Sempre fui apaixonado por carros e tudo relacionado a eles. desde pequeno fazia colagens e desenhos e olhava atentamente o modo de dirigir das pessoas, principalmente dos motoristas de ônibus que faziam a linha na minha cidade. Sempre pegava o lugar da frente ( ou tentava…) Para observar melhor o jeito de cambiar casando com o ronco do motor, e sonhando com o dia em que poderia eu a ser o piloto.
Alguns anos depois, quando fiz 18 anos tirei minha habilitação com muita alegria, mas não imaginava a saga que seria até conseguir ter o meu próprio carro. Trabalhava como frentista e às vezes conseguia um carro emprestado com algum cliente do posto, em troca de lavar e abastecer o carro para poder dar uma voltinha à noite.
Muitas tentativas foram feitas, mas ou a falta de dinheiro, ou negócios em que os donos davam para trás em cima da hora, o tempo foi passando sem que conseguisse ter um carro. O tempo passou, em 2002 mudei de cidade e estava trabalhando em um posto de combustíveis em Blumenau,SC, e sempre ia lá um senhor abastecer o carro, um Corcel cor marrom conhaque, todo original. Chegava e mandava completar o tanque. Numa tarde eu disse para ele, “Se um dia for vender esse carro, vende para mim”.
A vida continuou e passou mais um tempo. Em 2004 ele veio abastecer e me disse:: “Vou comprar outro carro, você ainda quer o Corcel?”. Disse imediatamente que sim, que ia levantar o dinheiro e ligava para ele no dia seguinte. Mas para quem paga aluguel sabe que não é fácil poupar dinheiro, e não consegui o dinheiro.
Meu ex-sogro se interessou e passei o contato do dono do carro para ele. Fiquei ao mesmo tempo triste, por não ter condições de comprar, mas ao mesmo tempo feliz pelo meu ex-sogro ficar com o carrinho. Mas no fim o negócio não deu certo, eu nem dormia direito pensando em uma maneira de arrumar o dinheiro.
Fui falar com meu patrão e para minha surpresa ele se ofereceu pra adiantar o dinheiro e descontar um pouco por mês.Fiquei muito empolgado e liguei na hora para o dono do carro e fechei o negócio no valor de 900 reais,pegaria o carro no dia seguinte. Quando cheguei lá ele veio e me disse:: “Tu sabes que esse é um carro antigo, se tu tocares o pau nele, não vai ter carro para um mês…”. Ainda me fez um desconto, paguei 800 reais no carro, que era 1972..
O motor era 1,3 e ainda era standard, estava com 77.739 km, fui o terceiro dono dele. Quando entrei no carro com o coração disparado a primeira coisa que fiz, foi ligar o rádio AM, e era de válvula, demora uns segundos a ligar. Foi quando começou a tocar a canção “Poeira”, da Ivete Sangalo
Ssaí de lá feliz da vida e vivi muitas aventuras com ele. O tempo passou e hoje tenho outro carro, mais moderno e veloz, mas se hoje eu pudesse comprar um Lamborghini, não teria a mesma alegria e emoção que tive com meu primeiro carro.
Alessandro Souza
Penha – SC
