A Stellantis divulgou ontem (10/3) notas técnicas sobre a família de motores GSE turbo, que reproduzimos mas com explicações adicionais e adequação aos termos do AE:
Os motores GSE (Global Small Engines) trazem a tecnologia MultiAir da Stellantis, já presente em outros motores de excelente desempenho. O sistema eletro-hidráulico de controle das válvulas de admissão permite que operem de maneira totalmente flexível quando a duração e levantamento, além do controle de carregamento do motor sem gerar perdas de bombeamento, deste modo contribuindo para reduzir o consumo de combustível em operações de baixa e média carga.
A nova geração MultiAir III, aplicada na família GSE, tem o controle das válvulas ainda mais flexível. O novo perfil de ressalto com pré-levantamento permite a abertura das válvulas de admissão durante a fase de escapamento, visando a realização da recirculação interna desses gases (EGR), o que resulta na redução da emissão de óxidos de nitrogênio (NO e NO2) e do consumo de combustível em carga parcial.
Além disso, o perfil de levantamento da válvula de admissão do MultiAir III é mais extenso e possibilita gerenciar a taxa de compressão efetiva do motor, mantendo a tendência à detonação* sob controle (independente do combustível utilizado). Isso ocorre com o controle do atraso do fechamento da válvula de admissão, o que reduz a pressão e a temperatura na câmara de combustão, controlando a detonação sem comprometer o avanço de ignição. Assim, como resultado, consegue-se menor consumo de combustível nas condições de alta carga, quando se deseja desempenho do veículo.
Os motores turbo da família GSE contam ainda com um sistema avançado de carregamento forçado. O turbocompressor de baixa inércia e volume de ar reduzido entre o compressor e o coletor de admissão leva a uma resposta mais rápida do motor.
O coletor de escapamento integrado ao cabeçote reduz o turbo lag (demora do turbocompressor em carregar o motor) e o tempo de aquecimento do motor e do catalisador, favorecendo o tempo de resposta e um menor consumo de combustível, junto com uma rápida resposta ao controle de emissões. Com a válvula de alívio (wastegate) eletrônica, o motor trabalha com um controle refinado do supercarregamento, garantindo mais confiabilidade e uma dirigibilidade aprimorada.
Equipados com um sistema de combustão inovador para motores de pequena cilindrada unitária (333 cm³), os motores 1,0 e 1,3 GSE utilizam injeção direta de combustível. Este é um item fundamental em motores turbo porque reduz a temperatura da mistura na câmara de combustão, diminuindo a tendência à detonação e, portanto, aumentando a eficiência da queima com menor consumo de combustível e melhor desempenho.
Outro destaque do sistema é o ângulo dos injetores de combustível. Posicionados quase verticalmente (a 23 graus), as emissões são reduzidas graças ao menor contato do jato borrifado com a parede do cilindro. Além de favorecer a formação de mistura, esta característica evita o comprometimento do filme de óleo lubrificante no cilindro. A direção e o tipo do borrifo, combinados com o fluxo de alta turbulência criado pelo desenho otimizado dos dutos de admissão do cabeçote (dois por cilindro), proporcionam excelentes velocidade e estabilidade da combustão.
Com qualidade de classe mundial, os motores da família GSE possuem tecnologias para reduzir o tempo de aquecimento do motor, diminuindo as emissões de gases e o consumo de combustível, especialmente em trajetos urbanos curtos. O bloco de alumínio, além de reduzir o peso do motor, aquece-se mais rápido pela menor resistência à condução de calor. Já o trocador de calor óleo-água colabora para diminuir o tempo de aquecimento do motor, transferindo calor da água — que aquece mais rápido — para o óleo que, ao atingir o mais cedo possível a temperatura ideal, reduz o atrito no motor. Por outro lado, o trocador também evita que o óleo aqueça-se demais, o que contribui para confiabilidade do conjunto.
Outra característica técnica com o mesmo propósito é o termostato do sistema de arrefecimento do motor acionado eletricamente em vez do tradicional tipo térmico, comandado pelo módulo de controle eletrônico do motor. Essa solução leva o motor a atingir sua temperatura ideal de funcionamento mais rapidamente e a mantê-la com maior precisão.
Por fim, o acionamento da árvore de comando de válvulas no cabeçote é feito por corrente, dispensando qualquer tipo de manutenção por toda a vida do motor, um fator a mais para a sua confiabilidade.
*A detonação é um fenômeno que ocorre quando pressões e temperaturas muito altas na câmara de combustão levam ao aparecimento de pontos de autoignição descontrolada da parte da mistura ar-combustível por queimar, gerando pressões e temperaturas locais muito altas que podem danificar seriamente o motor. Este fenômeno, popularmente conhecido como “batida de pino”, deve ser evitado a qualquer custo.
BS