DIRIGINDO O HONDA ACCORD HÍBRIDO

A Honda convidou a imprensa para experimentar o novo Accord de propulsão híbrida. Já o conhecia desde abril por meio de apresentação pela internet, muito proveitosa, o que gerou ampla matéria, cuja leitura é essencial para compreensão desta agora.

Como é natural, a imprensa fiou esperando que a Honda fornecesse carros para teste dentro de um tempo razoável, mas o tempo foi passando e, nada. Só agora, no começo de setembro, quase cinco meses depois, foi organizada uma sessão de um dia para rodar em São Paulo. Nada ideal, e para piorar numa sexta-feira das 14h00 às 16h30 e em meio a um trânsito muito congestionado. Escolhi o percurso sede da Honda em Santo Amaro a Aldeia da Serra, na região metropolitana de São Paulo.

Era grande a curiosidade de dirigi-lo, visto tratar-se de um sistema híbrido diferente do que se conhecia até então. O carro em si é o mesmo de 10ª geração que o editor de automobilismo Wagner Gonzalez conheceu no lançamento em dezembro de 2018, quase imediatamente após o Salão do Automóvel, em que escreveu a respeito, cabendo-me efetuar o teste-padrão do AE em janeiro de 2019,

Portanto, não havia o que analisar agora senão o trem de força híbrido, mas aquelas duas horas e meia, e com todo aquele trânsito, foram de pouca valia, suficientes apenas para confirmar a excelência do Accord, um sedã médio-grande de 4.904 mm de comprimento com entre-eixos de 2.830 mm, largura da carroceria 1.862 mm e altura, 1,460 mm. Espaço sobra até no porta-malas, 574 litros.

Como funciona o Accord Híbrido

São  três modos de operação: EV Drive, que é 100% elétrico,, Hybrid Drive, e Engine Drive, nesse caso pelo motor a combustão.  A transmissão não tem caixa de câmbio no sentido estrito, de nenhum tipo, apenas conecta uma engrenagem, como segue adiante ao descrever o modo Engine Drive.

Quatro cilindros, 1.993 cm³, 145 cv e 17,8 m·kgf; pela tampa do radiador, vaso de expansão não é pressurizado, moda orientalA operação é primordialmente elétrica, o carro nunca arranca pelo motor a combustão. Como não é plugável (plug-in) a bateria de tração de íons de lítio é bem pequena, apenas 1,1 kW·h, e por isso o alcance nesse modo é de apenas 1 a 2 quilômetros., embora possa atingir 140 km/h nesse modo.  Assim que a bateria se esgota, o motor a combustão entra em funcionamento e aciona o gerador de 106 kW, que passa a carregar a bateria para que esta forneça energia para o motor elétrico. O motor jamais funciona em marcha-lenta, uma vez que não há embreagem ou conversor de torque. É um “start/stop” (desliga/liga motor nas paradas) inerente aos motores elétricos.

Depreende-se que, aproximadamente, o esquema de funcionamento é o de “locomotiva diesel-elétrica” do Nissan Note e-Power que dirigi brevemente em Interlagos. em fevereiro de 2019. A bateria nessa fase serve apenas como ponte para fazer a energia elétrica gerada chegar a motor.

Na verdade, os modos EV Drive e Hybrid Drive se diferenciam apenas pelo segundo não poder rodar só com o motor elétrico. O Hybrid Drive complementa o EV Drive. O motor a  combustão fica em funcionamento permanente para manter a bateria carregada.

O terceiro modo, o Engine Drive é interessante. Quando o carro atinge 100 km/h é feito o acoplamento automático, por embreagem multidisco de atuação hidráulica, do motor a combustão com uma parte do trem de engrenagens do sistema de transmissão de relação 0,806:1, que combinada com a relação de diferencial de 3,421:1 resulta numa relação final de 2,757:1. Com os pneus sejam 225/50R17, a v/1000 é 43,6 km/h, o que representa 2.750 rpm a 120 km/h.  É nessa marcha que o veículo atinge a velocidade máxima de 186 km/h, que é limitada. Nesse modo o gerador, acionado pelo motor a combustão, mantém a bateria carregada.

Tem boa aceleração: 0 a 96,5 km/h em 7,1 segundos e 0 a 160 km/h em 21,7 segundos. Os dados são da revista americana Car and Driver medidos com equipamento Racelogic VBox, baseado em GPS e de grande precisão. Dirigindo-o essa disposição coincide com as sensações. O resto já é conhecido do Accord: rodar confortável, firme direcionalmente com uma rocha, resposta de direção elevada conjugada com direção rápida, freios potentes. E há faixa degradê no para-brisa, muito apreciada naquela tarde ensolarada.

O motor elétrico, como é comum nas propulsão elétrica, gera energia ao se levantar o pé do acelerador ou frear. Pelas borboletas o motorista ajusta quatro níveis de intensidade de regeneração, do mais brando ao mais forte.

O consumo de gasolina, de homologação segundo a metodologia do Inmetro, é 17,6 km/l na cidade e 17,1 km/l na estrada. Mas para minha surpresa, ao chegar de volta à Honda, em Santo Amaro, o computador de bordo, zerado ao sair, indicava 23,6 km/l, ida e volta a Aldeia da Serra, 70 quilômetros.

O que vem com o Accord Híbrido

Na dianteira, o sedã ganha novos para-choque e grade, com desenho mais horizontal e que abriga os novos faróis de neblina em LED.

As rodas de 17 polegadas são novas, com acabamento escurecido, e na traseira, há novo acabamento na parte inferior do para-choque. Na tampa traseira, o emblema-logo e:HEV identifica a versão híbrida, junto dos novos emblemas “H” frontal e traseiro com novo acabamento azul para indicar tratar-se de um híbrido da marca.

Na conectividade, o sistema de áudio agora permite a integração com as tecnologias Android Auto e Apple CarPlay sem a necessidade de cabo Além disso, o carregador por indução no console central está mais potente, 15 watts.

Os ocupantes do banco traseiro passam a contar com duas portas USB que permitem a recarga de dispositivos eletrônicos. O quadro de instrumentos também traz novo grafismo, adequado para todas as funcionalidades do sistema híbrido.

Na segurança, o Honda SENSING foi aprimorado. O modelo traz agora a tecnologia que ativa o freio automaticamente em manobras de baixa velocidade se houver possibilidade de colisão.

O Honda SENSING, pacote de tecnologias de segurança e assistência ao condutor, é um equipamento de série que traz ainda o controle de cruzeiro adaptativo com ajuste de velocidade, sistema de frenagem automática para mitigação de colisão, assistente de permanência na faixa, e sistema para evitar saída de pista.

Os avançados sistemas de segurança ativa e passiva incluem o controle de estabilidade e tração, freios ABS com assistência nas frenadas de emergência, monitoramento da pressão dos pneus, bolsas infláveis dianteiras laterais, de cortina e de joelhos para o motorista e passageiro ao lado — é o primeiro Honda comercializado no Brasil com oito bolsas infláveis.

Outra  importante novidade em segurança é o alerta de uso do banco traseiro, que emite um aviso ao motorista, indicando que algo, como um bebê, pode ter sido esquecido no banco de trás ao trancar o veículo.

Veja a lista de equipamentos em seguida à ficha técnica.

Vendas começaram em meados de agosto, e está acertado que teremos uma unidade para teste no mês que vem.

BS