O mercado segurador recebeu, no final de agosto, duas novas regras em intervalo de apenas cinco dias, estabelecidas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep). A ideia é de desburocratizar o setor e aumentar a competição em busca de produtos mais simples e acessíveis ao consumidor. Basicamente, liberou as seguradoras para utilizarem peças de origem comprovada, mas não obrigatoriamente das concessionárias de veículos, desde que o segurado concorde de forma expressa. A segunda institucionalizou o seguro fracionado, de modo amplo, como opção às apólices anuais.
Utilização de peças obtidas em desmanches e recicladoras autorizadas não chega a ser algo inédito. Existe uma modalidade, chamada informalmente de “seguro popular”, que prevê essa possibilidade. Em razão de insegurança jurídica e alguns conflitos, atraiu menos segurados do que se imaginava. A partir dessa iniciativa da Susep espera-se que o produto seja mais bem compreendido e amplie o interesse pelo seguro.
Entretanto, há uma ideia equivocada de mercado muito maior porque apenas 30% da frota estaria segurada. Essa distorção ocorre por leva em conta o registrado no Denatran, que desconsidera os fora de circulação. No Brasil os veículos só recebem certidão de nascimento, enquanto a de óbito praticamente não existe. Carros até oito anos de idade, considerados viáveis economicamente para serem segurados, estão cobertos em 70% a 80%. Obviamente, ainda há margem para crescimento e se o preço do seguro cair de verdade pode viabilizar a frota “segurável” para veículos com até 10 anos ou pouco mais.
Potencial existe ao considerar peças que poderão ser adquiridas de atacadistas e distribuidores regionais, nacionais ou importadas e não mais apenas de concessionárias das marcas. Alguns especialistas acreditam em até 30% de redução nos prêmios (preço do seguro). Para automóveis ainda em garantia pode haver algum conflito, porém concorrência maior sempre é bem-vinda. Ideal seria um programa amplo de inspeção veicular e de reciclagem para aproveitar peças, excluindo-se as de segurança (freio, suspensão, direção e outras).
A regulamentação de seguros por tempo limitado ou trecho de deslocamento tem atraído novos negócios ao setor. Empresas iniciantes de inovação (startups) já nascem para simplificar toda a operação por meio de aplicativos para celulares. O segmento de “pagar pelo uso” atrai quem não tem hábito de segurar um bem, seja pelo custo elevado ou burocracia a vencer.
Outro recurso é um aplicativo com uso de inteligência artificial que, em três minutos, analisa fotos de um carro acidentado, fornece orçamento para o conserto e sugere seguradora e oficina – tudo integrado em uma mesma plataforma. Está sendo usado pela startup Thinkseg. Segundo o CEO André Gregori, “todas as peças apontadas para reparos somaram R$ 1,2 bilhão no primeiro semestre de 2019. A maior parte (38%) dos acidentes atingiu a parte dianteira do veículo”.
Agilidade e flexibilidade na contratação é o que o segurado espera, ao lado de preço competitivo. Com essa abertura à maior concorrência espera-se que mais pessoas tenham acesso a esse serviço essencial.
ALTA RODA
SOBRE o novo crossover que a VW classifica como “cupê urbano”, a ser lançado em maio de 2020 (nas concessionárias, final de junho), resta saber posicionamento de preço. Acima ou abaixo do T-Cross? Acima, esbarraria no Tarek argentino (2021); abaixo, no futuro SUV derivado do Polo. A marca considera essa informação “segredo de Estado”, porém tudo planejado.
RIVAL do novo crossover da VW e do T-Cross, GM não esconde que o novo Tracker será todo renovado em um projeto de origem chinesa, com participação de brasileiros. Mas será fabricado em São Caetano do Sul (SP) e não em Rosário (Argentina). Ao país vizinho está reservado um SUV maior, do porte do Jeep Compass, alvo preferencial de todos os fabricantes.
CIDADES 21 promoveu, em São Paulo, o encontro Repensar para Integrar sobre a convivência entre diferentes modos de mobilidade entre eles a bicicleta. Numa cidade grande ainda há muito a avançar. Rodnei Bernardino, do Itaú Unibanco, ressaltou que “conforto é prioridade entre os usuários”. Isso explica rápida expansão dos aplicativos que tira passageiros de ônibus e metrô.
LOGAN 2020 manteve a dirigibilidade tradicional, quando equipado com o câmbio manual. Sem a necessidade de altura de suspensão elevada, a estética se manteve e até ganhou graças à nova frente (faróis e grade). Bancos dianteiros oferecem mais conforto e sustentação ao corpo. Boa evolução na central multimídia, agora com Android Auto e CarPlay.
CUIDADO com algumas “dicas” sobre vida útil de amortecedores. A Monroe aconselha troca “preventiva” a cada 40.000 km, porém tais componentes não se enquadram nessa regra simplista. Substituição, em geral, independe da distância percorrida. Condições do piso, carga transportada, entre outros fatores, têm influência na durabilidade. Troque, apenas, se necessário.
FC