Há certa confusão entre esses dois termos. Vou tentar esclarecer.
Todo câmbio automatizado é robotizado, mas nem todo câmbio robotizado é automatizado. O câmbio dos F-1 e outros carros de corrida é robotizado, mas as trocas de marchas não são automáticas, são manuais, e coincidiu com a adoção de borboletas atrás e bem junto do volante, convencionando-se que a da direita é para subir marcha e a da esquerda, para reduzir.
A estreia do câmbio robotizado na Fórmula 1 foi etapa inaugural do campeonato de 1989, em Jacarepaguá, nos Ferrari 640 pilotados por Nigel Mansell e Gerhard Berger. Venceu na estreia, com Mansell, que, inclusive, precisou ir ao boxe para trocar o volante por problema no sistema. O sistema era Marelli, então pertencente à Fiat.
Robô é um equipamento que substitui o trabalho humano, Essa palavra tão em voga vem do húngaro ‘robota’, que significa escravo, e verbaliza perfeitamente o que ocorre. O trabalho de engatar e desengatar marcha é feito por “robôs”, chaves eletromagnéticas chamadas solenoides que podem atuar tanto diretamente nos garfos do câmbio, quanto por via hidráulica, mas sempre com o emprego de solenoide.
O câmbio I-Motion dos VW em Polo e SpaceFox tinha acionamento eletro-hidráulico, enquanto o do up! era elétrico.
Até esses câmbios surgirem nos anos 1990 — o primeiro foi o Ferrari F355 em 1995, seguido do BMW 328i em 1998 — quando se falava em câmbio automático não havia dúvida do que se tratava. Era o princípio da primeira caixa automática num veículo de produção em série, o Oldsmobile 1939, a Hydramatic, ou seja, uma engrenagem epicicloidal (valerá matéria explicativa a respeito), cujas trocas eram feitas automaticamente baseadas em parâmetros como carga e rotação.
Um parêntese: o AE se abstêm de utilizar o termo ‘transmissão automática’ devido a transmissão ser inadequado por consistir de todo o sistema que leva o torque do motor às rodas motrizes, nele incluído o câmbio. O termo é usado exclusivamente pelos americanos, tanto que os ingleses usam gearbox, É por isso que o leitor ou leitora sempre vê nos nossos textos ‘câmbio automático’ ou ‘câmbio manual’, assim, por extenso, jamais A/T ou M/T, respectivamente.
Com o advento do câmbio robotizado — VW i-Motion, Fiat Dualogic, Chevrolet Easytronic, Renault Easy’R (foto de abertura) — com função automática adicional, muitos passaram a chamá-los de câmbios automatizados, denominação incorreta, por isso mesmo jamais utilizada no AE. Lembre-se, faz parte do nosso objetivo editorial informar corretamente a técnica do automóvel.
E os câmbios de dupla embreagem, o que são? São igualmente robotizados e por acaso também com função automática. As duas embreagens têm a função exclusiva de reduzir o tempo de troca, no sentido de que a marcha seguinte já está engatada mas sem estar conectada à transmissão, o que ocorre no momento em que a embreagem da marcha que estava sendo usada desacopla (abre) e a da marcha a ser utilizada acopla (fecha).
Portanto, está respondida a pergunta-título. A menos que se trate de câmbio automático epicíclico ou CVT, o câmbio é robotizado.
Até domingo que vem!
BS