As três semanas que separam o GP do Bahrein (foto de abertura) da próxima etapa do Campeonato Mundial de F-1, o GP da Emília-Romagna (dia 18, em Imola) contrastam com a excelente prova que foi a abertura da temporada 2021. Se no domingo 28 de março não faltaram disputas de qualidade, a demora para retornar à pista praticamente esfriou o entusiasmo. Otimistas dirão que um período de calmaria como a categoria vive atualmente sempre precede novidades bombásticas, o que dá origem a especulações das mais variadas na imprensa europeia, aquela que segue mais de perto o ambiente da modalidade.
Em tal cenário destacam-se nos últimos dias a decisão da equipe Haas de interromper o desenvolvimento do seu carro atual após a etapa de Imola, as dificuldades da Mercedes e da Red Bull em se adaptar ao teto de gastos anuais que entrou em vigor nesta temporada e até mesmo o futuro de Pierre Gasly, que tem chances de entrar para a história como uma versão mais bem sucedida de Chris Amon, piloto neozelandês que ficou famoso por liderar muitas corridas e vencer apenas uma, o GP da Argentina de 1971, prova que não valeu para o campeonato mundial daquele ano.
Olhando em retrospecto, o francês poderá sofrer um novo revés diante da brilhante estreia do japonês Yuki Tsunoda, seu atual companheiro de equipe. O primeiro elemento desta análise é a renomada capacidade da Red Bull queimar pilotos que não correspondem aos seus critérios peculiares; ao contrário da Mercedes, que consegue lidar com dois pilotos de ponta sem interferir no ambiente da equipe, o time dirigido por Christian Horner e Helmut Marko não tem a mesma capacidade. A chegada de Sérgio Pérez para substituir Alex Albon poderá corrigir essa falha ou consolidar essa fraqueza.
No que se refere a Gasly, o próprio francês nascido na histórica cidade de Rouen não esconde que sente falta de um ambiente mais aconchegante na estrutura da Red Bull. Jovem — completou 25 anos em 7 de fevereiro —, ele conta com uma vitória (Monza, 2020) e outros bons resultados na temporada passada, quando mostrou melhor desempenho em relação ano anterior, época em que foi defenestrado da Red Bull e favor de Alex Albon. Por tudo isso, já há muita gente que o coloca como o substituto ideal de Estebán Ocón caso o conterrâneo não consiga manter um desempenho semelhante ao de Fernando Alonso na temporada de reestreia da Alpine na F-1. Posto que Alonso poderia ficar na F-1 até 2023, no máximo, Gasly seria assim preparado in-house para assumir a liderança da equipe e deixaria espaço para promover um dos jovens pilotos da academia do time, entre eles o brasileiro Caio Collet e o chinês Guanyu Zhou.
Obviamente essa solução seria igualmente menos custosa que manter um bicampeão mundial como Alonso na folha de pagamento, detalhe cada vez mais importante na programação financeira das equipes: o teto de US$ 145 milhões deste ano, cairá US$ 5 milhões em 2022 e outro tanto em 2023. As grandes equipes são as que mais sofreram com a decisão: Mercedes e Red Bull tiveram que despedir parte considerável de uma força de trabalho que no caso do time alemão estava próxima de 1.500 dependentes. Tal qual o rival, o time anglo-austríaco foi obrigado a despedir funcionários, até mesmo nomes que estavam trabalhando na organização há mais de duas décadas, em um processo que eliminou cerca de 30% de vagas.
Esse movimento de reduzir custos está moldando, por tabela, a incorporação do projeto Honda de F-1 por parte da Red Bull. Toyoharu Tanabe, diretor técnico da marca na F-1, confirmou que a marca japonesa vai se retirar da categoria no final do ano “independente do resultado do campeonato”, o que inclui um bem possível título com Max Verstappen, dada a performance do holandês nos testes de pré-temporada e no GP do Bahrein, onde largou na pole position e terminou em segundo por erros de estratégia.
Resultados dessa magnitude são mais do que sonhos para a equipe Haas. Guenther Steiner, líder do time americano, declarou que as mudanças que aparecerão no carro na próxima etapa serão as últimas incorporadas ao chassi atual, o VF-21. “Vamos priorizar o projeto para 2022, cujo regulamento técnico exige novos parâmetros de aerodinâmica”. De certa forma é um alívio para Mick Schumacher e Nikita Mazepin, seus dois pilotos desta temporada. Ambos estreantes, eles poderão disputar o ano sem a pressão de buscar resultados maiores que uma eventual vitória sobre a renascente equipe Williams.
Pirelli recupera mercado
Após um período em que algumas categorias nacionais abandonaram seus produtos, a Pirelli anunciou que será a fornecedora oficial para o Campeonato Brasileiro de Endurance e para a série GT Sprint Race. A primeira usava pneus Michelin e agora receberá modelos produzidos na fábrica de Izmit, na Turquia; a segunda, que no ano passado correu com Yokohamas, receberá produtos fabricados na unidade de Campinas, a mesma que produz equipamento semelhante para as categorias Stock Car, Stock Light e Mercedes-Benz Challenge.
WG