O Fiat Argo tem tantas versões e configurações de motores e câmbios que fica difícil dizer qual o mais acertado e equilibrado deles, pois a cada modelo que recebo para avaliação, fico admirado pelo excelente nível de integração que os engenheiros da FCA, hoje Stellantis, conseguiram nesse veículo. E o resultado nas vendas não poderia ser diferente, o Argo vem se destacando no cenário nacional, um tanto pela falta de alguns modelos da concorrência direta e outro tanto por seus próprios atributos.
Se preferir assista primeiramente ao vídeo gravado na região de Joaquim Egídio em Campinas, SP:
![YouTube video](https://i.ytimg.com/vi/5pV-Ppep084/hqdefault.jpg)
Conjunto econômico
A Fiat entrega os veículos abastecidos com álcool, mesmo em época onde o quilômetro rodado está mais barato com gasolina na região de São Paulo, e foi com esse combustível que segui abastecendo o carro durante esta semana de uso. O principal objetivo foi confirmar as excelentes médias de consumo que estava observando. No primeiro trecho de 110 km entre São Paulo e Campinas pela rodovia dos Bandeirantes a 120 km/h a média foi 13,2 km/l. Se considerarmos que o valor homologado junto ao Inmetro é 12,1/8,5 km/l no ciclo urbano e 13,5/9,6 km/l no ciclo rodoviário, daria para desconfiar que estivesse abastecido parcialmente com gasolina.
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O faro me dizia que era álcool mesmo, mas mesmo assim, ao final do primeiro tanque abasteci com álcool em Campinas, e a média que já estava em 12 km/l no uso geral cidade/estrada assim se manteve até a devolução do carro. É a comprovação de que esse conjunto carro+motor+câmbio é muito bom em termos de consumo de combustível.
O motor Firefly 1,3-l consegue aliar bom consumo de combustível com ótimo desempenho geral dentro da categoria em que se encaixa. A taxa de compressão de 13,2:1 é bem alta, a maior entre os motores flex em produção., embora a Toyota declare 13,0:1 no Yaris, porém com tolerância de +/- 0,3:1. o que poderia ser tanto 13,3:1 quanto 12,7:1. Então título fica com Firefly 1,3-l. que, aliás, tem a mesma taxa de compressão do motor homônimo 1-L tricilindro.
Com isso a potência máxima atinge 101/109 cv a 6.000/6.250 rpm e pode ser acelerado até 6.500 rpm, onde ocorre o corte limpo. O torque máximo aparece a 3.500 rpm e atinge 13,7/14,2 m·kgf, e ao observar a curva de torque é possível identificar um platô de até 5.000 rpm. Isso traz muita elasticidade, conforto ao dirigir e, principalmente, economia de combustível.
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Esse motor é bem conhecido, pois equipa outros modelos e versões da Fiat, e tem construção simplificada com comando de válvulas único acionado por corrente e com variação de fase — abrange admissão e escapamento, obviamente —, duas válvulas por cilindro, injeção no duto, bloco e cabeçote de alumínio com coletor de escapamento integrado ao cabeçote. Apesar da configuração subquadrado, com diâmetro dos cilindros de 70 mm e curso dos pistões de 86,5 mm, não é um motor áspero ou ruidoso no seu funcionamento, graças principalmente à boa relação r/l 0,29. Vale notar que na rotação de corte a velocidade média dos pistões é 18,7 metros por segundo, bem abaixo do que se considera como limite para durabilidade, 22 m/s.
O câmbio manual de 5 marchas tem ótimo casamento com as características do motor e com os 1.130 kg de peso em ordem de marcha do veículo. Os engates de marchas são leves e precisos, permitindo fazer o engate da 5ª marcha em diagonal, sem dificuldade. Aliado à facilidade de troca de marchas está o baixo esforço do pedal de embreagem, e ótima modulação do sistema, complementando a suavidade nas trocas de marcha, o que se traduz em conforto para todos os ocupantes. Não existe coisa mais chata do que motorista que “bate marchas” ao dirigir carros com câmbio manual.
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O escalonamento dos pedais é muito bom e permite o punta-tacco “telepático” do mestre Bob Sharp, mas o curso do pedal do acelerador é enorme, e quando você pensa que já acelerou tudo, ainda tem mais um tanto de curso para atingir a aceleração plena (TPS 100). Essa característica de pedal de acelerador com curso longo deixa a dirigibilidade do carro mais suave, melhora o consumo de combustível, mas alguns motoristas podem sentir falta de potência, pois nunca aceleram até o fundo. A lamentar apenas a trava para engate da ré por meio do “pescoço” que precisa ser levantado, desnecessário por existir no seletor sistema que impede engate involuntário da ré.
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Conteúdo equilibrado
Como já havia observado no Argo Trekking 1,8-l automático avaliado em dezembro 2020, esta versão com motor 1,3-l e câmbio manual também traz algumas limitações de conteúdo por um lado, e oferece alguns confortos e requintes por outro.
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O comando do sistema de ar-condicionado tem ajuste automático (opcional) e funcionamento exemplar, com boa capacidade de resposta às mudanças de temperatura externa ou insolação. A função “max AC” permite um rápido resfriamento da temperatura da cabine, com o incômodo temporário do ruído excessivo do ventilador.
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Bancos tem revestimento de tecido que imita couro (opcional) e desenho bem elaborado, proporcionando bom conforto nos dianteiros, e a posição de dirigir é ajustável na altura do assento e no ajuste de altura do volante de direção. Fica devendo o ajuste de distância. Nos bancos traseiros há espaço suficiente para três adultos com as devidas limitações para as pernas e pés ao ocupante central.
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A central multimídia com tela tátil de 7” ainda exige a utilização de cabo para conexão de celular através do Android Auto e Apple CarPlay. Este é uma atualização que seria muito bem-vinda ao Argo Trekking, com a utilização de tela de 8” e espelhamento sem fio.
No centro do quadro de instrumentos encontra-se o mostrador do computador de bordo com informações básicas de consumo, autonomia e velocidade média da viagem. Os mostradores de velocidade à esquerda e conta-giros à direita têm bom tamanho com a ressalva da ilusão de ótica causada pela diferença de tamanho de caracteres entre um e outro, que aparenta estarem posicionados uma mais à frente que o outro. O quadro de instrumentos é complementado pelo indicador de temperatura do líquido de arrefecimento do motor.
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Conforto ao rodar
O ajuste da suspensão foi direcionado ao conforto de rodagem, apresenta bom equilíbrio de movimentação entre os eixos e rolagem lateral bem controlada. Com isso o Argo Trekking enfrenta muito bem os caminhos tortuosos e pisos remendados que encontramos em nossas vias.
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Nas rodovias de asfalto melhor conservado os pneus Scorpion ATR na medida 205/60R15 não trazem ruído de rodagem incômodo para dentro da cabine, e ainda transmitem menor nível de aspereza, colaborando para o conforto geral. A falta do sistema de bloqueio do diferencial e controle de tração pôde ser sentida ao enfrentar dificuldades em uma subida íngreme em estrada de terra com muitas pedras soltas.
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A arquitetura de suspensão é a mesma encontrada em outras versões do Fiat Argo com McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira. Molas helicoidais e amortecedores pressurizados são utilizados nos dois eixos e barra antirrolagem é utilizada apenas na dianteira. Para esta versão Trekking a suspensão foi levantada em 50 mm em relação às outras versões do Fiat Argo, entregando nesta configuração a distância do solo de 210 mm, o que ajuda a enfrentar melhor os caminhos leves de sítios e chácaras.
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O sistema de direção com assistência elétrica através de motor de passo na árvore de direção apresenta pouco esforço para manobras de baixa velocidade e estacionamento, e na progressão indexada à velocidade o peso do volante se mantém em bom nível, com a sensação de centragem adequada para o uso do veículo. Poderia ser mais positiva, mas sabemos que os engenheiros da Fiat preferem entregar essa característica mais solta aos seus usuários.
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Nos freios a disco ventilado na dianteira e tambor na traseira encontra-se mais um sistema de funcionamento dentro do esperado, com boa modulação do pedal de freio, ótima desaceleração em frenagens de pânico. O freio de estacionamento é convencional com alavanca no túnel central, e há assistente de saída em aclive, o que ajuda naquela prova de morro.
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Visual aventureiro
No acabamento externo está o grande diferenciador e o apelo aventureiro do veículo. Além da levantada na suspensão, as barras longitudinais do teto deixam o Argo Trekking ainda mais alto que seus irmãos. Os pneus maiores e borrachudos montados em rodas de liga de alumínio (opcional) incrementam esse aspecto.
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Os frisos cromados foram substituídos por peças pintadas em preto, assim como o teto e retrovisores que recebem o mesmo tom de pintura. Nas laterais, capô do motor e tampa traseira são incorporados adesivos decorativos alusivos à versão Trekking, trazendo assim um visual totalmente diferenciado ao modelo.
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Mercado
O Fiat Argo Trekking 1,3-l com câmbio manual testado foi fornecido com o pacote de opcionais completo — Kit Trekking Full por R$ 7.220,00 — que incorpora a câmera de ré, rodas de liga de alumínio e pneus de 15”, chave presencial com sensor na maçaneta externa, ar-condicionado automático e revestimento em tecido que imita couro.
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O preço básico desta versão sugerido no site da Fiat para o estado de São Paulo é R$ 80.038,00 para a cor preto Vulcano, que pode ser acrescido em R$ 981,00 para as cores sólidas branco e vermelho Montecarlo, ou R$ 1.859,00 para as cores cinza Silverstone (metálica) e branco Alaska (perolizada). Todas essas cores trazem o teto na pintura preto Vulcano.
GB
(Atualizada em 26/08/21 às 15h30, correção do valor do par final na ficha técnica de 4,200:1 para 4,400:1, e substituído o gráfico dente de serra – Agradecimento ao leitor Lucas Gustavo que nos alertou)
Confira a ficha técnica e lista de equipamentos após as fotos adicionais:
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FICHA TÉCNICA ARGO TREKKING 1,3 MANUAL | |
MOTOR | |
Designação | Firefly 1,3-L |
Descrição | 4-cil em linha, bloco e cabeçote de alumínio, monocomando, corrente, variador de fase, 2 válvulas por cilindro, flex |
Cilindrada (cm³) | 1.332 |
Diâmetro e curso (mm) | 70 x 86,5 |
Taxa de compressão (:1) | 13,2 |
Potência (cv/rpm, G/A) | 109/101 6.250 |
Torque (m·kgf/rpm, G/A) | 13,7/14,2/3.500 |
Corte de rotação (rpm) | 6.500 |
Comprimento de biela (mm) | 149,3 |
Relação r/l | 0,289 |
Formação de mistura | Injeção no duto Magneti Marelli, ignição integrada ao módulo |
TRANSMISSÃO | |
Tipo | Transeixo com câmbio manual de 5 marchas mais ré, tração dianteira |
Relações das marchas (:1) | 1ª 4,273; 2ª 2,316; 3ª 1,444; 4ª 1,029; 5ª 0,795; ré 4,200 |
Relação de diferencial (:1) | 4,400 |
Dianteira | Independente, McPherson, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem |
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor pressurizado |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira eletroassistida, indexada à velocidade |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 10,4 |
FREIOS | |
Disposição | Duplo circuito hidráulico em diagonal, servo-freio a vácuo |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado/257 |
Traseiros (Ø mm) | Tambor/203 |
Controle | ABS e distribuição eletrônica das forças de frenagem |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Liga de alumínio 6Jx15 |
Pneus | 205/60R15 |
Estepe | 175/65R14 – temporário |
CARROCERIA | |
Tipo | Monobloco em aço, hatchback, quatro portas, cinco lugares, subchassi dianteiro |
CAPACIDADES (L) | |
Porta-malas | 300 |
Tanque de combustível | 48 |
PESOS (kg) | |
Em ordem de marcha | 1.130 |
Carga útil | 400 |
Peso rebocável sem/ com freio | 400/n.d. |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento | 3.998 |
Largura sem/com espelhos | 1724/n.d. |
Altura | 1.568 |
Distância entre eixos | 2.521 |
Bitola dianteira/traseira | 1.465/1.500 |
Distância mínima do solo | 210 |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h (s, G/A) | 10,8 |
Velocidade máxima (km/h, G/A) | 173 |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL INMETRO/PBEV | |
Cidade (km/l, G/A) | 12,1/8,5 |
Estrada (km/l, G/A) | 13,5/9,6 |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 5ª (km/h) | 32,7 |
Rotação a 120 km/h, em 5ª (rpm) | 3.670 |
Rotação à vel. máxima em 5ª (rpm) | 4.700 |
EQUIPAMENTOS FIAT ARGO TREKKING 1,3 |
Acionamento elétrico dos retrovisores externos |
Acionamento elétrico dos vidros dianteiros um-toque com antiesmagamento |
Ar-condicionado – comando automático e digital (opcional) |
Banco do motorista com regulagem de altura |
Banco traseiro rebatível |
Bolsas infláveis frontais |
Câmera de ré (opcional) |
Central Multimídia Uconnect de 7” tátil com Android Auto e Apple Car Play, Bluetooth, entrada USB e sistema de reconhecimento de voz. |
Chave presencial (opcional) com telecomando para abertura das portas, vidros e porta-malas |
Computador de bordo (distância, consumo médio, consumo instantâneo, autonomia, velocidade média e tempo de percurso) |
Defletor de teto traseiro |
Desembaçador do vidro traseiro temporizado |
Direção eletroassistida indexada à velocidade |
Engates Isofix com fixação superior para dois bancos infantis |
Espelho nos para-sóis |
Iluminação do porta-malas |
Iluminação interna ambiente |
Iluminação interna com temporizador |
Indicador de portas entreabertas |
Limpador e lavador dos vidros dianteiro e traseiro com intermitência |
Luz (faróis) de acompanhamento ao deixar o veículo |
Monitoramento de pressão dos pneus |
Pisca-5 |
Porta USB para uso pelos passageiros do banco traseiro |
Quadro de instrumentos de 3,5” com relógio digital, calendário e indicador de temperatura externa multifuncional em TFT, personalizável |
Repetidoras de setas nos espelhos externos |
Sinalização de frenagem de emergência |
Terceira luz de freio |
Teto pintado em preto |
Tomada 12 V |
Travamento central elétrico incluindo portinhola do bocal de abastecimento de combustível |
Volante com comandos de rádio e telefone |
Volante com regulagem de altura |