Em termos de velocidade média, o circuito de Corniche, em Jeddah, na Arábia Saudita, só perde para Monza (Itália), e no que diz respeito à sua extensão só é superado por Spa-Francorchamps (Bélgica). A pista relativamente estreita, situada na orla do Mar Vermelho, será sem dúvida uma oportunidade para explorar ao máximo as características dos novos carros da F-1, que este ano seguem um novo regulamento. Isso, e uma recente diretriz da FIA sobre o comportamento dos pilotos na pista, completam um cenário que permite esperar boas disputas e algumas surpresas.
O escopo do projeto que determinou a localização e formato do circuito de Jeddah determinou que a pista fosse reconhecida como “um Mônaco superveloz”. Aliás, o nome “Corniche” remete à região em torno do famoso principado da Costa Azul. Já o fato de que os freios são acionados em apenas 7 das 27 curvas do percurso ilustra bem a diferença com o correspondente europeu. Estudos da Brembo (empresa que fornece os sistemas de freio de todos os carros da categoria) indicam que em Corniche é possível chegar aos 320 km/h na aproximação da curva 27, onde os pilotos pisam fortemente nos freios por 2,8 s para percorrer esse trecho a 105 km/h. Essa operação se estende por 138 metros e equivale a uma desaceleração de 4,4 G.
A média horária de Lewis Hamilton na volta que lhe garantiu a pole position da corrida de 2021 foi de 253,984 km/h, algo inimaginável para um circuito de rua até recentemente. Com tantos trechos de alta velocidade os carros 2022 vão exigir boa dose de adaptação em relação ao que os pilotos viveram no ano passado no primeiro Grande Prêmio da Arábia Saudita. Naquela prova a aerodinâmica de um F-1 provocava uma perda de pressão aerodinâmica bem maior que os modelos atuais: a 20 metros de distância o carro que vinha atrás perdia 35% dessa força, índice que a 10 metros aumentava para 46%. Este ano esses números caíram para 4% e 18%, respectivamente.
Tal mudança vai provocar uma guerra tática onde os carros poderão andar mais próximos e as ultrapassagens acontecerão em maior número, mesmo em uma pista relativamente estreita. Este limitador foi atenuado em parte com a eliminação da arquibancada exatamente na curva 27, mudança que aumentou a área de escape e permitirá velocidade mais alta no local.
Após várias inconsistências sobre o comportamento de pilotos na pista e a maneira como acidentes e incidentes foram julgados, a Federação Internacional do Automóvel (FIA) estipulou novas diretrizes para situações de ultrapassagem e obtenção de vantagem indevida, aqui entenda-se sair da pista e ultrapassar o adversário. A partir de agora os pilotos estão instruídos a julgar se a manobra é viável em função da posição do carro que ultrapassa e do que pode ser ultrapassado. No caso de vantagem indevida o piloto beneficiado deverá voltar à sua posição anterior. Caso isso não aconteça a equipe deverá transmitir ordem para tal; caso isso não aconteça os comissários desportivos, enfim, intervirão.
Tal teatro de operações permite esperar que as disputas que Charles Leclerc e Max Verstappen protagonizaram no GP do Bahrein, domingo passado, deverão se repetir depois de amanhã com ambos e também entre outros pilotos. As atividades de pista serão transmitidas pelo canal por assinatura Bandsports (treinos livres às 10h45 e 13h45 de hoje e 10h45 de amanhã) e pela TV Bandeirantes em canal aberto (classificação amanhã às 13h30 e corrida, domingo, a partir das 13:30), sempre pelo horário de Brasília (DF).
WG