O e-tron, primeiro carro elétrico da Audi, é um suve de porte grande alinhado com a tendência da traseira “acupezada”. Foi lançado no Salão de Paris de 2018, em setembro, vendas começaram na Europa em dezembro do mesmo ano. E produzido em Bruxelas, Bélgica.
Mede 4.901 mm de comprimento, 2,043 mm de largura, e 1.629 mm de altura, com 2.928 mm entre eixos. São cinco verdadeiros lugares e espaço para suas bagagens no porta-malas de 605 litros, que sobe para 1.725 litros com o banco traseiro rebatido. Não há túnel central tanto por não haver cardã quanto pela construção prevista para dispensar o túnel do ponto de vista estrutural. Disso resulta que o espaço traseiro para os pés é totalmente livre.
Por não haver motor a combustão na dianteira, o espaço foi aproveitado para acomodar o jogo de ferramentas e o cabo do carregador compacto da Audi.
São dois motores elétricos, um em cada eixo, cujas potências e torques se somam para produzir 408 cv e 67,7 m·kgf. O dianteiro entrega 184 cv e 31,5 m·kgf e o traseiro, 224 cv e 36,2 m·kgf. Com peso em ordem de marcha de 2.560 kg, a relação peso-potência é 6,3 kg cv, responsável pela aceleração 0-100 km/h em 5,7 segundos. A velocidade máxima é limitada a 200 km/h.
A tração obviamente é nas quatro rodas, mas na maior parte do tempo só o motor traseiro o propulsiona, A entrada automática motor dianteiro é para o caso de motorista querer mais desempenho.
O preço público sugerido do Audi e-tron é R$ 499.990, a garantia é de quatro anos e a da bateria, oito anos. Durante o período de lançamento (não especificado) há o preço especial de R$ 459.990l, quatro manutenções incluem-se no preço e numa troca o carro (Audi) é valorizado em R$ 15 mil. Vendas começaram neste mês.
Bateria e sistema de recuperação
A bateria de íons de lítio de 95 kW·h (88% utilizável, ou 86,3 kW·h) pesa 700 kg e consiste de 36 módulos de alumínio . É acomodada no assoalho inferior protegida por uma estrutura de colmeia de alumínio, seu peso e localização sabidamente capazes de reduzir o centro de gravidade, fator excepcional estabilidade.. O alcance é de 436 quilômetros segundo o novo método de medição de consumo WLTP adotado na Europa e no Japão..
Para carregar a bateria pode-se utilizar tanto uma tomada com tensão de 110 V, quanto uma rede de alta tensão, em que o tempo de carga depende da potência elétrica disponível. Nos eletropostos de 150 kW de potência, uma bateria totalmente descarregada atinge 80% de sua capacidade em meia hora.
Há a possibilidade carregamento noturno, programado ou não, considerando a potência máxima disponível para não sobrecarregar a rede do imóvel. E como em todo carro elétrico, o e-tron pode recuperar a energia das desacelerações só levantando o pé do acelerador ou ao aplicar freio, por meio de seus motores elétricos.
O grau de recuperação de energia é regulável em dois níveis por comando de borboletas atrás do volante. No nível 0 não há regeneração, a velocidade é dissipada natural e gradualmente como num carro de motor a combustão dotado de roda-livre. No nível 1 a regeneração é baixa, ideal para uma descida de serra, e no Nível 2, bem alta, praticamente um freio. No trânsito o freio de atrito chega a poder ser dispensado, enquanto a regeneração e a recarga da bateria são máximas.
Além do ajuste manual pelas borboletas, é possível selecionar um modo automático pela central multimídia, aproveitando o máximo potencial de recuperação em combinação com o sistema de controle integrado dos freios, que são eletro-hidráulicos.
A bateria conta com elaborado gerenciamento térmico. São 22 litros de líquido de arrefecimento que fluem por 40 metros de tubulações e radiadores para mantê-la na temperatura de sua melhor eficiência, que é entre 25 ºC e 35 ºC nas várias situações, dos dias mais frios aos mais quentes.
O e-tron tem coeficiente aerodinâmico (Cx) 0,27, mais baixo entre os suves, o que contribui para eficiência e autonomia. Para isso os espelhos retrovisores virtuais, primazia mundial em veículos de produção seriada, contribuem. Não só são fundamentais para o baixo Cx, como também levam a digitalização a um novo patamar. O equipamento tem uma câmera em que suas imagens são processadas digitalmente e exibidas nas telas internas laterais de 7 polegadas com tecnologia OLED (sigla em inglês de diodo orgânico emissor de luz) de 1.280 x 800 pixels, com ajuste automático do brilho.
Ao deslizar o dedo na tela pode-se mover a imagem e ajustar o ângulo desejado. Os monitores oferecem uma qualidade superior aos espelhos convencionais, como não refletir luz do sol, oferecer nitidez absoluta à noite e não embaçar em dias chuvosos. A melhor característica, contudo, é bastar olhar para a tela, é desnecessário “mirar” o olhar para ela.
Faz parte das qualidades aerodinâmicas do e-tron a suspensão pneumática ajustável de acordo com a estrada. Dependendo da velocidade e da preferência do motorista, a altura de rodagem varia em até 76 mm (3 polegadas). A altura mais baixa é útil para reduzir o consumo de energia elétrica e, por conseguinte, aumentar a autonomia.
Ainda no campo da aerodinâmica, a citada proteção inferior da bateria ajuda a reduzir o arrasto e entrada de ar pela grade pode abrir ou fechar de acordo com as condições de condução e clima. Toda essa eficiência aerodinâmica proporciona também um silencio a bordo excepcional. Só se percebe o ruído dos pneus nos asfalto e o funcionamento suave dos motores elétricos.
Percebi claramente essa característica num breve teste oferecido pela Audi do Brasil em junho do ano passado para um pequeno grupo de jornalistas, dirigindo-o num trecho da Rodovia Castello Branco no município de Porto Feliz.
E dependendo do modo de condução escolhido no Audi Drive Select — Auto, Comfort, Efficiency, Offrroad, Dynamic e Individual — o sistema age também nos amortecedores ajustáveis e adaptativos.
A posição baixa e central da bateria, entre os eixos, sob forma de um bloco plano e largo fixado na parte inferior da carroceria, contribui para a distribuição de peso 50:50. A bateria é fixada em 35 pontos e compõe a rigidez total da carroceria, ao ponto de sua rigidez torcional, segundo a Audi, ser 45% maior que a de um suve convencional de motor a combustão.
Dirigindo o e-tron
Como eu disse acima, dirigi o e-tron num trecho da Castello Branco, que apesar de ser uma reta tem os retornos. Como todo carro elétrico, silêncio a bordo é a ordem do dia. Escuta-se o leve zunido do conjunto motriz, mais do redutor do que do motor propriamente dito. Os pneus 265/45R21 de fato produzem algum ruído, mas não chega a incomodar.
\impressiona a aceleração e principalmente a facilidade com que ganha velocidade para níveis impublicáveis., somatória de potência com os bons dotes aerodinâmicos. Andei forçando-o nas curvas das saídas das rodovias e, sem problema. Os pneus de 265 mm de seção certamente ajudam.
Eu tinha experiência com retrovisores externos por câmera no Volkswagen XL1, cuja eficácia é indiscutível. É mesmo muito bom contar com retrovisão olhando para uma tela em vez de para um espelho. A informação é clara e instantânea. É mesmo um outro mundo.
Eletrificação visual: interior e exterior
Como “representante elétrico” da gama de suves Q da marca, o e-tron tem a grade única de contorno octogonal preenchida com linhas verticais e horizontais. Na borda inferior dos faróis quatro linha horizontais criam a assinatura e-tron nas luzes de rodagem diurna, pela primeira vez integradas aos faróis. Na parte traseira, a assinatura ótica repete o desenho inaugurado no Q8 e logo se a ausência — óbvia — das saídas de escapamento. Na lateral esquerda do veículo está o logotipo e-tron em destaque, de cor laranja, na portinhola para acesso à tomada do carregador.
Dentro do e-tron destaca-se as costura dos bancos com desenho que evoca os circuitos elétricos O banco do motorista conta com ajuste elétrico de posição e lombar com memória. Diante do motorista dois grandes mostradores do Multimídia Touch, de 10,1 pol e 8,6 pol, são levemente voltados para o motorista. No visor superior o motorista controla informações, entretenimento, navegação e configurações, onde pode-se ativar um temporizador de carregamento ou especificar o tipo de regeneração. No mostrador inferior são gerenciadas a entrada de texto, as funções de conforto e a climatização com o pulso direito apoiado com conforto no seletor do modo de condução.
Versões e opcionais
São duas versões. A versão Performance traz bancos dianteiros elétricos em couro com ajuste de posição e lombar para o motorista, ar-condicionado de quatro zonas, teto solar panorâmico, volante com ajuste elétrico de altura e distância, projeção do logotipo e-tron em todas as portas e luzes internas personalizáveis com 30 opções
Os itens de segurança são faróis totalmente em LED com assistente de farol alto, controle de cruzeiro adaptativo, assistente de saída de faixa, abertura e fechamento elétrico da porta de carga com sistema mãos-livres, abertura do veículo por proximidade, assistente de estacionamento extra com mostrador 360º, indicador da pressão dos pneus, espelho interno eletrocrômico e oito bolsas infláveis.
O equipamento de infotenimento engloba rádio, multimídia com navegador, e interface para smartphones com sistema Android Auto e Apple CarPlay. Várias funções podem ser comandadas por voz. Há também o quadro de instrumentos configurável em duas visões que mostram claramente todas informações na forma de gráficos nítidos, de alta resolução.
Como opcional para essa versão há apenas a pintura metálica e o Pacote Tecnológico, que consiste do projetor de informações no para-brisa, o pre sense dianteiro — avisa o motorista e prepara o veículo para uma colisão iminente — e o assistente de visão noturna.
A versão topo de linha é a Performance Black. que traz bancos dianteiros esportivos em alcântara, acabamentos na cor cinza Volcano e revestimento de teto preto. No exterior, o kit S line com soleiras em alumínio e iluminadas, carcaça do retrovisor externo na cor preta, friso decorativos em preto de alto brilho, e pinças de freio laranja. De série também nesta versão o sistema de áudio Bang & Olufsen 3D com 16 alto-falantes.
Na Performance Black, além dos opcionais pintura metálica e Pacote Tecnológico, pode ser pedido retrovisores virtuais, faróis totalmente em LED Matrix HD com luz de direção dinâmica, e o assistente lateral. Este contempla tecnologias como o pre sense traseiro (reconhece a iminência de uma colisão e regula o tensionamento dos cintos dianteiros, posicionamento do banco, e fechamento do teto solar e vidros), o assistente de aviso de desembarque sobre o perigo de quando os passageiros estão saindo do veículo, o aviso de mudança de faixa, e o assistente de tráfego transversal à retaguarda que avisa sobre a possibilidade de um acidente ao dar ré por meio dos sensores e radares do veículo,além de breve atuação dos freios, se necessário.
Em ambas a versões as rodas são de 21 polegadas, com desenho exclusivo na Performance Black. São 11 cores na versão Performance: azul Galáxia, azul Navarra, bege Siam, branco Geleira, cinza Manhattan, cinza Tufão, prata Florete, preto Brilhante, preto Mito e vermelho Catalunya, No interior são três opções: bege, preto e marrom.
Na versão Perfomance Black são nove cores: azul Antigua, azul Navarra, bege Siam, branco Geleira, cinza Daytona, prata Florete, prata Brilhante, preto Mito e vermelho Catalunya — e duas interiores,cinza e preto.
Estratégia de eletrificação e infraestrutura de recarga
A Audi anunciou em fevereiro investimento de R$ 10 milhões em infraestrutura de recarga para instalação de 200 postos até 2022. O objetivo é instalar os pontos em shoppings, academias, hotéis, clubes e restaurantes, ou seja, localidades que o cliente frequenta e pode deixar o veículo carregando enquanto realiza outra atividade.
Além da estrutura oferecida pela Audi do Brasil, a marca também se aliou à Porsche, Volkswagen e EDP para instalar 30 estações de recarga ultrarrápida localizadas em estradas e rodovias pelo território brasileiro.. Serão 29 estações de 150 kW e uma unidade de 350 kW.
Concessionárias e-tron
A Audi informa que são 14 concessionárias com identificação e-tron. Cada uma já possui representantes especializados para oferecer a melhor experiência em toda a jornada do cliente, desde um atendimento personalizado com um especialista no produto, até a manutenção necessária com equipe altamente treinada. Todas as concessionárias terão ponto de carga rápida de corrente contínua de 22 kW e pelo menos um e-tron para test drive.
Os 14 Audi Centers habilitados estão em localizados em Belo Horizonte, Brasília, Campo Grande, Curitiba (Alto da XV), Florianópolis, Londrina, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro (Botafogo), Vitória e quatro em São Paulo.
Resumo de tudo: dirigir carros elétricos em si não requer adaptação, como bem disse o Gerson no recente teste do Jaguar I-Pace, apenas entra-se num mundo novo da bateria de tração e sua necessidade de recarga. Se vale ou não a pena sair do motor a combustão e entrar na onda do motor elétrico é mais uma questão de filosofia (ou estilo) de vida, aliada a polpudos recursos financeiros, do que qualquer outra coisa.
BS