No começo da derradeira semana com o Volkswagen Nivus fiz uma reflexão: o que faltou fazer com o carro para trazer para você a melhor informação ao meu alcance? E a resposta foi… levar o Nivus para “brincar” de carro esporte.
Com o Novo Polo, no início de 2018, fiz isso. Eu e o colega (e amigo) Juvenal Jorge demos divertidas voltas na pista do Haras Tuiuti, interior de São Paulo. Premissa importante: os carros cedidos para os testes do AE jamais serão submetidos a exageros de qualquer ordem (salvo nos ralis de regularidade, em que temos a devida autorização da fabricante). Rodar rápido na pista significa fazer algo para o qual um carro de normal produção não está preparado. Tendo isso em mente, o ritmo e número de voltas foi contido, pois a ideia era apenas aproveitar a oportunidade da pista à disposição e levar o carro próximo de seu limite, e avaliar o comportamento.
Desta vez com o Nivus (e sem o JJ, hoje vivendo nos EUA) me limitei a percorrer o trajeto que de Jundiaí leva a Morungaba e voltar, uma bem asfaltada estrada com pouco tráfego e cheia de curvas, um vira-vira delicioso em topografia cheia de sobes e desces. Mesmo sem exagerar, foi divertido, bem divertido.
Como o Polo, com o qual compartilha motor, estrutura e suspensões, o Nivus é um carro de ótimo acerto dinâmico. Repito o que disse falando do Polo: este conjunto aguentaria um motor bem mais potente, sem problemas. E assim como é, na tocada animadinha, não se pode dizer que falta fôlego, mas sobrar, não sobra. Espetei S no câmbio e, de vez em quando, recorri à alavanca para antecipar reduções e percorrer curvas em giro alto. Me diverti, no que pese ter ficado imaginando como seria mais legal ter um um pedal de embreagem e uma alavanca com cinco ou seis opções…
O Nivus rola pouco, ou seja, quase não inclina a carroceria mesmo forçado em curva. Apesar de mais alto que o Polo, ser algo mais pesado, e usar pneus de perfil mais alto, me agradou tanto quanto. É “na mão”, a direção indexada à velocidade tem peso correto sempre, transmite exatamente o que se passa entre pneus e pavimento e é neutro, não mostra tendência a desgarrar com a frente de modo acentuado nem quando provocado. Aponta maravilhosamente bem nas curvas de baixa e não sofre com as transferências de massa entre freadas e acelerações fortes.
Abastecido com gasolina, e portanto com 116 cve não 128 cv, nesta breve sessão esportiva o consumo desceu a 7,6 km/l, a pior marca conseguida com este combustível. No retorno a São Paulo, rodando comportadamente na Rodovia dos Bandeirantes, sem superar jamais os 110-120 km/h, vi o recorde positivo de consumo, 17,4 km/l, sozinho a bordo, sem carga e com ar condicionado ligado.
Rumo à Suspentécnica para a costumeira análise de Alberto Trivellato, conclui que um Nivus na garagem me satisfaria plenamente. Aliás, à mim e à família — todas mulheres —, que o considerou um dos carros mais adequados ao nosso tipo de uso, eminentemente urbano mas com viagens quinzenais ao litoral paulista, a três ou quatro, no qual ter um porta-malas competente é fator indispensável.
No giro breve que Alberto faz com todos os carros do Teste de 30 Dias o julgamento do Nivus foi positivo para ajuste de suspensão, que filtra a desgraça e não transmite desconforto à cabine. Julgamento idem mereceu o conjunto direção, freios, câmbio e a ergonomia. Menos feliz é, para o colaborador, o que se vê em termos de materiais empregados no acabamento interno. Mesmo sendo o Nivus “de entrada”, o bom design mereceria algum requinte especialmente na superfície do painel, console e revestimento de portas.
No elevador, a impressão de carro bem projetado e bem construído permaneceu. Não há excessos nem carências, e Alberto determinou que o atual padrão Volkswagen aplicado ao Nivus é garantia de tranquilidade, seja quanto ao comportamento dinâmico, seja quanto à aspectos relativos a manutenção. O destaque, além da boa realização do que é o atual “feijão com arroz ” — motor transversal, suspensão dianteira McPherson e traseira, por eixo de torção, e do excelente tricilindro de 1 litro turbocarregado, bem casado com a caixa automática epicíclica de seis marchas — é exatamente o capricho construtivo.
Sendo este o 30º Teste de Trinta Dias que faço para o AE tendo Alberto Trivellato como consultor, me acostumei a perceber quando ele “torce o nariz” para soluções técnicas e/ou construtivas que fiquem aquém de seu apurado conhecimento. No caso do Nivus, a visão de um bom acabamento das entranhas — proporcionalmente melhor que o interior! – denotou horas de engenharia, que resultaram em um bom automóvel. Bom de guiar, bom de ter, bom de olhar. Gostamos do Nivus e, acreditamos, assim achará quem o comprar, seja na versão Comfortline deste teste, seja na mais equipada Highline.
Assista ao vídeo, que inclui um capítulo em que dirijo e comento:
RA
Leia os relatórios anteriores: 1ª semana 2ª semana 3ª semana
Volkswagen Nivus 200 TSI Comfortline
Dias: 30
Quilometragem total: 1.669 km
Distância na cidade: 902 km (54%)
Distância na estrada: 767 km (46%)
Consumo médio: 9,6 km/l (71,4% gasolina–28,6% álcool)
Melhor média (gasolina): 17,4 km/l
Melhor média (álcool): 13,5 km/l
Pior média (gasolina): 7,6 km/l
Pior média (álcool): 5,5 km/l
Média horária: 27,6 km/h
Tempo ao volante: 60h25 minutos
Litros consumidos: 174,81
Preço médio do litro: R$ 4,35
Custo: R$ 760,44
Custo do quilômetro rodado: R$ 0,45
FICHA TÉCNICA VW NIVUS 200 TSI COMFORTLINE | ||
MOTOR | ||
Designação | EA211 R3 TSI | |
Descrição | 3 cilindros em linha, dianteiro, transversal, bloco e cabeçote de alumínio, 4 válvulas por cilindro, duplo comando de válvulas, correia dentada, variador de fase admissão e escapamento, atuação indireta por alavanca-dedo roletada com fulcrum hidráulico, aspiração forçada por turbocompressor com interresfriador, coletor de escapamento integrado ao cabeçote, injeção direta, gerenciamento Bosch MED, flex | |
Diâmetro x curso (mm) | 74,5 x 76,4 | |
Cilindrada (cm³) | 999 | |
Taxa de compressão (:1) | 10,5 | |
Potência máxima (cv/rpm, G/A) | 116/128/5.500 | |
Torque máximo (m·kgf/rpm, G/A) | 20,4/2.000 a 3.500 | |
Comprimento da biela (mm) | 139 | |
Relação r/l | 0,274 | |
TRANSMISSÃO | ||
Câmbio | Transeixo dianteiro com câmbio automático epicíclico Aisin AQ250-6F de 6 marchas automáticas à frente e ré, conversor de torque com bloqueio e controle de neutro, tração dianteira | |
Relações das marchas (:1) | 1ª 4,459; 2ª2,508; 3ª 1,556; 4ª 1,142; 5ª 0,851; 6ª 0,672; ré 3,185 | |
Relações de diferencial (:1) | 3,502 | |
SUSPENSÃO | ||
Dianteira | Independente, McPherson, braço em “L” mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem | |
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor pressurizado | |
DIREÇÃO | ||
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida com motor na coluna de direção, indexada à velocidade | |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 10,9 | |
Relação de direção média (:1) | 14,1 | |
N° de voltas entre batentes | 2,8 | |
FREIOS | ||
De serviço | Hidráulico, duplo-circuito em diagonal, servoassistido a vácuo com bomba de vácuo auxiliar | |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado/276 | |
Traseiros (Ø mm) | Disco/230 | |
Controle | ABS, distribuição eletrônica das forças de frenagem e assistência à frenagem | |
RODAS E PNEUS | ||
Rodas | Liga de alumínio 6,5Jx16 | |
Pneus | 205/60R16H (Bridgestone Ecopia EP-190) | |
Estepe temporário | Roda de aço, pneu 185/65R15H (Dunlpop Enasave EC300+) | |
PESOS (kg) | ||
Em ordem de marcha | 1.199 | |
Carga útil | 451 | |
Peso máx. rebocável com/sem freio (kg) | 400 | |
CONSTRUÇÃO | ||
Tipo | Monobloco em aço, suve-cupê, 4-portas, 5 lugares, subchassi dianteiro | |
AERODINÂMICA | ||
Coeficiente de arrasto (Cx) | n.d. | |
Área frontal (calculada, m²) | 2,10 | |
Área frontal corrigida (m²) | n.d. | |
DIMENSÕES EXTERNAS (mm) | ||
Comprimento | 4.266 | |
Largura sem/com espelhos | 1.757/n.d. | |
Altura | 1.493 | |
Distância entre eixos | 2.566 | |
Bitola dianteira/traseira | 1.531/1.516 | |
Distância mínima do solo | 176 | |
CAPACIDADES (L) | ||
Porta-malas | 415 | |
Tanque de combustível | 52 | |
DESEMPENHO | ||
Aceleração 0-100 km/h (s, G/A) | 10,0 | |
Velocidade máxima (km/h,G/A, km/h) | 189 | |
CONSUMO INMETRO/PBEV | ||
Cidade (km/l, G/A) | 10,7/7,7 | |
Estrada (km/l) (G/A) | 13,2/9,4 | |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | ||
v/1000 em 6ª (km/h) | 50,8 | |
Rotação em 6ª a 120 km/h (rpm) | 2.360 | |
Rotação à vel. máxima em 5ª (rpm) | 4.710 | |
MANUTENÇÃO E GARANTIA | ||
Revisão/troca de óleo do motor (km/tempo) | 10.000/12 meses | |
Garantia total (tempo) | Três anos, 6 anos contra perfuração de chapa |