PEUGEOT 2008 PASSA POR ATUALIZAÇÃO

Em sua primeira atualização desde que foi lançado no Brasil em junho de 2015, o Peugeot 2008 — nascido na França em 2013 como sucessor da perua 207 — recebe itens importantes para o disputado mercado brasileiro de suves como câmbio automático na versão topo, de que carecia, bem como o rejuvenescimento de suas linhas levado a efeito exclusivamente para a região América do Sul. O novo desenho ficou a cargo do Latin America Tech Center do Grupo PSA, em São Paulo, liderado pelo designer Daniel Nozaki. A fábrica, como se sabe, fica em Porto Real, no Estado do Rio de Janeiro, onde é produzido também o Citroën C3.

São quatro versões: Allure (R$ 69.990), Allure Pack ( R$ 79.990), Griffe (R$ 89.990), Griffe THP (R$ 99.990). Todas com câmbio automático epicíclico Aisin de seis marchas e motor 1,6-litro, sendo a THP dotada do motor turbo “Prince” de 165/173 cv, de injeção direta, já bem conhecido e apreciado pelo mercado. As demais versões vêm com o bom motor de aspiração atmosférica EC5M, 115/118 cv. Todos flex e sem necessidade sistema da injeção de gasolina para partidas a frio, quando abastecidos com álcool, por contarem com sistema Bosch FlexStart de elementos aquecedores de álcool montados em galeria dedicada.

As mudanças de estilo foram discretas, envolvendo mais a dianteira, que ficou ligeiramente mais alta, uma tendência mundial por conta da proteção a pedestre que venha a ser atropelado.

A mudança atingiu o local do emblema do leão, que passou do capô para a grade, e aumentou em um grau o ângulo de entrada, para 23º.

Vale lembrar que a versão de motor 1,6 aspirado tinha câmbio automático de quatro marchas (AL8) e a THP só tinha câmbio manual por não haver transeixo que coubesse no compartimento do motor, segundo a Peugeot. A versão THP encontra-se em processo de homologação, com previsão de venda  no segundo semestre, ainda sem data revelada.

Em virtude de a versão Griffe THP ainda não estar homologada junto ao Denatran, não foi distribuída ficha técnica, o que explica alguns itens dela estarem marcados com asterisco (*). A ficha foi compilada com dados conhecidos apenas para prover alguma informação ao leitor; ela será atualizada quando a ficha técnica oficial for divulgada.

A experimentação desse Novo 2008 foi feita em duas etapas. Uma, de São Paulo até o Haras Tuiuti, no interior de São Paulo, outra na pista do estabelecimento, já bem conhecida do AE. Na viagem foi utilizado um Griffe e na pista, um Griffe THP.

O desempenho e a rodagem em estrada satisfazem plenamente levando em consideração o tipo de veículo e seu uso proposto. O 0 a 100 km/h leva 12,7/12,4 segundos e o veículo pode atingir 185/186 km/h, velocidade que é atingida na penúltima marcha (6.200 rpm). A 120 km/h o motor está a 2.500 rpm (3.300 rpm com o câmbio de 4 marchas).

O rodar é confortável com o necessário grau de dureza da suspensão para deixar o veículo responsivo e eficiente no atacar curvas. Num trecho sinuoso perfeito entre a Rodovia D. Pedro I e Morumgaba pude (e meu “passageiro” Fernando Calmon) sentir bem isso. A direção eletroassistida muito bem calibrada e o freio a disco nas quatro rodas com boa modulação contribuem para a boa sensação.

Como no Griffe THP anterior, há o controle de aderência dos pneus dianteiros para otimizar a tração. São cinco posições: normal, areia, neve, lama e controle de estabilidade desligado.

O consumo Inmetro com o motor EC5M e o câmbio de seis marchas é 11,0/7,4 km/l na cidade e 12,2/8,6 km/l na estrada, coerente com os 1.248 kg em ordem de marcha e o coeficiente aerodinâmico (Cx) 0,35.

As dimensões externas foram mantidas. O espaço no banco traseiro não é dos maiores e pode ser atribuído ao entre-eixos algo menor do que se vê hoje, 2.542 mm. O porta-malas é bom, 355 litros.

O Griffe THP

Com seu motor turbo de 165/173 cv e peso estimado de 1.250 kg, a relação peso-potência de 7,2 kg/cv, com álcool, só pode resultar em bom desempenho. Como eu disse acima, ainda não há dados oficiais de desempenho, mas o anterior com câmbio manual de 6 marchas acelerava de 0 a 100 km/h em 8,3/8,1 segundos. Com esse novo e automático câmbio, estimo 9/8,5 segundos. A velocidade máxima deve ter caído um pouco, de 206/209 km/h para algo próximo de 202/205 km/h.

Mas o que eu queria mesmo ver, mais do que dar umas voltas na pista do Haras Tuiuti, era se o problema relatado pelo Arnaldo no teste dele quase quatro anos atrás (e constatado por mim) havia sido corrigido.

O problema era numa acelerada mais forte, em primeira ou segunda, a elevada e súbita potência propiciada pelo turbocompressor fazer a frente levantar, a suspensão dianteira atingia o fim de curso de distensão e as rodas motrizes perdiam contato firme com o solo. Com isso a direção tinha um comportamento totalmente errático, o carro ora ir para um lado, ora para outro, dependendo de qual roda encontrasse o solo primeiro.

Deduzi, na época, que a maior altura de rodagem em relação ao 2008 francês, 35 mm mais, já deixava a suspensão mais próxima do final de curso de distensão, associado, talvez, à pouca carga de distensão dos amortecedores dianteiros. Assim, à menor levantada da frente, como num aceleração forte nas marchas baixas, as rodas perdiam contato, como eu disse.

Falei com engenharia da PSA, em que me foi dito que analisariam a questão, e o assunto morreu aí.

Pois ao dirigir o Griffe THP vi que essa problema havia desaparecido. Estava lá o engenheiro Cláudio Lobão (escrevi sobre ele em “Veloz (muito), mas nada de furioso”) e lhe perguntei sobre a correção, que eu havia notado, ao que ele respondeu, sorrindo, “É, fizemos uns acertozinhos na suspensão.” Acertozões, isso sim. Sumiu aquilo tudo que destoava de um bom produto..

“Push to pass”, ou uma nova Peugeot

O português Carlos Tavares, assim que assumiu o comando da PSA em 2014 como presidente executivo egresso da Renault, onde era executivo-chefe de Operações, logo estabeleceu um plano de revitalização do Grupo, a que deu o nome de “push to pass”. Nada mais natural que Carlos Tavares, um automobilista que já correu de automóvel, usasse essa expressão que significa apertar um botão para que o motor produza mais potência para ultrapassar. No caso, ao apertar o botão o gás óxido nitroso é conduzido aos cilindros, e como se trata de um comburente, mais combustível pode ser fornecido, o que aumenta muito a potência. É como se fosse um turbocompressor, mas sem nenhum dispositivo mecânico, apenas o gás armazenado em garrafas.

Pois acaba de acontecer um “push to pass” na PSA brasileira, que não estava bem. Aliás, muito mal, perdendo participação de mercado de maneira constante. A Nova Peugeot significa nova atitude chamada “Peugeot Total Care”, cuidado, atenção total ao cliente nas concessionárias, que consiste de um compromisso calcado em 10 pontos:

• Em serviços de revisão agendados, o veículo ficará pronto e entregue em até 24 horas. Se o prazo não for cumprido o cliente não paga o valor da mão de obra.
• Se o valor do serviço, na fatura, for diferente do valor informado no orçamento, a Peugeot arca com a diferença
• Transparência nos preços das Revisões Preço Fixo – a marca cumpre o que promete.
• Controle de qualidade em todos os veículos que passam pela oficina.
• Apresentação de todas as peças que foram substituídas, no momento da entrega.
• Entrega do veículo na data e hora combinadas
• Entrega do veículo lavado após a revisão
• Empréstimo de outro veículo Peugeot nos casos em que o reparo ultrapasse mais de 4 dias, mesmo que o veículo não esteja mais em  garantia.
• Serviço de reboque gratuito, 24h por dia, durante 8 anos, em casos de pane ou colisão.
• Em caso de descumprimento de qualquer Compromisso, o cliente pode acionar o SAC Peugeot pelo 0800.703.24.24

Igualmente importante, talvez mesmo mais, as concessionárias aceitarão o Peugeot usado como parte de pagamento de um novo  por no mínimo 85% do preço da tabela Fipe.

Segundo a diretora-geral da Peugeot no Brasil, Ana Theresa Borsari, “Foi um trabalho imenso e intenso junto à rede de concessionárias, que aceitou o compromisso Peugeot de bom grado.”

Na esteira, o Peugeot 3008

A Peugeot aproveita o lançamento do Novo Peugeot 2008 para trazer ao Brasil a versão Allure do utilitário esportivo médio da marca, o Peugeot 3008. Com a versão, a marca completa a gama do modelo no Brasil.

Visualmente, o Novo Peugeot 3008 Allure traz uma nova grade dianteira, com elementos gráficos em inovadora diagramação vertical. O para-choque dianteiro também foi remodelado e com uma nova leitura dos dentes salientes do leão, símbolo da Peugeot, para abrigar os faróis halógenos, com máscara negra da versão, e contará com pintura bitom, em preto brilhante de série.

A versão contará com duas configurações: com ou sem teto solar panorâmico. O preço de lançamento é de R$ 139.990 e R$ 144.990..

Tudo parece pronto para a marca Peugeot voltar a crescer, o “push to pass” representa enorme empenho e disposição para conquistar e, principalmente reconquistar, o cliente Peugeot. O Novo 2008 tem papel fundamental nesse processo, e atributos lhe sobram para isso

BS.