“Governar é abrir estradas”. Essa frase atribuída ao presidente Washington Luís realmente faz muito sentido, especialmente em um país de dimensões gigantescas como o Brasil. Sabemos que a maior parte das estradas nacionais não recebe o carinho que deveria, mas elas ainda seguem como principal forma de escoamento da produção de grãos e transporte de maneira geral.
E os trabalhadores dessas estradas que são os responsáveis por levar as riquezas do país de ponta ponta e também para os vizinhos da América do Sul merecem todo o nosso respeito por conta dos sacrifícios que a profissão exige.
E falando de transporte falamos das máquinas encarregadas por todo esse trabalho pesado, literalmente falando. Os caminhões rodam milhões de quilômetros de um porto ao outro, de uma cidade a outra e, mais do que isso, do Oiapoque ao Chuí com suas diferentes carrocerias e configurações mecânicas.
Quando pensamos no contexto brasileiro de estradas e rodovias atual já vemos que existe um déficit, seja de estrutura estadual ou federal. Dessa forma é possível imaginar como era durante as décadas de 1930 ou 1940. E a maior parte dos caminhões naquela época vinha de fora.
Juntamente com isso na década de 1950 havia uma ideia de modernização do país do ponto de vista urbano e também rodoviário. Sabemos que as ferrovias foram sendo deixadas de lado com o passar dos anos e hoje seriam um suporte muito importante para o transporte de riquezas. Apesar de ainda representarem uma parte do escoamento da produção, os caminhões, literalmente, tomaram conta do país.
Mas hoje vamos falar de um desses pioneiros do transporte: o Fenemê, caminhão com alma Alfa Romeo que começou a ser produzido no país em meados da década 50. Em 1956, no governo Juscelino Kubitschek, foi criado o Geia, Grupo Executivo da Indústria Automobilística, com o intuito principal de fomentar a criação e o desenvolvimento do setor no país.
E a primeira empresa que surgiu nesse contexto foi a Fábrica Nacional de Motores, justamente produzindo um caminhão que aguentasse todas as características das nossas estradas difíceis e também a diversidade da natureza. Nascia ali um mito das estradas.
Uma de suas características mais interessantes era o motor com a base toda em alumínio. Esse gigantes traziam também a cabine com a famosa “porta suicida” (abrem para trás) e, talvez a mais lembrada, as duas alavancas de câmbio, com caixa de marcha normal e uma reduzida.
Aliás, as duas caixas de câmbio merecem um parágrafo à parte. Uma delas é para as marchas simples e a outra para as reduzidas. Um sistema que outros caminhões utilizavam na própria alavanca, como o famoso Scania 111. No caso deste a operação era feita simplesmente levantando um botão na manopla de câmbio.
Falando sobre a mecânica os modelos usavam motores de até 11 litros e 150 cv. Isso até parece pouco para os padrões de hoje mas os guerreiros da estrada aguentavam bem o trabalho pesado. Até hoje ainda é capaz de encontrar alguns deles ainda na ativa, carregando o país em suas carrocerias.
Fomos até o interior de São Paulo para conhecer os Osvaldo Strada, um apaixonado pela marca e que possui a maior coleção do gênero no país. Além de conhecer todos os detalhes sobre a história de cada exemplar ele também se diverte dirigindo os pesados. Em breve traremos a matéria com um deles rodando na estrada.
Nessa semana mostramos a coleção em detalhes, caminhão por caminhão. Uma das melhores coisas foi a apresentação do Oswaldo que, além de ser uma pessoa muito receptiva, também sabe absolutamente tudo sobre a sua grande paixão que é o FNM.
Entre os itens da coleção estão alguns modelos que fizeram história. Dois deles, mais perto do final do vídeo, participaram ativamente da construção de Brasília, em 1960. Vale reparar também nas cabines e abertura da porta, do tipo “suicida”, algo bastante incomum para os padrões de hoje.
Além disso chama atenção a variedade de cores, detalhes e também estilos. Temos por ali exemplares com dois eixos, carroceria de madeira, cavalo-mecânico, carroceria de lata e algumas outras opções. A impressão é de que estamos em uma grande sala de brinquedos na escala 1:1.
Reparem no início do vídeo que toda a coleção também está representada através de miniaturas. Em breve traremos uma matéria especial mostrando em detalhes esse serviço de customização e criação. Muito capricho e paixão de sobra. Nos vemos em breve!
GDB