O título desta que é a 200ª postagem que faço na coluna “Falando de Fusca & Afins” remete à uma das duas curtas propagandas de TV que a Volkswagen do Brasil usou para o Fusca “Itamar” em 1993. Pois é, quem diria em 1986 que o Fusca logo voltaria a ser fabricado no Brasil?
Cada uma das três gerações de Fusca, a tradicional, o New Beetle e o (novo) Fusca, têm a sua história e o seu lugar nesta matéria.
Para mim, somente a primeira das gerações, a tradicional com o motor boxer traseiro arrefecido a ar, com tração traseira é a “única de verdade”. Aquela que de uma maneira icônica eletrizou milhões de pessoas trazendo o incrível DNA de Ferdinand Porsche e de seus fantásticos engenheiros. Produzido para o público de 1949 na Alemanha até 2003 no México, foram cinquenta e quatro anos de produção que deixaram marcas de sucesso por todos os países onde ele foi comercializado. Antes de 1949 não houve produção comercial do Fusca para uso particular.
A segunda geração
O New Beetle tem uma história muito interessante (que vou contar futuramente em detalhes), mas, resumidamente, foi um carro desenhado por americanos, para fechar a lacuna que o Fusca tinha deixado nos Estados Unidos! Em maio de 1991 os designers Freeman Thomas e J. Mays começaram a trabalhar no estúdio de design da Audi em Simi Valley, Califórnia, à revelia da Casa Matriz no que inicialmente resultou no Concept 1, que, depois de vencida a resistência dos alemães, acabou sendo o grande sucesso do salão de Detroit de 1994, ainda como carro-conceito.
O carro que inicialmente foi concebido para usar a plataforma do Polo sofreu um upgrade para a do Golf V em função das exigências de segurança americanas, e o resultado foi excelente tendo o carro obtido as notas máximas nos testes estruturais.
E a minha primeira voltinha em um New Beetle? Foi numa versão “customizada” muito diferente, no dia 20 de novembro de 1998. Logo que o New Beetle foi lançado, o restaurante “The Boston Lobster Feast” de Orlando, Flórida/EUA decidiu aproveitar a novidade para fazer um veículo promocional; e para tanto encomendou uma lagosta cenográfica para adaptá-la ao carro. A adaptação ficou perfeita, mas as garras dianteiras tiveram que ser feitas em tamanho menor para permitir a adaptação. O restaurante usa este expediente até hoje, ou seja, continua existindo um carro com a lagosta adaptada ao teto. Vamos dar uma volta no “Lagostamóvel” (vídeo — 03:49 — originalmente feito em VHS-C e transcodificado para computador)?
O New Beetle chegou a ter um facelift como mostra a foto abaixo:
A série do New Beetle foi encerrada no final de 2010, após 1,1 milhão de unidades produzidas. Ele teve motorização a gasolina e a diesel, inclusive uma versão TDI; mas a sua motorização mais potente foi a 3,2 VR6 24-válvulas (RSI).
A terceira geração
Em 20 de abril de 2011 veio a terceira geração, apresentada no 14º Salão de Xangai. O New Beetle evoluiu para o Beetle A5, que envolveu uma reformulação sutil e a mudança para a plataforma Jetta. O carro em si era muito rápido, supermoderno e seguro. Aí veio a confusão, a Volkswagen decidiu que este carro recebesse o nome local para Fusca.
O novo Fusca chegou ao mercado brasileiro no ano seguinte, com motor 2.0 turbo e opção de câmbio manual ou automatizado de dupla embreagem.
A polêmica do nome: a Volkswagen decidiu liberar para cada um dos países onde este novo carro fosse comercializado escolher o seu nome, com uma preferência para o uso do nome usado para a primeira geração. Eu fui um dos que a Volkswagen do Brasil consultou, mais para obter uma aprovação para o uso do nome Fusca. Certamente eu fui uma das poucas vozes contrárias, já que eu, considerando que este novo carro era muito rápido, sugeri usar “Super-Fuscão”, ou “Bizorrão” – lembrando de um carro que marcou época; e para os EUA eu havia sugerido “Super-Beetle”. Fui voto vencido, mas, de um lado o Fusca de primeira geração foi lembrado, de outro o uso do mesmo nome abriu flancos para várias confusões.
Eu estive na festa de lançamento do (novo) Fusca, e o AUTOentusiastas esteve representado pelo Bob Sharp. Eu passaria a escrever no AE em 2015.
Havia um outro (novo) Fusca num nicho na parede que o fazia parecer uma pintura:
Mais algumas fotos deste evento:
Em 2017, o (novo) Fusca deu adeus ao Brasil de forma silenciosa. Em 2018, a Volkswagen anunciou o fim definitivo do Fusca para 2019; as últimas unidades foram chamadas Final Edition.
Uma foto registrando as últimas edições das primeira e terceira gerações:
A Volkswagen encerrou oficialmente a produção mundial do Fusca nesta quarta-feira 10 de julho de 2019, em sua fábrica em Puebla, no México; a divulgação da imagem da última unidade ocorreu as 14:20 (horário de Brasília). As últimas 65 unidades do (novo) Beetle Final Edition serão vendidas no México apenas pela internet, por US$ 21 mil para o modelo básico. Cada veículo tem do lado esquerdo uma placa comemorativa. As cores de pintura disponíveis são: azul metálico, preto, branco e bege.
Foram produzidas mas de 500.000 unidades nesses oito anos.
Mais duas fotos do “último” dos Fuscas e, curiosamente, a fábrica da Volkswagen de Puebla, no México, foi palco das despedidas das três gerações de Fusca:
Finalmente a tradicional foto no fim da linha de montagem com o pessoal que trabalhou na produção destes carros:
Apesar da tristeza que se percebe nos semblantes destes trabalhadores, não se esperam demissões, já que quem vai ocupar o lugar do (novo) Beetle na fábrica de Puebla é o suve Tarek.
De minha pesquisa, o vídeo (02:00) abaixo, realizado pelo canal Al Jazeera (que é uma organização independente de notícias financiada em parte pelo governo do Catar) apresenta um interessante resumo do “Fim do Fusca” com a cerimônia que foi realizada em Puebla:
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Está feito o registro do que parece ser o fim da era do Fusca na Volkswagen. Mas… uma das justificativas de terem feito o New Beetle foi a possibilidade de uma versão elétrica no futuro; fica no ar a possibilidade de uma ressurreição no futuro.
Na matéria “FAKE: MAS COMO SERIA UMA POSSIBILIDADE REAL?” é apresentada uma sugestão para uma ressurreição do Fusca, agora como uma versão popular, voltando às suas origens – como se costuma dizer hoje em dia: “fica a dica”…
Termino repetindo o meu mantra: para mim o último Fusca foi o Última Edición de Puebla, em 2003; e a última Kombi é a T3 alemã, ambas com motor boxer, de 4 cilindros horizontais opostos e arrefecido a ar.
AG
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