marcha (kg) | 1150 | |||||||||
Peso bruto total (kg) | 1550 | |||||||||
Carga útil (kg) | 400 | |||||||||
Capacidade máxima de tração (kg) | 1.550 | |||||||||
Porta-malas (L) | 473 | |||||||||
Tanque de combustível (L) | 45 | |||||||||
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL INMETRO/PBVE | ||||||||||
Cidade (km/l, G/A) | 12/8,3 | |||||||||
Estrada (km/l, G/A) | 14,6/10,1 | |||||||||
CÁLCULOS DE CÂMBIO | ||||||||||
v/1000 em 7ª/CVT | 44,5 | |||||||||
rpm a 120 km/h em 7ª/CVT (km/h) | 2.700 |
EQUIPAMENTOS YARIS 1,5 SEDÃ XLS |
ESTILO |
Acabamento externo preto na coluna central |
Controle de áudio e computador de bordo no volante |
Descansa-braços dianteiros |
Difusores de ar com acabamewnto na cor prata |
Espelhos externos de acionamento elétrico na cor do veículo e repetidoras de setas integradas |
Grade inferior tipo reta |
Maçanetas externas cromadas |
Maçanetas internas cromadas |
Para-choques na cor do veículo |
CONFORTO E COMODIDADE |
Abertura elétrica do porta-malas |
Abertura interna do tanque combustível |
Acelerador elétrico com comando eletrônico |
Ajuste de altura do banco do motorista |
Ajuste de altura do volante de direção |
Ajuste elétrico de altura do facho faróis |
Ar-condicionado automático com filtro antipólen e ar quente |
Bancos parcialmente em couro |
Chave presencial (Smart key) |
Computador de bordo com visão multifunção (tela 4,2″ TFT de alta resolução com 16 funções: hodômetro total e parcial, autonomia, velocidade média, relógio, termômetro ar externo, marcha em uso, nível de combustível, velocímetro digital, Eco/Walllet e luz de condução econômica e ranking de eficiência com histórico de consumo) |
Condução ECO indicada no quadro de instrumentos |
Console central com dois porta-copos iluminados |
Controle de velocidade de cruzeiro |
Descansa-braço traseiro com porta-copos |
Direção eletroassistida indexada à velocidade |
Encosto do banco traseiro dividido 60:40 |
Espelho interno eletrocrômico |
Faróis com acendimento automático e luz de acompanhamento |
Faróis halógenos projetores com máscara negra e linha guia em LED |
Lanternas traseira em LED |
Luzes de leitura dianteiras |
Painel de instrumentos com tecnologia Optitron |
Para-sóis com iluminação |
Partida por botão |
Porta-garrafas nas quatro portas |
Porta-moedas localizadas no painel |
Porta-objetos com tampa no console central |
Porta-revistas no dorso dos bancos dianteiros |
Sensor de chuva |
Smart entry, destravamento de porta sem chave |
Teto solar elétrico |
Tomada 12 V no console central |
Vidros elétricos um-toque subida/descida com antiesmagamento |
SEGURANÇA |
Alarme perimétrico e volumétrico |
Apoios de cabeça (5) com regulagem de altura |
Assistente de partida em aclive |
Aviso de cintos dianteiros não atados |
Aviso sonoro de faróis ligados (carro estacionado, porta-malas aberto com carro em movimento |
Bolsa inflável de joelhos para o motorista |
Bolsas infláveis de cortina |
Bolsas infláveis frontais (obrigatórias) |
Bolsas infláveis laterais |
Câmera de ré |
Cintos dianteiros com ajuste de altura, pré-tensionador e limitador de força |
Cintos de três pontos (5) |
Controle de estabilidade e tração |
Desembaçador do vidro traseiro |
Engates Isofix para dois bancos infantis com fixação superior |
Faróis e luz traseira de neblina |
Imobilizador de motor |
Jogo de tapetes dianteiros em carpete |
Limpador de para-brisa intermitente |
Travamento automático de portas a 20 km/h |
ÁUDIO |
Antena-short pole |
Quatro alto-falantes e dois tweeters |
Sistema de áudio central multimídia com tecnologia Harman, tela tátil de 7″, AM/FM, MP3, tomada USB no console central, Bluetooth e conexão para smartphones e tablets através de espelhamento SDL |