Muita gente, para não dizer quase todo mundo, começa uma coleção por gosto de algum item específico. Pode ser qualquer tipo de coleção, de qualquer coisa, sempre tem um item com uma história por trás que foi o marco zero.
No caso de miniaturas, é comum que este marco zero venha ou de um brinquedo/miniatura do tempo de criança, ou de uma miniatura de um carro igual ou parecido com algum da família, ou no caso de carros de corrida, a réplica de um carro de um piloto preferido.
Depois do primeiro, começam a entrar para a coleção itens similares, de carros parecidos, da mesma época, do mesmo piloto, do mesmo fabricante, etc. É bem comum que no começo de uma coleção o gosto por adquirir peças novas abra um leque grande de possibilidades. É perfeitamente normal.
Quem quer ter uma coleção com um pouco de tudo, pensando em automóveis, tem uma imensidão de opções e com certeza terá facilidade em conseguir peças novas. Um ponto que, ao meu ver, pode ser negativo, é que desta forma é bem normal que a coleção saia um pouco de controle e uma grande quantidade de miniaturas acabe no problema mais comum de todos os colecionadores: espaço para guardar tudo.
Além de espaço para armazenar, começam os gastos excessivos, a incerteza de já ter ou não um certo modelo, que pode gerar comprar de itens repetidos, e ai cada vez mais a coleção vira uma dor de cabeça.
Se você for uma pessoa controlada e conseguir se limitar a comprar itens que sejam realmente de seu interesse, não só comprar porque “é parecido com o que eu já tenho e vai combinar”, provavelmente não terá muitos problemas.
Para quem já sabe que este tipo de controle é um pouco difícil de ter, ou já tem um orçamento ou espaço limitado, a melhor coisa é definir um foco para coleção. Muitos chamam isto de tema, ou temática da coleção.
Definir um escopo para começar, ou mesmo restringir uma coleção já existente, ajuda muito o colecionador a ter uma gama de modelos que possuem um ponto em comum entre si e também facilita para encontrar peças mais legais para completar seu quadro de modelos.
Há quem pense que definir um tema vai resumir a coleção a uma quantidade pequena de itens, ou que a coleção ficaria “pobre” com poucas opções. Salvo algumas exceções, isto não acontece, pois existem muitas variações, de diversos fabricantes diferentes, e de escalas (tamanho) diferentes.
Tenho conhecidos que colecionam apenas miniaturas relacionadas ao Ayrton Senna, e possuem coleções com mais de 500 peças. O fato de ter escolhido o Senna como tema da coleção dá opções de diversos modelos, não só dos F-1 que ele pilotou. E sempre há novos lançamentos. Também existem variações do mesmo carro, como edições especiais limitadas, numeradas, muito raras. “Raro” é uma palavra que atiça muitos colecionadores.
Outro amigo coleciona apenas carros vencedores das 24 Horas de Le Mans. Ele já teve uma coleção bem abrangente, mas decidiu focar em Le Mans. Colocou à venda as peças que não eram mais de tanto interesse e realimentou a coleção com modelos que faltavam. Hoje ele tem os modelos de todos os vencedores, desde a primeira edição. E é uma coleção que sempre pode crescer, pelo menos um modelo novo por ano, enquanto a corrida existir. O mesmo vale para quem quer colecionar carros dos campeões de F-1.
A Nora Gonzalez mostrou aqui no AE a coleção que tem em casa junto com o marido, um ótimo exemplo de foco definido. Carros de F-1 na escala 1/18 e que tenham a figura do piloto dentro. Mais certeiro que isso, é difícil.
Como outro exemplo, estou colecionando modelos 1/43 que possuem algum contato com pilotos brasileiros e corridas nacionais, quase que na totalidade em provas de endurance (resistência). Brasileiros correndo em Le Mans, em Daytona, ou carros que correram no Brasil, como nas Mil Milhas ou nos 500 km de Interlagos. Alguns itens, como já contamos aqui no AE, são customizados pois são raros os modelos de fábricas estrangeiras que produzem carros que correram em provas nacionais.
Há quem colecione somente Fuscas, outros somente caminhões. Conheço quem colecione somente Ferraris vermelhos, e curiosamente, outro que só compra Ferraris que não sejam vermelhos. Há quem só tenha miniaturas da Hot Wheels. É uma infinidade de opções, e que ajudam a direcionar os gastos e a busca por novas peças.
Definir uma escala para colecionar também ajuda. As mais comuns de se encontrar são 1/18, 1/43 e 1/64. A escala com maior variedade de modelos é a 1/43, que os modelos têm aproximadamente de 10 a 12 cm de comprimento. A escala 1/64 é equivalente em tamanho a um Hot Wheels ou Matchbox, mas existem fabricantes que trabalham nesta escala com alto nível de detalhamento, como a Kyosho e a Spark. A escala 1/18 é para modelos maiores, entre 20 e 30 cm de comprimento. Também são peças mais caras por serem maiores.
Uma questão importante e que preocupa muitos novos colecionadores é o custo de cada peça. Marcas como Spark, Minichamps, TSM (True Scale Models), BBR, Exoto, Looksmart e Autoart, são marcas de destaque pela qualidade, e consequentemente, valores mais altos. Peças mais exclusivas, com produção limitada ou mesmo feitas sob demanda, enriquecem bastante as coleções, mas isto tem um preço, e geralmente são altos. Existe um fabricante chamado Amalgam que é conhecido por seus modelos de alto valor e qualidade, podendo chegar perto de R$ 100.000,00.
Existem diversas faixas de valores e qualidades para um mesmo modelo. É possível encontrar o mesmo carro, na mesma escala, por uma diferença grande de valor (e qualidade) que pode chegar até a R$ 2.000,00. Miniaturas mais detalhadas são mais caras, obviamente, mas não quer dizer que uma mais barata seja sempre de má qualidade.
Existem fabricantes com um ótimo balanço entre custo e benefício, como itens da marca IXO. As miniaturas atualmente vendidas em coleções de banca de jornal em muitos casos são feitos por essa marca, às vezes como uma segunda linha, mas ainda de boa qualidade.
Para quem quer começar uma coleção nova, ou aprimorar a que já possui, a escolha de um tema direciona bem a procura por novos itens. Definir a temática, a escala, talvez até uma faixa de preço de miniaturas que se deseja colecionar, com certeza vai fazer a coleção crescer de forma organizada.
Isto impede de ter alguns itens “fora de padrão”? De forma alguma, é bem legal e prazeroso ter modelos especiais mesmo que fora de um tema macro da coleção, contanto que este “fora do padrão” não se torne um outro padrão…
Uma coleção tem que trazer alegria ao seu curador, e não dor de cabeça, por isso manter um foco é uma dica que pode ajudar bastante neste ponto. De uma forma ou de outra, o importante é ter uma coleção que agrade, independentemente do tamanho, valor e quantidade.
MB