Chegou a vez de um causo sobre VW Variants II que foi contado pelo João Cássio Bellini, nosso conhecido, pois já colaborou com o causo: “VW Fusca ‘OFF-ROAD’“.
Por várias vezes ele me disse que adora a VW Variant II e que gostaria de restaurar uma, quem sabe sua próxima participação nesta coluna será contando sobre a sua futura VW Variant II.
Uma bela perua na lama
Por: João Cássio Bellini
Meu tio e padrinho José Roberto tinha uma Variant II 1980, verde Pampa. Por sinal, o manual dela está devidamente guardado em minha prateleira! “Tio Zé” comprou a Variant II zero-km, na antiga concessionária Pacaembu Motor (depois, Vimave Pacaembu e no endereço há atualmente um par de torres residenciais construídas pelo Grupo Silvio Santos). Abaixo fotos do manual do proprietário desta Variant II:
Segundo comentam na família, ninguém compreendeu a decisão dele de comprar um veículo caro (sim, a Variant II era cara) e que já estava saindo de linha. Mas o fato é que ele a comprou.
Eu, quando criança, enxergava a VW Variant II como um cruzamento de VW Brasília com VW Passat usando motor de VW 1600 TL. Um veículo de motor traseiro arrefecido a ar com rodas que serviam no VW Passat e ruído de VW 1600 TL…
Meu tio ia a qualquer lugar de Variant II, empreendia longas viagens com a perua e, quando a vendeu, já com mais de 100 mil km e precisando de funilaria (ferrugem é uma cruz que toda Variant II carrega), ela foi para uma família de posses residente no Alphaville Residencial 2.
Esta família precisava de um veículo barato e confiável para levar para a região de Blumenau, SC, para andar na região de campanha próxima a Blumenau, por estradas secundárias de terra, que na chuva viravam um desafio que a Variant II era capaz de vencer facilmente.
Mudando de cenário, uma das coisas que me marcaram demais sobre a valentia da Variant II na lama foi uma família da cidade de Santos, em São Paulo, proprietária de uma casa de veraneio no distrito de Monte Verde, em Minas Gerais, próximo à divisa com o Estado de São Paulo.
O município de Monte Verde, região montanhosa do sul de Minas Gerais, até um passado não tão distante, tinha muitas estradas de terra, e quando chovia formava-se lama em muitas delas, o suficiente para ficarem intransitáveis para veículos comuns — inclusive o acesso à Monte Verde da Rodovia Fernão Dias era em estrada de terra que subia a montanha.
VW Fuscas, VW Kombis e VW Brasílias eram os carros que os moradores locais usavam em seu cotidiano. Inclusive, até hoje vê-se um sem-número de Fuscas da década de 1990 numa concentração que confesso não conhecer outra.
Naquela época (final da década de 1980, início dos anos 90) não havia veículos 4×4 como existem hoje e por razões que desconheço, os Willys/Ford Jeep, Rural e Picape eram veículos que estavam, em sua maioria, sucateados por lá.
A Variant II daquela família de Santos tinha um conjunto interessante de modificações: suspensão dianteira e traseira levantadas, deixando o carro com uma considerável altura livre do solo, e pneus lameiros que lhe davam um ar “Adventure”, ou “Crossover”.
Como a Variant II tinha suspensão traseira por braço semiarrastado, mas mantinha a barra de torção, as rodas traseiras se mantinham verticais mesmo com toda aquela altura do solo. e não com o inevitável e indesejável câmber excessivamente positivo da suspensão por semieixo oscilante da Variant anterior e outros VW. Essa perua chegava a locais muito enlameados, sem patinar em demasia ou fazer grande esforço.
Esta Variant II andou por Monte Verde por muitos anos e só não a vi mais por ter deixado de frequentar o local, no final dos anos de 1990. Mas até hoje lembro dessa família e sua Variant II “Crossover”!
(Fim do Causo)
Quem quiser dar uma olhada na história do VW Variant II apresento o artigo desta coluna: “Variant II – O Grande Carro de 1978” . Abaixo, a foto de uma Variant II normal:
Levando as Variant II no off-road ao extremo
Pesquisando fotos para esta matéria, cheguei ao site 4x4brasil.com.br de onde veio a foto de abertura; é a Variant II do Fábio, uma foto de outra Variant II que ele tinha na época é mostrada abaixo:
Mas neste caso dos carros do Fábio ainda se reconhecia tratar-se de Variant II, porém o pessoal do off-road não parou por aí e eu encontrei modificações para lá de radicais destes carros raros transformados em veículos para trilhas, totalmente descaracterizados.
Abaixo a Variant II, ou o que sobrou dela, adaptada para off-road, exemplar fotografado na cidade de Montenegro, RS, por Rudynho – 4x4brasil.com.br:
Havia um outro exemplar para venda — anúncio postado pelo Dimmy no fórum 4x4brasil.com.br (quem estava oferecendo o carro era a Luciana), com as seguintes características: molas dianteiras helicoidais; freios dianteiros a disco; motor VW AP800 Mi flex (2004); câmbio de VW SP2; painel de VW Gol G3; Volante Schutt; estribos; bancos tipo concha; rodas de liga de alumínio leve 15-polegadas; capota de lona; veículo com motor e documentação legalizados pelo Inmetro. Foto deste exemplar:
Este mundo dos carros modificados para off-road é um mundo para si, mesmo. Acho que poucos conheciam este uso de Variants II.
Apesar de sua vida efêmera (1977-2000), sempre achei as Variant II carros especiais, uns “mutantes”, como bem João Cássio definiu. Os raros exemplares sobreviventes são muito valorizados entre os colecionadores, sendo muito difícil encontrar Variants II em boas condições hoje em dia. Eu, particularmente, fiquei chocado ao ver estes exemplos de Variant II mutilados desta maneira, mas cada um sabe o que fará com o seu veículo.
O João Cássio Bellini também nos brindou com outra matéria que tinha a ver com veículo para andar na lama, trata-se da matéria “A Kombi da Fazenda” que conta a história de uma das Kombis que o avô dele teve, mas esta equipada com diferencial travante.
Com a presente matéria encerro a trilogia dele dedicada a veículos Volkswagen e seu desempenho em estradas difíceis e, pior ainda, com lama.
Agradeço a ele por esta importante contribuição para a coluna “Falando de Fusca & Afins”.
AG
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