Após 23 anos e mais de 530.000 unidades produzidas, a última Weekend deixou a linha de produção da FCA em Betim, MG.
Encerra-se, assim, a longa história de produção desse tipo de veículo no Brasil, iniciada há pouco mais de 63 anos — 19 de outubro de 1956 — e que coincidiu com a fabricação do primeiro veículo de passageiros fabricado no país, a camioneta de uso misto DKW-Vemag.
Nas palavras da divisão Fiat da FCA, em informação à imprensa ontem (27), “A Weekend foi representante de destaque de uma das categorias mais importantes da época, a perua conquistou rapidamente o consumidor — e principalmente as famílias brasileiras — ao oferecer um estilo harmonioso, a robustez característica da marca, ótimo espaço interno e o maior porta-malas da categoria, com 460 litros. Essa fórmula foi tão acertada, que a Fiat contabilizou a venda de mais de 530 mil unidades na história do modelo.”
No começo, Palio
A Weekend começou sua vida como Palio Weekend em março de 1997, tradição da Fiat e outras fabricantes em construir peruas a partir de seu produto principal, como já ocorrera com a 147 Panorama em 1980 e com a Uno Elba em 1988. Em 1999, veio a versão Adventure, que permitia a incursão em terrenos que não fossem tão acidentados e apresentava visual robusto e jovem.
O lançamento da Weekend marcou um avanço na suspensão traseira, que passou de McPherson com feixe de molas transversal a braço arrastado com mola helicoidal, proporcionando maior conforto de rodagem e melhor comportamento nas curvas
Em 2001 houve reestilização da Palio Weekend com os traços assinados por Giorgetto Giugiaro, seguida de outra em 2004, com mais ênfase na traseira. Em 2008, a Adventure recebeu o bloqueio mecânico de diferencial Locker, de comando elétrico, possibilitando utilização em terrenos mais irregulares.
Nesse mesmo ano a Fiat apresentou a proposta Palio Weekend Elétrica, desenvolvida com a hidrelétrica Itaipu Binacional. O motor tinha potência de 20 cv e torque de 5,1 m·kgf. alimentado por uma bateria de níquel localizada no fundo do porta-malas, para autonomia de 120 quilômetros; não chegou a entrar em produção.
Em 2015 o modelo passou a se chamar apenas Weekend ou Adventure, mostradas na foto oficial do encerramento da produção usada para abertura desta matéria.
Poderia ter continuado
É de se perguntar por que a FCA não lançou um versão Weekend do Cronos, lançado em fevereiro de 2018, preferindo abandonar o segmento. Medo de fracasso? Pesquisas de mercado teriam-lhe apontado esse estranho norte?
Essa resposta, a de fracasso, nunca teremos. Mas o AE é de opinião que um Cronos Weekend será bem-vindo, mesmo com a intensa suvenização em curso. Principalmente por não haver alternativa. Uma perua de derivada de um hatchback (Palio) lançado há 26 anos (1996) era realmente longe de ser atraente.
E principalmente também por derivar um perua de um sedã não ter custo astronômico.
Ainda domingo passado publicamos uma história de leitor a qual constitui legítimo e consciente desabafo, o simples desejar uma perua e não encontrá-las mais por preços compatíveis, pois as importadas são inalcançáveis para a grande massa de consumidores, como mostra o caso recente da VW Golf Variant.
Perdeu a FCA, pela sua marca Fiat, a oportunidade de manter a ousadia que sempre a caracterizou. Mas como nada é para sempre, quem sabe?
BS