Praticamente todo autoentusiasta lembra da sigla GSi utilizada pela GM em seus Chevrolet esportivos (Kadett, Corsa, Astra e Vectra) e posteriormente frustrou-se quando foram apresentados Astra, Corsa e Meriva SS. Eram modelos apenas caracterizados como esportivos, não tendo o mesmo diferenciador em mecânica dos antecessores. A sigla GSi e toda configuração esportiva dos carros que a carregavam vinha da subsidiária alemã da GM, a Opel. Esses modelos tinham motores mais potentes que as versões “civis” e além dos apêndices aerodinâmicos, traziam também rodas, pneus e ajuste de suspensão e direção pensados para melhor desempenho dinâmico. Sem contar o interior, que trazia revestimentos exclusivos e até bancos esportivos, como o Recaro utilizado no Kadett GS/GSi que são admirados até hoje.
A GM utiliza o Onix, seu modelo que é o mais vendido no Brasil há seis anos, para lançar a sigla RS de “Rally Sport”. Similar ao SS brasileiro, essa versão tem apenas uma leve caracterização esportiva, sem alteração na parte mecânica. Com o alinhamento de produtos globais da marca, e sem a descendência da Opel, toda nomenclatura de carros segue uma estratégia única. Se por um lado podemos esperar que outros modelos carreguem a sigla RS no futuro, fica a esperança de ver a apresentação da sigla SS por aqui. Diferentemente do que vimos no passado, a sigla SS para o Chevrolet sempre foi a designação de “Super Sport” e significa o que há de mais esportivo na marca, similar ao que foi a GSi para os modelos Opel.
Em outubro de 2020, apenas um ano após o lançamento do novo Onix, de projeto totalmente novo, a GM apresentou o Onix RS dando maior fôlego no seu portfólio e logicamente atraindo mais consumidores. Pela tabela de preços do início de 2021 esta versão está sendo comercializada por R$ 78.090 na cor preta. A cor branca tem acréscimo de R$ 850 e a vermelho Carmin (testada) com acréscimo de R$ 1.600. Mas deve haver alteração de preço em breve para o estado de São Paulo, onde o ICMS foi sorrateiramente majorado pelo governo de João Dória Jr..
Se preferir, assista primeiro ao vídeo gravado na Curva AE e Estrada dos Romeiros, em Araçariguama, no interior de São Paulo:
Mecânica inalterada
O motor tricilindro 1,0 flex turbocarregado é o mesmo utilizado nas demais versões turbo dessa nova geração do Onix. Entrega 116 cv a 5.500 rpm e tem torque máximo de 16,3/16,8 m·kgf a 2.000 rpm. A construção moderna com cabeçote e bloco em alumínio resulta em leveza, e o duplo comando de válvulas com variador de fase na admissão e escapamento, acionado por correia dentada embebida em óleo com troca a cada 240.000 km, de baixo custo de manutenção, movimenta 4 válvulas por cilindro. O sistema de injeção no duto é outra solução que os engenheiros da GM utilizaram para conter os custos do produto, e mesmo assim conseguiram atingir os objetivos de desempenho, consumo e emissões necessários.
O câmbio é unicamente automático epicíclico de seis marchas, também utilizado nas demais versões e sem nenhum ajuste de relações de marchas para obter maior esportividade. São dois modos de condução, Drive e Low, este último é o modo manual do câmbio GF6 da linha GM. Em “L” a troca de marchas é feita pelo seletor na lateral do pomo da alavanca, sem opção de borboletas atrás do volante. Outra característica do modo “L” são as trocas de marchas automaticamente até a marcha selecionada. Para trocar para uma marcha acima é necessário um comando no seletor, caso contrário ocorre o corte limpo de giro do motor em seu limite de 6.000 rpm.
Acredito que a GM poderia ter pensado em oferecer também o câmbio manual, e por que não, ambos com um diferencial mais curto para dar maior pique de aceleração ao carro. Mesmo sabendo que isso prejudicaria o consumo de combustível, tenho certeza que os apreciadores de carros esportivos ficariam mais entusiasmados.
Com essas escolhas da engenharia da GM, o desempenho e consumo do Onix RS ficou idêntico aos seus irmãos LT, LTZ e Premier, com 0-100 km/h em 10,1 segundos e velocidade máxima de 187 km/h. O consumo homologado junto ao Inmetro é 11,9/8,3 km/l no uso urbano e 15,1/10,7 km/l no rodoviário. Na viagem de Campinas até à Curva AE para gravação do vídeo desta matéria obtive a média de 14,5 km/l com o carro abastecido com gasolina e ar-condicionado ligado.
A sensação geral ao dirigir é idêntica às versões já avaliadas, com boa aceleração e bom nível de ruído interno. Mesmo em acelerações mais vigorosas não se percebe aumento do nível de ruído na cabine a ponto de incomodar os ocupantes. Ponto positivo para os engenheiros de NVH (Noise, Vibration, Harshness – Ruído, Vibração, Aspereza) da GM que conseguiram ótimo resultado na integração desse motor de três cilindros ao veículo.
Dinâmica bem acertada
A modificação para o lado esportivo ficou por conta dos pneus 195/55R16H montados em rodas 16-pol. de liga de alumínio pintadas de preto brilhante. Se bem que hoje em dia não se pode dizer que esse conjunto seria esportivo, mas para o compromisso esperado no veículo esse conjunto fica bem casado. O aumento de ruído de rodagem é aceitável e o desempenho em curvas deixa o carro bem estável, a ponto de se precisar exigir muito para que o controle de estabilidade intervenha.
A suspensão dianteira McPherson e a traseira com eixo de torção segue o básico proejto e quase que da totalidade dos carros compactos no mercado. Molas helicoidais e amortecedores pressurizados, com barra antirrolagem apenas na dianteira, são originários da versão Premier hatch que tem essa opção de pneus 16”, sem nenhum ajuste específico para a nova versão RS, deixando o carro com um comportamento bem confortável e sem movimentação excessiva da carroceria nas curvas ou ondulações de pista.
Exatamente como na suspensão, o sistema de direção é o mesmo das demais versões com assistência elétrica na árvore de direção e esforço progressivo atrelado à velocidade do veículo. Tanto esforço quando sensação de centragem estão bem calibrados e trazem segurança, precisão e conforto ao dirigir.
Freios a disco ventilados na dianteira e tambor atrás são adequados para o peso e desempenho do veiculo de 1.085 kg com capacidade de carga de 375 kg, o que totaliza 1.460 kg de peso bruto, e que pode atingir 187 km/h. A relação de esforço-curso do pedal-desaceleração é bem progressiva e não causa sustos no uso geral, assim como também não apresenta sinais de fading mesmo sob uso intenso e forte.
Conteúdo RS
Como já deu para perceber, a nova versão RS (Rally Sport ) está associada a um visual esportivo e agradável, sem carregar demais na sofisticação ou no luxo. Portanto, se outros veículos da marca receberem essa sigla no futuro, esse é o resultado esperado.
Externamente a primeira característica que chama a atenção são os tons escurecidos nas lanternas, faróis, capa do retrovisor e logotipos. O teto pintado de preto é finalizado por um aerofólio traseiro também na cor preta. Todo esse visual é complementado pelas rodas em preto.
A altura do carro já havia sido considerada baixa em nossas avaliações anteriores e a GM fez bem em não o abaixar ainda mais, porém a adição saia lateral pintada na cor do veículo deixa a impressão que o carro foi rebaixado, mas não foi.
O para-choque traseiro recebeu detalhes adicionais dando aparência de extrator, mas com pouca efetividade, dada a velocidade máxima do veículo. No dianteiro a novidade fica pela nova grade preta com elementos em formato de colmeia. A grade dianteira e a tampa traseira ostentam o logotipo RS e a gravata-borboleta da marca tem fundo preto, em vez do dourado.
No interior o modelo ainda trás as seis bolsas de ar infláveis que foram destacados pelos executivos da GM durante o lançamento, mas restou pouco do #menosnuncamais utilizado na época. A central multimídia com tela de 8” tem compatibilidade com Android Auto e Apple CarPlay através de cabo e ficou sem o carregador de celular por indução. Os sistemas OnStar e Wi-Fi também foram suprimidos desta versão, deixando-a bem espartana com a utilização de comando manual para o ar condicionado, que segue com o inconveniente fluxo de ar muito alto na primeira velocidade do ventilador.
Os revestimentos internos foram alterados para pretinho básico, com teto e colunas que em outras versões vem em cor clara, neste mudou para preto. Bancos e painéis de portas seguem o mesmo conceito e foram adicionados detalhes em vermelho nas saídas de ar do painel, costura dos bancos e do volante de direção, que é multifuncional.
No lado da conectividade a GM reduziu bem o conteúdo, deixando apenas a central multimídia que não pode faltar nos carros modernos. E para auxilio ao motorista foi deixado o controle de velocidade de cruzeiro convencional, assistente de partida em aclives e computador de bordo.
Conclusão
O novo Onix RS é um misto de simplicidade com comodidade sem apresentar luxo ou sofisticação que foi originalmente apresentado pela GM no lançamento dessa nova geração. É certamente uma versão que vai atrair os consumidores que gostam de se apresentar com um visual diferenciado na multidão de Onix vendidos anualmente. Mas que não conseguirão pular na frente na saída de semáforo dos modelos mais básicos.
Como todo autoentusiasta, ficarei no aguardo da versão SS, motor 1,2-l do Tracker, caixa manual, com liberação de uma pressão adicional do turbo para chegar nos 145 cv, o que daria um fôlego a mais para enfrentar Polo GTS e Renault R.S. no segmento de hatch compactos esportivos.
GB
FICHA TÉCNICA CHEVROLET ONIX RS 1,0 TURBO | |
MOTOR | |
Denominação | ECONOFLEX TURBO |
Descrição | 3 cilindros em linha, dianteiro, transversal, bloco e cabeçote em alumínio, duplo comando de válvulas, correia dentada embebida em óleo, com variador de fase na admissão e escapamento, 4 válvulas por cilindro), turbompressor BorgWarner com interresfriador ar-ar, pressão de carregamento 1,2 bar coletor de escapamento integrado no cabeçote, injeção no duto, flex |
Diâmetro e curso (mm) | 74 x 77,4 |
Cilindrada (cm³) | 999 |
Taxa de compressão (:1) | 10,5 |
Potência (cv/rpm, G ou A) | 116 a 5.500 |
Torque (m·kgf/rpm, G/A) | 16,3/16,8/2.000~4.500 |
Comprimento da biela (mm) | n.d. |
Relação r/l | n.d. |
Corte de rotação (rpm) | 6.000 |
Ignição | Estática, bobinas individuais |
SISTEMA ELÉTRICO | |
Bateria (tensão V/capacidade A·h) | 12/70 |
Alternador (intensidade A) | 100 |
TRANSMISSÃO | |
Câmbio | Série GF6, transeixo automático epicíclico de 6 marchas a frente e ré, tração dianteira |
Relações das marchas (:1) | 1ª 4,45; 2ª 2,91; 3ª 1,89; 4ª 1,46; 5ª 1,00; 5ª 0,74; ré 2,287 |
Relação do diferencial (:1) | 3,14 |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, McPherson, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem |
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor pressurizado |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida indexada à velocidade |
Diâmetro mín. de curva (m) | 10,4. |
Voltas entre batentes | 2,8 |
Diâmetro do volante (mm) | 370 |
FREIOS | |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado/n.d. |
Traseiros (Ø mm) | Tambor/n.d. |
Controle | ABS (obrigatório), distribuição eletrônica das forças de frenagem |
Circuito hidráulico | Duplo (obrigatório) em diagonal |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Liga de alumínio, 6,5 x 16 (estepe, aço 4T x 15) |
Pneus | 195/55R16H (estepe, T115/70R15M) |
CONSTRUÇÃO | |
Tipo | Monobloco em aço, hatchback, 4 portas, 5 lugares, subchassi dianteiro |
AERODINÂMICA | |
Coeficiente aerodinâmico (Cx) | 0,33 |
Área frontal (calculada, m²) | 2,038 |
Área frontal corrigida (m²) | 0,672 |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento | 4.163 |
Largura (sem/com espelhos) | 1.731/2.044 |
Altura | 1.476 |
Distância entre eixos | 2.551 |
Bitola dianteira/traseira | 1.506/1.510 |
Distância mínima do solo | 128 |
Balanço dianteiro/traseiro | 882/730 |
CAPACIDADES (L) | |
Porta-malas | 275 |
Tanque de combustível | 44 |
PESO (kg) | |
Em ordem de marcha | 1.085 |
Carga útil | 375 |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h (s, G/A) | 10,1 |
Velocidade máxima (km/h, G/A) | 187 |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL INMETRO/PBEV | |
Cidade (km/l, G/A) | 11,9/8,3 |
Estrada (km/l, G/A) | 15,1/10,7 |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em última marcha, 6ª (km/h) | 46,7 |
Rotação a 120 km/h em 6ª (rpm) | 2.570 |
Rotação à velocidade máxima, 5ª (rpm) | 5.850 |
MANUTENÇÃO | |
Revisões e troca de óleo ((km/tempo) | 10.000/anual |
Óleo do câmbio | Não requer troca |
EQUIPAMENTOS DO NOVO ONIX RS 1,0 T 2020 |
SEGURANÇA |
Alarme antifurto |
Alerta do cinto de segurança desatado para todos os passageiros |
Bolsas infláveis frontais, laterais e de cortina (6) |
Cinto de segurança do motorista com ajuste de altura |
Cintos de segurança traseiros de 3 pontos |
Controle eletrônico de estabilidade e tração |
Engates Isofix para dos bancos infantis com pontos de fixação superior |
Faróis dianteiros: baixos tipo projetor, altos tipo refletor |
Indicador de restante de vida de óleo do motor |
Limpador e lavador elétrico do vidro traseiro |
Luz de rodagem diurna em LED |
Regulagem de altura do facho dos faróis |
Repetidoras de estas nos para-lamas dianteiros |
Sensor de estacionamento traseiro |
Sistema de monitoramento de pressão dos pneus |
Terceira luz de freio |
ITENS DE APARÊNCIA |
Adesivo de coluna na cor preta (exceto nos veículo na cor preto Ouro Negro) |
Espelhos retrovisores externos elétricos pintado em preto |
Grade frontal exclusiva com elementos em colmeia |
Lanternas traseiras escurecida |
Maçanetas externas na cor do veículo |
Maçanetas internas cromadas |
Para-choques pintados na cor do veículo |
Rodas de liga leve de 16″ |
Volante esportivo com revestimento premium |
CONFORTO E COMODIDADE |
Ar-condicionado |
Assistente de partida em aclive |
Câmbio automático de 6 marchas com trocas manuais por botões na manopla |
Câmera de ré |
Computador de bordo |
Console central com descansa-braço |
Controle automático de velocidade de cruzeiro e limitador de velocidade |
Controles do rádio e telefone no volante |
Desembaçador elétrico do vidro traseiro |
Direção eletroassistida indexada à velocidade |
Iluminação no porta-luvas |
Iluminação no porta-malas |
Interruptor para inibir a bolsa inflável do lado do passageiro (com indicação visual) |
Luz de acompanhamento pelos faróis ao deixar o veículo |
Luz de aproximação pelos faróis ao destravar as portas |
Luz de cortesia dianteira |
Painel de instrumentos 3,5″ digital TFT |
Para-sóis com espelho |
Tomada de 12 V no console central |
Trava do bocal de abastecimento de combustível com comando mecânico dentro do carro |
Trava elétrica das portas com acionamento na chave |
Vidro elétrico nas portas dianteiras e traseiras um-toque, anti esmagamento e fechamento/abertura automática pela chave |
Volante de direção com regulagem em altura e distância |
BANCOS |
Banco do motorista com regulagem de altura |
Banco traseiro com encosto bipartido 30:70 |
Bancos com revestimento misto nas cores Preto Jet Black |
Bancos dianteiros esportivos com apoio de cabeça integrado |
Encosto de cabeça do banco traseiro para 3 passageiros com ajuste de altura |
INFOTENIMENTO |
Chevrolet MyLink, com tela LCD tátil de 8″, integração com smartphones através do Android Auto e Apple CarPlay, rádio AM/FM, função audio streaming, Bluetooth e entrada USB |
Conjunto de alto falantes (6) |
ACABAMENTO INTERNO |
Acabamento interno nas cores preto Jet Black |
CORES: branco Summit (sólida, 850,00), preto Ouro Negro (Metálica), vermelho Carmin (metálica, 1.600) |