“Uau, tô enxergando melhor do que se fosse de dia!”.
Este foi o comentário da copiloto quando a noite tomou conta da rodovia, e o Volvo XC60 exibiu a alta qualidade de seus faróis adaptativos por LED, que não só se movem, acompanhando o movimento do volante, como cuidam de não ofuscar os motoristas que vem em sentido oposto. Um “balé de luzes”, que promove visibilidade excepcional e segurança, algo que a Volvo faz pesar com força em seus carros.
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Na postagem da semana passada contei para você que mal tomei posse do XC60 zarpei para minha clássica viagem ao litoral norte paulista, para a região de Ubatuba, trajeto iniciado em um fim de tarde, o que me lançou na parte mais complexa da viagem — o trecho que precede imediatamente o planalto e a descida da serra que leva ao litoral — em uma noite que virou dia pela qualidade dos faróis e tecnologia aplicada a eles, mas não só.
Entre os aparatos tecnológicos que integram um pacote batizado pela Volvo de IntelliSafe, o XC60 oferece um controle de cruzeiro adaptativo que literalmente enxerga o que vem pela frente através de câmeras instaladas num volumoso compartimento entre para-brisa e espelho retrovisor (foto abaixo). Impostar velocidade e mantê-la é o feijão com arroz de qualquer controle de cruzeiro, mas ser adaptativo faz com que o Volvo mantenha automaticamente a distância do veículo que eventualmente está à sua frente, distância esta que pode ser ajustada através de comando situado no próprio volante.
Também ali está o acionamento do Pilot Assist e aí, amigos, tiremos o chapéu: é literalmente sensacional o sistema que no XC60 consegue tornar uma viagem em rodovia bem sinalizada uma jornada plenamente segura, como poucos automóveis são capazes de proporcionar.
Usar o Pilot Assist em uma via como a paulista Ayrton Senna, majoritariamente retilínea e bem sinalizada, não impressiona tanto: espeta-se os 120 km/h de lei no controle de cruzeiro, aciona-se o Pilot Assit e o Volvão segue o fluxo, freando e acelerando sozinho, percorrendo com rigor a faixa de rolamento escolhida desde que a sinalização de solo esteja bem visível. Todavia, fazer o mesmo na parte da Rodovia dos Tamoios, que antecede a descida da serra mostrou quanto este sistema está ajustado de modo excepcional.
No trecho o limite de velocidade é de 80 km/h, mas as curvas são mais fechadas, de raios variados e irregulares, uma emendada na outra, prova de fogo para o sistema que tem a missão de guiar o carro com você, pois obriga o motorista manter as mãos no volante. Um semiautônomo, enfim. Se os sensores perceberem que quem dirige tirou as mãos do volante, o sistema apita, o painel avisa que isso não pode, e desconecta o dispositivo.
O conceito por trás do Pilot Assist é o de auxiliar — e não substituir — a ação do motorista. E na minha opinião é extremamente válido, mesmo para quem como eu (e você, imagino), encara o ato de dirigir como algo prazeroso, e não uma obrigação maçante.
Deixei o Pilot Assist atuar por longos quilômetros, admirando sua eficiência. Não era uma novidade para mim uma vez que recentemente (2019) avaliei para o AE, na Europa, os Alfa Romeo Giulia e Stelvio por período extenso, carros equipados com tecnologia similar. Idem com relação aos Honda Accord de última geração o “Sensing”, e outros carros com tais auxílios à direção que tive em minhas mãos por breve tempo.
Porém, registro que a atuação deste sistema no Volvo foi a que mais me impressionou, e percebi que mesmo com um padrão de sinalização de solo não exatamente perfeito, ele é bem efetivo, um precioso auxílio à condução, do qual motoristas não tão apaixonados pelo volante, pelo prazer de dirigir, se beneficiarão, e muito.
Avaliados e aprovados os auxílios à condução, resolvi desativá-los para focalizar na análise dinâmica do XC60. Tchau controle de cruzeiro, tchau Pilot Assist e tchau também ao assistente de manutenção de faixa de rolamento. Tudo isso se desativa ou pelos botões à esquerda no volante ou no grande “tablet” fincado no meio do painel, fácil de operar, intuitivo, onde também se opera o sistema de climatização da cabine e o belo sistema de áudio (sem assinatura de marcas de som famosas nesse XC60 “de entrada”).
Na boca da serra, reflito: o que pretender em termos dinâmicos deste veículo alto, volumoso, um suve com cara discreta, mas com mais de 400 cv, 40 m·kgf de torque e 2 toneladas de massa? Resposta: serenidade. A tecnologia não aboliu as leis da física, mas mitigou seus efeitos. Emendar curvas sem adernar como um veleiro sem quilha, frear e acelerar de modo exato, sem parecer um gato se espreguiçando, é o que espero. Não acordar as passageiras é outra meta, e elas me conhecem, sabem que neste trecho de serra a força G acompanhada do guinchar dos pneus é algo usual.
Mas naquela noite, em vez do modo tomada de tempo, optei por outra conduta: passar o câmbio de D para B (de brake), no qual a capacidade de regeneração de energia aumenta, dando alguma carga às baterias, “mortas” desde há muito. De fato, desde que o carro me foi entregue não o pluguei em nenhuma tomadinha sequer. Abrir a portinhola do para-lama dianteiro esquerdo para fazer o XC60 beber eletricidade é algo que está no programa das próximas semanas. Sendo assim, despenquei serra abaixo em Hybrid, observando o ponteiro que avisa a regeneração dizendo que, sim, freios e gravidade estavam carregando a “pilha” do XC60, que na chegada ao nível do mar registrava um quarto de energia recuperada, cerca de 9 km de autonomia em modo elétrico do máximo de 45 km.
Em nenhum momento dos cerca de 12 km da descida percebi o motor a gasolina acordar. Ou seja, o Volvo XC60 desceu no embalo, recarregando bateria, e usando apenas o motor elétrico nas ocasiões em que usei delicadamente o acelerador. E as duas moças não acordaram…
Ao final de quase quatro horas ao volante, a conclusão foi de que os bancos são estupendos, merecedores da bandeirinha sueca discretamente aplicada à costura, com ergonomia excelente. Destaco também itens como áudio, climatização e sensação de bem estar, dentro do altíssimo padrão que se espera de um veículo deste segmento. E na sequência da viagem vieram alguns dias de XC60 em mal pavimentados pisos litorâneos, ou mesmo não pavimentados, que mostraram a grande capacidade de engolir desaforos sob forma de buracos e imperfeições do XC60. Situações de subida íngreme e curvinhas descompensadas, com piso escorregadio, não faltaram, e a eventual patinagem de uma roda foi logo resolvido pela mágica eletrônica, que supriu de tração o pneu mais propenso a transmiti-la ao piso. Não usei os modos Constant AWD nem Off-Road por não achar necessário. Fingi ser o motorista preguiçoso, que compra um carro cheio de recursos e não os usa, o que creio ser a grande maioria. Conferi que, mesmo assim, o XC60 engole desníveis graúdos, não perde aderência e não dá medinho de estragar pneus por conta dos Michelin 235/55R19H.
Na viagem de volta do litoral, optei por fazer a escalada da serra pela rodovia que liga Ubatuba a Taubaté, cuja subida é bem mais íngreme, apertada, e que alonga a viagem em cerca 30 quilômetros, mas com paisagem mais exuberante e… menos radares! O teto solar gigantesco tem uma tela que, quando aberta, joga luz e paisagem na cabine. Neste percurso tortuoso chegou a vez de selecionar Power no Drive Mode, com as moças devidamente acordadas e instruídas para gritar só em último caso. A pegada do XC60 impressiona, pula como um gato de uma curva para outra, e mesmo se breve esta sessão esportiva derrubou um pouco a média de consumo. Na ida consegui 13,3 km/l, nesta volta animada, 10,3 km/l. Achei mais do que razoável para um carro tão grande, potente e pesado.
O fechamento desta segunda semana com o XC60 ainda teve uma estilingada rodoviária que acrescentou uns 160 km ao hodômetro, e a chance viajar no XC60 tendo a bordo dois executivos da indústria automobilística, que apesar de serem de empresa concorrente da Volvo, se desmancharam em elogios ao XC60. No percurso, realizado com muito cuidado com o acelerador, li a melhor parcial de consumo no computador de bordo até agora, média de 15,2 km/l, sempre usando o Drive Mode em Hybrid que, em 100% das vezes, tira o Volvo da imobilidade com o motor elétrico para depois passar a bola para o térmico.
Para a 3ª semana, a previsão é realizar uma viagem mais longa, interestadual, para que o Volvo XC60 continue exibindo qualidades e, talvez, algum ponto fraco. Até agora, como você pode conferir, é só encantamento…
RA
Leia o relatório da 1ª semana
Volvo XC60 Recharge T8 Momentum
Dias: 14
Quilometragem total: 791 km
Distância na cidade: 192 km (24%)
Distância na estrada: 599 km (76%)
Média de velocidade: 43,8 km/h
Tempo ao volante: 18h03min
Consumo médio: 10,8 km/l
Melhor consumo: 15,2 km/l
Pior consumo: 10,3 km/l
FICHA TÉCNICA VOLVO XC60 RECHAGE T8 MOMENTUM | |
MOTOR A COMBUSTÃO | |
Designação | B4204T48 |
Tipo | 4 cilindros em linha, dianteiro, transversal, bloco e cabeçote de alumínio, duplo comando de válvulas, correia dentada, variador de fase na admissão e escapamento, injeção direta, 4 válvulas por cilindro, turbocarregador e supercarregador, interresfriador, gasolina 95/98 RON |
Cilindrada (cm³) | 1.969 |
Diâmetro (mm) | 82 |
Curso (mm) | 93,2 |
Taxa de compressão (:1) | 10,3 |
Potência máxima (cv/rpm) | 320 / 5.700 |
Torque máximo (m·kgf/rpm) | 40,8/2.200~5.400 |
MOTOR DE PARTIDA/GERADOR | |
Localização | Entre o motor e o transeixo |
Potência (cv) | 45 |
Torque (m·kgf) | 16 |
MOTOR ELÉTRICO DE TRAÇÃO | |
Tipo | Síncrono de ímã permanente, |
Localização | Eixo traseiro |
Potência máxima (cv) | 87 |
Torque máximo (m·kgf) | 24,5 |
TORQUE E POTÊNCIA COMBINADOS | |
Potência total combinada (cv) | 407 |
Torque total combinado (m·kgf) | 65,3 |
BATERIA DE TRAÇÃO | |
Tipo/localização | Íons de lítio / central no túnel do veículo |
Tensão (V) | 400 |
Capacidade (kW·h) | 11,6 |
Potência máxima de carga, AC (kW) | 3,6 |
TRANSMISSÃO | |
Designação | AW TG81SD |
Tipo | Transeixo dianteiro com câmbio automático epicíclico de 8 marchas, tração dianteira |
Relações das marchas (:1) | 1ª 5,250; 2ª 3,029; 3ª 1,950; 4ª 1,457; 5ª 1,221; 6ª 1,000; 7ª 0,809; 8ª 0,673; Ré 4,015 |
Relação de diferencial (:1) | 3,329 |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, triângulos superpostos, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem |
Traseira | Independente, multibraço, mola transversal de lâmina única de compósito de fibra de vidro, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida indexada à velocidade |
Diâmetro mínimo de giro (m) | 11,4 |
FREIOS | |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado/345 |
Traseiros(Ø mm) | Disco/320 |
Controle | ABS, distribuição eletrônica das forças de frenagem e auxílio à frenagem |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Liga de alumínio, 7,5J x 19 |
Pneus | 235/55R19H |
CONSTRUÇÃO | |
Tipo | Monobloco em aço, suve, 4 portas, 5 lugares |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento | 4.688 |
Largura sem/com espelhos | 1.999/2117 |
Altura | 1.658 |
Distância entre eixos | 2.865 |
Bitola dianteira/traseira | 1.653/1.657 |
Distância mínima do solo (mm) | 216 |
PESOS E CAPACIDADES | |
Peso em ordem de marcha (kg) | 2.080 |
Carga útil (kg) | 580 |
Carga máxima no teto (kg) | 100 |
Peso máximo rebocável (kg) | 2.100 |
Tanque de combustível (L) | 71 |
Porta-malas (L) | 483 a 1.410 |
AERODINÂMICA | |
Coeficiente aerodinâmico (Cx) | 0,32 |
Área frontal (calculada, m²) | 2,65 |
Área frontal corrigida (m²) | 0.84 |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h (s) | 5,4 |
Velocidade máxima (km/h) | 180 (limitada) |
ÂNGULOS | |
Entrada/saída/rampa (º) | 23,1 / 35,5 / 20,8 |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL WLTP | |
Médio (km/l) | 30,3 |
ALCANCE | |
Em modo elétrico (km) | 45 |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
V/1000 em 8ª (km/h) | 61 |
Rotação a 120 km/h em 8ª (rpm) | 1.970 |
Rotação à vel. máxima em 8ª (rpm) | 2.950 |