O Jeep com mais cara de Jeep que a Jeep produz na fábrica da Jeep no Brasil sofre a primeira grande mudança desde seu lançamento em 2016. O Jeep Renegade ganhou o novo motor T270 que já apareceu na Fiat Toro, no Jeep Compass e no novo Jeep Commander, e associado a esse motor permanece o conjunto de transmissão 4×4 que utiliza o câmbio automático epicíclico de 9 marchas que já era utilizado na versão diesel.
O Circuito dos Cristais em Curvelo, MG é utilizado pela engenharia da Stellantis para desenvolvimento e validação de seus produtos e vem recebendo pistas adicionais para ajudar nesse processo de engenharia. Em adição à pista do autódromo que é boa para várias manobras e avaliações em asfalto, pistas de paralelepípedo, ondulações, e sem pavimentação foram construídas. E foi lá que criaram uma boa pista para teste de veículos 4×4 com diversas características para permitir uma melhor avaliação do novo conjunto carro+motor+tração.
Os carros utilizados são da pré-série e ainda estavam camuflados, portanto não tive oportunidade de entender todas as mudanças de linhas do exterior e interior. Isso só iremos conhecer no final de fevereiro, quando o carro será oficialmente lançado.
Se preferir assista antes ao vídeo de apresentação e avaliação do veículo em conjunto com um engenheiro da Stellantis:
Motor T270
Com 180/185 cv de potência máxima a 5.750 rpm o novo motor da Stellantis já figurava como uma possível opção para utilizar tração 4×4. Esperava que fosse aparecer primeiramente no Compass, mas a Jeep resolveu dar a largada no Renegade, mesmo porque, o motor 1,8-l flex deve ter dificuldades para atender os requisitos do Proconve L7, ficando mais fácil já instalar o novo motor. Não ficaria surpreso em ver esse conjunto 4×4 aplicado em outros produtos da linha Stellantis em breve.
Clique nas fotos com o botão esquerdo do mouse para ampliá-las e ler as legendas – fotos: Leo Fontes / Cerri
O câmbio automático de 9 marchas foi mantido com as mesmas relações, apenas o par final foi encurtado em cerca de 5% para compensar a diferença de torque do motor, que agora tem 27,5 m·kgf a 1.750 rpm, contra os 35,7 m·kgf a 1.750 rpm do turbodiesel 2,0.
O sistema de tração é equipado com cinco modos de condução, em que os modos areia e lama foram agrupados para permitir a criação do modo Sport. Em Areia/Lama (Sand/Mud) o controle de tração fica com atuação limitada de modo a evitar a diminuição de torque do motor para as rodas. Ainda nesse modo a tração é 4×4 integral com prioridade para o eixo dianteiro e sob demanda para o traseiro. O novo sistema de tração emula bloqueio da roda que estiver com maior escorregamento, transferindo maior torque para a roda em contato com o solo, e responsável por tirar o carro de qualquer encrenca.
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O desempenho ficou muito bom para um veículo com peso em ordem de marcha de 1.643 kg e com boa capacidade para uso fora de estrada. O fabricante divulga 0-100 km/h em 9,9/9,7 segundos e velocidade máxima de 200/202 km/h. Os dados de consumo de combustível ainda não foram divulgados, mas não acredito números muito animadores, caso contrário já teria sido informado.
Com a introdução do motor T270, o Jeep Renegade passa a ter apenas esse motor combinado com opção de tração 4×2 ou 4×4; as variações de acabamento ainda não foram informadas. Nesta avaliação foi utilizada a versão Trailhwauk. O motor turbodiesel foi descontinuado, pois segundo o fabricante ele tinha uma participação inferior a 10% do volume total de Renegade e não faria sentido seguir investindo em atualizações para volume tão pequeno.
Dinâmica 4×4
O foco dos engenheiros foi manter a capacidade para uso fora de estrada que a versão turbodiesel apresentava. Assim, todo desenvolvimento com a nova motorização turbo flex foi feito nesse sentido. A suspensão dianteira do tipo McPherson foi recalibrada em molas, amortecedores e barra antirrolagem, o mesmo acontecendo na traseira do tipo McPherson com braços de controle transversais e longitudinal, com relação a molas e amortecedores.
Foi possível notar que o equilíbrio de movimentação entre o eixo dianteiro e traseiro é bem balanceado e não apresenta jogo lateral excessivo quando trafegando por pisos sem pavimentação e bem acidentado. O curso de trabalho da suspensão é bem generoso, mas não chega ao nível do Wrangler, porém mesmo assim o Renegade se saiu muito bem na chamada “pista de casca de ovo”, onde ocorre o fim de curso de extensão da suspensão dianteira e traseira de modo cruzado. Nesse evento o sistema de controle de tração leva os méritos, pois consegue entregar potência para a roda em contato com o solo.
Os pneus 215/60R17 Bridgestone Alenza 001 são desenvolvidos para uso misto em veículos do tipo suve e tem papel fundamental para percorrer trechos de piso escorregadio, pois são os únicos componentes do carro em contato com o solo (às vezes esquecemos disso). Os engenheiros presentes ao evento informaram que haverá a opção de um pneu mais “biscoitudo” para uso mais severo fora de estrada, porém não ficou claro qual tipo será montado em qual versão.
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No geral o veículo passou muito bem em todos os eventos fora de estrada criados para essa avaliação, e é claro que não iriam propor um obstáculo intransponível. A descida da rampa de 45% de inclinação, com a ativação do controle de descida, assusta, pois não há visibilidade e falta uma câmera frontal, como visto no Ford Bronco, para auxiliar nessa manobra. Os trechos alagados de até 480 mm de profundidade são facilmente transponíveis e o novo motor tem força suficiente para mover o veículo nessa condição. E até a arrancada em rampa de 30% de inclinação com piso escorregadio foi facilmente executada. Acredito que mesmo com o veículo carregado não teria maiores problemas.
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Conclusão
Pela ficha técnica apresentada e pelo que foi possível ver sob as camuflagens dos veículos utilizados, as dimensões gerais são similares ao veículo atual, a capacidade de 400 kg de carga é a mesma, porém não informaram a capacidade de carga para reboque, pergunta que faremos no lançamento em fevereiro.
Os painéis de porta e painel de instrumentos trarão novidades em seus desenhos e o que foi possível notar no interior é que o quadro de instrumentos deve seguir o desenho do Fiat Pulse, assim como o volante que deve ter apenas o logotipo FIAT substituído pelo JEEP no botão da buzina. Em termos de conectividade também deve seguir a tendência já vista nos Jeeps Compass e Commander.
Clique nas fotos com o botão esquerdo do mouse para ampliá-las e ler as legendas – fotos: autor
O Renegade perde a opção de motor turbodiesel, mas ganha muito com a saída do motor E.torQ 1,8-l, que ficará disponível apenas para exportação. A introdução do T270 é um passo à frente para a conquista de novos consumidores. Os preços e versões definitivas só serão informados no lançamento oficial em 2022.
GB
FICHA TÉCNICA JEEP RENEGADE TRAILHAWK T270 FLEX 4X4 | |
MOTOR | |
Designação do motor | GSE T270 |
Descrição | 4 cilindros em linha, dianteiro, transversal, bloco e cabeçote de alumínio, comando de válvulas no cabeçote, corrente, 4 válvulas por cilindro, controle das válvulas de admissão eletro-hidráulico MultiAir, injeção direta, turbocompressor com interresfriador, flex |
Cilindrada (cm³) | 1.332 |
Diâmetro e curso (mm) | 70 x 86,5 |
Taxa de compressão (:1) | 10,5 |
Potência (cv/rpm) (G/A) | 180/185/5.750 |
Torque (m·kgf/rpm) | 27,5/1.750 |
Corte de rotação (rpm) | 6.500 |
Comprimento da biela (mm) | 149,3 |
Relação r/l | 0,289 |
CÂMBIO | |
Tipo | Transeixo com câmbio automático epicíclico de 9 marchas e uma à ré, tração 4×4, fabricação Stellantis sob licença ZF |
Relações das marchas (:1) | 1ª 4,70:1; 2ª 2,84:1; 3ª 1,91:1; 4ª 1,38:1; 5ª 1,00:1; 6ª 0,81:1; 7ª 0,70:1; 8ª 0,58:1; 9ª 0,48:1; ré 3,80:1 |
Relação de diferencial (:1) | 3,867 |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente McPherson, braço triangular, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem |
Traseira | Independente McPherson, braços de controle paralelos e um longitudinal, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira eletroassistida |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 10,8 |
FREIOS | |
Servoassistência/tipo | Sim/bomba de vácuo |
Dianteiros (Ø mm) | A disco ventilado/305 |
Traseiros (Ø mm) | A disco/278 |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Liga de alumínio, 6,5Jx17 |
Pneus | 215/60R17 |
CARROCERIA | |
Construção | Monobloco em aço, suve, 4 portas, 5 lugares |
DIMENSÕES EXTERNAS (mm) | |
Comprimento | 4.268 |
Largura sem/com espelho | 1.805/n.d. |
Altura | 1.712 |
Distância entre eixos | 2.570 |
Bitola dianteira/traseira | 1.550/1.552 |
Distância mínima do solo | 195 |
DADOS OFF-ROAD | |
Ângulo de entrada (°) | 30 |
Ângulo de saída (°) | 32 |
Ângulo de rampa (°) | 22 |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h (s, G/A) | 9,7/9,9 |
Velocidade máxima (km/h, G/A) | 200/202 |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL (INMETRO PBEV) | |
Cidade | n.d. |
Estrada | n.d. |
Capacidade do tanque de combustível (L) | 55 |
PESOS E CAPACIDADES | |
Peso em ordem de marcha (kg) | 1.643 |
Carga útil (kg) | 400 |
Peso rebocável sem/com freio (kg) | n.d. |
Capacidade do porta-malas (L) | 320/1.300 com banco traseiro rebatido |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 9ª (km/h) | 68 |
Rotação do motor a 120 km/h em 9ª (rpm) | 1.760 |
Rotação do motor à vel. máxima em 5 (rpm) | 6.100 |