O MINI Countryman combina excelente dirigibilidade com um versátil pacote tecnológico e explora o conceito suve dentro desse segmento. A marca inglesa, que desde 1994 pertence à BMW, utiliza a arquitetura UKL1 que teve a primeira geração lançada em 2010, e a segunda, em  2017. Nesta versão 2021 traz redesenho nos para-choques e atualizações na grade e conjunto óptico dianteiros. No interior traz nova central multimídia, novos revestimentos e quadro de instrumentos. E o grande destaque é a motorização híbrida (gasolina + elétrico) desta versão avaliada.

São quatro versões do Countryman produzido na fábrica da MINI em Born, na Holanda:

Se preferir, assista primeiramente ao vídeo gravado no distrito Joaquim Egídio, em Campinas, SP:

Desempenho híbrido

Utilizando o motor TwinPowerTurbo de três cilindros e 1,5-l, e trabalhando em conjunto com motor elétrico oferece 224 cv de potência total e torque combinado de 39,4 m.kgf. O câmbio automático epicíclico Steptronic de seis marchas transfere a força do motor a combustão para as rodas dianteiras. No eixo traseiro um redutor de rotação está conectado ao motor elétrico ali instalado para que a força motriz chegue às rodas traseiras. Esse sistema é chamado de paralelo axial e faz parte da quarta geração de híbridos da plataforma germânica. O sincronismo de rotação entre os dois eixos é feito pelo sistema de gerenciamento do conjunto motriz, não havendo nenhuma conexão mecânica entre eles.

O motor a combustão é abastecido por um tanque de 36 litros, podendo utilizar a gasolina comum, e produz 136 cv entre 4.400 e 6.000 rpm. Dotado de duplo comando de válvulas com variação de fase na admissão e escapamento, além da variação de abertura de válvulas de admissão, é acionado por corrente. Com quatro válvulas por cilindro, turbocarregado e injeção direta entrega o torque máximo de 22,4 m.kgf entre 1.300 e 4.300 rpm. Sua suavidade de funcionamento, um dos pontos altos desse tricilindro, é admirável em qualquer rotação graças à árvore contrarrotativa de balanceamento.

O motor elétrico trabalha alimentado por bateria de íons de lítio de 10 kW.h e disponibiliza torque instantâneo de 16,8 m·kgf com potência máxima de 88 cv. A bateria pode ser carregada através de carregadores externos (plug-in) ou utilizando a energia cinética do carro nas frenagens e reduções de velocidades.

Esse conjunto permite acelerar os 1.715 kg do veículo em ordem de marcha de 0-100 km/h em apenas 6,8 segundos. A velocidade máxima é limitada em 195 km/h.

A energia da bateria pode ser utilizada de modo inteligente deixando o gerenciamento por conta do veículo, para isso basta selecionar a condição Auto eDrive. Sempre que for necessário maior potência, o motor elétrico é acionado, e sempre que a dinâmica do veículo exigir tração nas rodas traseiras, também o motor elétrico entra em ação. O carro ainda pode ser conduzido na condição Max eDrive, onde a preferência é sempre pela propulsão do motor elétrico, ou no modo Save Battery onde o motor a combustão tem prevalência para que chegue ao destino com a maior carga elétrica possível.

Adicionalmente é possível selecionar os modos Sport, Mid e Green, onde a resposta do acelerador é mais responsiva no Sport, e no modo Green há um aumento da propulsão elétrica, de modo a minimizar a emissão de poluentes pelo motor a combustão.

O consumo de combustível acumulado nesta semana de avaliação foi de 17,1 km/l, considerando que fiz apenas duas recargas elétricas plugado em tomada de 220 V e 127 V em minha casa. É provável que se tivesse deixado todas as noites carregando para ter a carga em 100% todos os dias, o consumo teria sido melhor. A MINI homologou junto ao Inmetro consumo urbano de 22,3 km/l e rodoviário de 23,6 km/l.

Em modo puramente elétrico alcança até 52 km e a velocidade máxima  é de 125 km/h, dependendo do modo de condução e do nível de carga elétrica em uso. O compressor do ar-condicionado é elétrico, portanto, consome energia elétrica e consequente redução do alcance ao ser utilizado, assim como a própria bateria utiliza o sistema de arrefecimento para se manter na temperatura ideal de trabalho.

Dinâmica veicular

Independente de toda essa tecnologia híbrida embarcada, esse carro ainda é um MINI, dessa maneira a sua dirigibilidade esportiva não poderia ter sido deixada para segundo plano. É possível dizer que esse é o melhor suve compacto nesse atributo, apresentando rodagem firme, sem ser desconfortável, e principalmente sem apresentar excessiva rolagem da carroceria em curvas. Lembra mais o comportamento de um hatch do que de um suve, e ainda assim apresentando as características de curvar como um kart.

Apesar do maior peso da bateria e do acréscimo do motor elétrico no eixo traseiro, ambos estão instalados abaixo do assoalho, e com isso ajudam a baixar o centro de gravidade do veículo, permitindo melhor resposta em curvas.

O ajuste da suspensão vai bem até enfrentar ruas mais esburacadas e lombadas. Há o ruído de queda de roda dianteira e traseira em qualquer passagem mais rápida, em lombadas, deixando claro que não houve preocupação com esse aspecto ao trazer o carro para o nosso território. Por outro lado, os pneus 225/45R19 Continental EcoContact 6 SSR runflat (roda vazio) tem boa capacidade de absorção de impacto, não trazendo maiores prejuízos para o conforto de rodagem.

O sistema de direção com assistência elétrica tem boa centragem do volante e a resposta é bem rápida e precisa. São 2,5 voltas de batente a batente com volante de 365 mm de diâmetro.

Um carro que acelera bem com peso em ordem de marcha de 1.715 kg precisa de freios potentes para dar segurança, e é justamente isso que se encontra atrás as rodas. Discos ventilados em todas, que em conjunto com o freio regenerativo do motor elétrico do eixo traseiro, deixam o motorista plenamente assistido. A modulação do pedal de freio tem boa relação de curso-esforço-desaceleração, deixando o carro confortável para condução familiar ou até mesmo na mais esportiva.

Estilo

Sim, este carro era suposto ser um mini, mas não é mais. Poderia ser chamado de maxi que não estaria de todo errado. São 4.297 mm de comprimento total e 2.670 mm de entre-eixos. Na largura de espelho a espelho são1.822 mm e tem 1.559 mm de altura. O desenho envolvente dos vidros que se emendam nas colunas pintadas de preto passa a impressão que o vidro circunda o carro. Efeito que é reforçado pelo friso cromado na base dos vidros. Os elementos de jewell effect (efeito joia) são vistos por toda parte, desde as molduras cromadas nos faróis até as lanternas traseiras.

O interior pode vir em quatro cores (duas em preto, uma cinza e uma marrom), mas mesmo sem ver as outras, arrisco dizer que este interior em couro marrom Chester Malt do carro avaliado é a mais bonita. Além da cor, o desenho das costuras dos bancos também agrada e combina com todo desenho retrô que se encontra no painel de instrumentos, painéis de portas e comandos elétricos. Frisos cromados estão espalhados por toda parte, inclusive nos botões de estilo aviação, tipo alavanca, também são cromados, mas apesar do excesso não deixam o interior cansativo.

O compartimento de cargas perde um pouco de volume nesta versão híbrida, mas mesmo assim acomoda 405 litros de bagagem, com a versatilidade do encosto do banco traseiro ser rebatível na proporção 40:20:40. Não é o melhor da categoria, mas está longe de ser o pior.

Conforto e controles

O Countryman acomoda confortavelmente motorista e três passageiros, e proporciona fácil acesso aos comandos pelo motorista. A combinação de cores e o requinte dos materiais utilizados no interior inspira a ficar horas apreciando toda essa beleza e pensando nas horas de desenvolvimento de cada engenheiro. Ao receber o carro na sede da BMW-MINI em São Paulo, fiquei pelo menos meia hora parado para me familiarizar com cada comando, com cada detalhe, antes de sair dirigindo.

Desta vez a viagem entre São Paulo e Campinas foi usada para experimentar cada funcionalidade nos modos elétricos de condução. Deixei para fazer a medição de consumo de combustível no (triste) dia de devolver o carro.

A central multimídia posicionada ao centro do painel consumiu mais algumas horas de estudo para entender todas as funcionalidades e opções. Como dito no vídeo, essa central exigiria um outro vídeo de 30 minutos para ser melhor apresentada. O requinte da central fica pela iluminação de tela variável em função da iluminação externa. Em momentos de sol intenso a luminosidade aumenta, e ao entrar em trechos de sombra a luminosidade é atenuada. Tudo para dar maior conforto. E o toque final fica por conta do relógio analógico utilizado como descanso de tela.

Os comandos no console central, junto à alavanca de câmbio são a opção mais ergonômica e segura para operar a central multimídia, apesar de a opção tátil na tela também ser disponível. À frente da alavanca estão os comandos de modo de condução e controle automático do ar-condicionado de duas zonas.

Solução já conhecida e admirada nos MINIs, o quadro de instrumentos fica sobre a coluna de direção e a ela solidário, portanto se move junto com o volante nos ajustes de altura e distância, mas o pênalti fica pela dificuldade de visualização das informações na porção inferior, onde está o computador de bordo, pois este fica obstruído pelo botão de buzina.

Conclusão

Com toda tecnologia e conectividade que foi introduzida no — tome um fôlego — MINI Cooper S E Countryman ALL4 Top, ainda é possível olhar para esse carro e ter certeza que é um MINI. Suas linhas tradicionais com estilo retrô, que sempre acompanharam a marca, seguem presentes e bem caracterizadas.

O mesmo acontece ao dirigir o carro. O DNA da MINI é perceptível na agilidade de resposta de direção e na saúde das acelerações. A principal característica fun to drive (divertido de dirigir) da marca está bem evidente com um desempenho decente.

GB