O plástico reciclado fará parte dos pneus Michelin, dentro do objetivo da empresa de produzir pneus apenas com materiais sustentáveis. O uso do polietileno tereftalato (PET), polímero termoplástico desenvolvido em 1941, é essencial para conseguir esse resultado.
O PET é usado abundantemente nos dias de hoje, desde roupas às garrafas de água e refrigerantes, e é apenas um dos muitos ingredientes — mais de 200, informa a empresa — que fazem parte de um pneu. Além da borracha natural, tem borracha sintética, aço, materiais têxteis sintéticos, diversos polímeros, carbono, aditivos, entre outros.
Essa mistura de produtos, nem todos facilmente recicláveis ou reutilizáveis, faz com que o impacto ambiental dos pneus seja elevado. A Michelin tem como objetivo fabricar pneus 100% sustentáveis até 2050, ou seja, usando apenas materiais renováveis e reciclados na sua produção.
Porém a reciclagem do PET, apesar de já ser possível por meios termomecânicos, dava origem a um material reciclado que não garantia as mesmas propriedades do PET virgem, e assim não voltava a entrar na cadeia de produção dos pneus. É neste ponto que se deu um importante passo para conseguir um pneu sustentável, com a participação da Carbios, empresa francesa da área da bioquímica.
Esse pioneirismo em soluções bioindustriais vai reinventar o ciclo de vida dos polímeros plásticos e têxteis, por meio da tecnologia de reciclagem enzimática do plástico PET descartado. Testes efetuados pela Michelin permitiram validar o PET reciclado da Carbios, o que permitirá o seu uso na produção de pneus.
O processo da Carbios recorre a uma enzima que é capaz de efetuar a despolimerização do PET, decompondo-o nos seus monômeros — elementos que se repetem no polímero — que depois de passarem novamente por um processo de polimerização, permite obter produtos em plástico PET 100% reciclados e 100% recicláveis com a mesma qualidade dos produzidos com PET virgem. A Carbios informa que por esse processo permitirá uma reciclagem infinita.
Durante os testes efetuados pela Michelin foram confirmadas as mesmas qualidades de resistência exigidas para a produção dos seus pneus. Um avanço que permite que a Michelin atinja mais depressa o seu objetivo de produzir pneus sustentáveis e que diminuirá a produção de PET virgem, um derivado do petróleo. Pelos cálculos da empresa, a reciclagem de aproximadamente três mil milhões de garrafas PET será suficiente para obter todas as fibras que necessita para seus pneus.
AB
