Dirigi por alguns dias um T-Cross 200 TSI manual 2021 — já o havia feito em junho do ano passado, em teste — mas nada como relembrar os bons momentos em qualquer assunto. A diferença do novo ano-modelo é o multimídia VW Play lançado no Nivus.
O câmbio MQ200 de seis marchas (MQ de manual quer, manual transversal em alemão, 200 o torque máximo de aplicação em newtons·metro) produzido na fábrica de transmissões da VW em Córdoba, na Argentina, é primoroso. Trocar marchas nele não é missão, mas prazer. Participa desses momentos a embreagem com carga de pedal das mais baixas.
É claro que para apreciar um bom câmbio manual não precisa ser ‘autoentusiasta’; só não pode odiá-lo. Mas o sendo, é uma alegria só. Não só por usar o câmbio, trocar de marcha, mas, principalmente, por usar o motor da maneira que se quiser, dispensando os “homenzinhos verdes” que foram ensinados o que fazer para as trocas.
Pode usar desde as mais baixas rotações e ir até o corte, sem que suba marcha.Só alguns automáticos fazem isso quando em modo manual.
Sem precisar acionar modo Sport, Eco ou outro qualquer, porque o modo de condução é ditado nós mesmos.
Como é bom fazer o punta-tacco!. Para quem não sabe, ou nem mesmo sincronizar a soltura do freio de estacionamento com o apertar o pedal do acelerador e o levantar o pé do pedal de embreagem, o T-Cross tem assistente de partida em rampa para facilitar a vida de quem tem horror a arrancar em ladeiras.
E no anda e para do trânsito congestionado no plano, ou na fila do pedágio? Primeira engatada, basta aliviar o pedal de embreagem, nem precisa acelerar que o gerenciamento do motor cuida de acelerá-lo para compensar a queda de rotação de marcha-lenta.
O atrito interno do câmbio manual é bem menor que do automático epicíclico. Para começar, inexiste o bombeamento de fluido hidráulico pelo conversor de torque. Depois, um par de engrenagens cilíndricas helicoidais é de uma simplicidade só comparado a um conjunto epicicloidal e sua engrenagem solar, pelo menos três engrenagens satélites e o anel externo. Mais simples nesse caso significa menos peso.
Isso se traduz em menor absorção de energia e, portanto, menos consumo de combustível e mais desempenho.
O consumo de homologação do T-Cross 200 TSI automático é 11,0/7,6 km/l na cidade e 13,5/9,5 km/l na estrada. O do manual, 12,2/8,5 km/l na cidade e 14,5/10,1 km/l na estrada.
Ontem, quando fui à curva AE para fazer as fotos, cheguei lá com o computador de bordo indicando 17,2 km/l de gasolina. Isso sem deixar de andar no meu ritmo normal desde onde moro (Moema) até àquele ponto e usando o ar-condicionado.
Em desempenho, boas diferenças também. O automático acelera de 0 a 100 km/h em 10,9/10,4 segundos e atinge velocidade máxima de 179/184 km/h. Já o manual, 10,0/9,6 segundos e 183/189 km/h. Note que são dois veículos exatamente iguais, a única diferença estando no câmbio.
Os inconvenientes em optar pelo T-Cross manual são, incompreensivelmente, não se poder ter o agradável teto solar e o útil controlador automático de velocidade de cruzeiro.
Em compensação, ficam mais R$ 7.430 na conta bancária (R$ 99.090 x R$ 91.660).
BS