As inovações na indústria automobilística mundial não param de aparecer e cada dia estamos vendo os carros mais simples receberem itens relativos aos Sistemas Avançados de Assistência ao Condutor (ADAS. de Advanced Driver Assistance Systems). É uma nova tecnologia que aumenta a segurança dos condutores, passageiros e pedestres, sendo a primeiro pé que a indústria coloca na direção semiautônoma. Além da segurança, os novos sistemas propiciam também mais conforto ao dirigir.
A quinta geração da família Honda City inaugurou o sistema Honda Sensing no Brasil incorporando alguns sistemas do ADAS, e obviamente quanto maior é o número de itens de segurança oferecidos em um carro, maior será seu preço de venda. A inclusão desses sistemas requer o uso de sensores apropriados e até radares e câmeras na parte frontal do veículo para ler as situações das vias e transmitir essas informações à central de controle, que aciona o sistema necessário para evitar ou mitigar os efeitos de uma colisão.
Com toda essa inovação tecnológica presente no novo Honda City Hatch o preço de venda ao público não é dos mais baixos, e acaba afugentando alguns compradores e atraindo a outros que simpatizam com as facilidades da condução pré-semiautônoma.City Hatch EXL – R$ 114.200
City Hatch Touring – R$ 122.600
Esta matéria de avaliação geral é uma complementação da avaliação de um dia que Bob Sharp fez um mês atrás, e se preferir assista primeiramente ao vídeo gravado nas dependências do Box 54 e estrada dos Romeiros em Araçariguama interior de São Paulo distante 48 quilômetros da capital.
Novo motor
Enquanto ainda temos saudade das versões Touring do Honda Civic e Honda HR-V que traziam motores turbocarregados de maior potência e mais divertidos de dirigir, recebemos a nova família do Honda City com a versão Touring com a mesma motorização das demais versões e apenas um maior conteúdo tecnológico que está descrito mais à frente.
O novo motor 1,5-l iVTEC de aspiração atmosférica e injeção direta equipa toda a família e é dotado de duplo comando de válvulas no cabeçote, 16 válvulas com variação de fase e de levantamento de válvulas de admissão pelo conhecido sistema i-VTEC de comutação de ressaltos. O coletor de admissão tem dois comprimentos, dando elasticidade ainda maior. A potência máxima é de 126 cv a 6.200 rpm e o torque máximo é de 15,5/15,8 m·kgf a 4.600 rpm.
Acoplado através de conversor de torque está o câmbio CVT, da própria Honda, com uma calibração exemplar e muito bem casado com o motor. São 7 marchas com pontos de troca de marcha distintos ao se utilizar em modo Drive, ECO ou Sport. Atrás do volante estão as borboletas para trocas manuais e podem ser acionadas em qualquer um dos modos, com a diferença que, estando em Sport, ao acionar a borboleta o sistema passa a manual, enquanto que nos outros modos ao acionar a borboleta a troca é feita manualmente e volta ao automático depois de 10 segundos se não houver atividade de troca.
Nas frenagens o câmbio já antecipa as reduções de marchas com uma leve e prazerosa aceleração interina agradando aos ouvidos dos mais atentos. E fica pronto para a retomada de velocidade. Todo esse trabalho do câmbio CVT é muito sutil, leve e sem causar trancos, e ao se focar a atenção na via ou no bate-papo dentro do carro, os poucos pontos incômodos do CVT passam despercebidos. Mas numa aceleração vigorosa, com pedal do acelerador a fundo (TPS 100), para medir o nível de ruído interno, nota-se o desconforto da rotação ficar em 6.200 rpm, e a velocidade ir crescendo continuamente, sem fazer os “dentes de serra” de troca de marchas que acontece em acelerações de menor TPS.
Um parêntese aqui. Durante décadas (muitas) a indústria utilizava a expressão wide open throtlle (WOT) para dizer que o acelerador estava todo aberto. Com o advento do acelerador elétrico gerenciado pelo módulo de controle eletrônico do motor (ECM, electronic control module), baseado na leitura de um sensor de posição da borboleta de aceleração (throttle position sensor, TPS), passou-se a se referir a sua abertura por porcentagem. Para abertura total, no caso, TPS 100 (100 %);
No uso geral. o consumo com gasolina agradou muito. No trecho-padrão entre São Paulo e Campinas, a 120 km/h com ar-condicionado acionado, o consumo médio foi de 17,9 km/l. Posteriormente numa viagem a São Paulo o consumo foi de 17 km/l, e ao começar a abastecer o carro com álcool não notei diferença significativa na dirigibilidade ou partida a frio do motor (a injeção é direta, lembre-se). No total foram 1.280 km rodados com o carro em nove dias de uso.
Dinâmica equilibrada
Se a dirigibilidade do conjunto motor-câmbio estimula o uso do veículo, a calibração da suspensão complementa esse bom conjunto, e me arrisco a dizer, sem medo de errar, que o Honda City Hatch é hatch compacto mais agradável do mercado brasileiro na atualidade.
O conjunto de suspensão dianteira e traseira utiliza o conceito tradicional do segmento com McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, sendo ambas com molas helicoidais de constante elástica linear e amortecedores pressurizados. A dianteira é acrescida da barra antirrolagem, enquanto na traseira o eixo hidroformado já proporciona a rigidez necessária, dispensando o artifício da barra.
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O equilíbrio de frequências de trabalho da suspensão dianteira com a traseira é perfeito, onde nota-se a frente mais contida e a traseira movimentando para dar a sensação de conforto. No final do curso de distensão da suspensão há batente hidráulico nos amortecedores, evitando o ruído de queda de roda. A distância entre eixos de 2.600 mm certamente facilitou o trabalho dos engenheiros da Honda nessa calibração, além de ter ajudado na distribuição do espaço interno. O pênalti ficou para a altura e ângulo de entrada, visto que a porção à frente do eixo das rodas dianteiras (balanço) é muito longa, tocando frequentemente o asfalto nas passagens de lombadas, mas esse é o preço do melhor consumo de combustível.
Interior espaçoso
Como eu já tinha visto na avaliação completa da versão sedã, o hatch tem arranjo interno similar, com bom espaço para os ocupantes do banco traseiro. O assoalho é praticamente plano, visto que o escapamento é roteirizado pela lateral direita do carro, facilitando acomodação do terceiro ocupante. São dois engates Isofix com ancoragem superior para bancos infantis.
O banco traseiro tem basculamento pantográfico similar ao utilizado nos finados Honda Fit e WR-V, e permite vários arranjos para acomodação de cargas mais longas, largas ou altas. É uma versatilidade que o monovolume Fit trazia e que não está totalmente perdida com o novo City Hatch.
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A nova estrutura dos bancos dianteiros ajudou no aumento de espaço para as pernas dos ocupantes traseiros, sem prejudicar o conforto de quem vai na frente. Muito pelo contrário, os novos bancos são bem confortáveis e mesmo após centenas de quilômetros rodados a fadiga corporal é mínima.
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O quadro de instrumentos tem grafismo de fácil leitura e harmonia de cores e formatos, e a configuração de mostrador digital à esquerda e analógico à direita são perfeitos na sua forma e conteúdo de informações. A intuitividade de operação do computador de bordo é outro ponto a destacar nesta nova família City.
A tela multimídia de 8 pol. é a mesma da versão sedã, sendo um avanço em relação ao sistema anterior, com melhor resposta tátil e ótima definição de imagem. A interface com Android Auto e Apple CarPlay é sem fio e fica devendo o carregador de bateria de celular por indução.
ADAS
O Sistema Avançado de Assistência ao Condutor na Honda é chamado de Honda Sensing e engloba os sistemas de controle de cruzeiro adaptativo, que para uso no Brasil ainda falta amadurecimento do comportamento dos motoristas em geral. A distância mínima de segurança que o sistema opera é muito grande, e o cidadão que insisti em andar pela faixa da esquerda não percebe que está bloqueando um carro que vem atrás em maior velocidade e com o sistema ativado.
O auxílio de permanência no centro da faixa é muito bom para ser utilizado em autoestradas com curvas de raios grande, trazendo conforto para viagens mais longas. E o sistema de alerta de saída involuntária de faixa traz o carro de volta, sendo pouco intrusivo mas dá maior segurança ao volante.
O sistema de frenagem automática para evitar colisão é muito útil e reduz as consequências de uma colisão, mas não permite o anda e para automático de trânsito urbano. O ajuste automático de farol alto é outro item de conforto e segurança, pois à medida que se ingressa em trechos de baixa iluminação na via, ocorre a comutação para o alto. Todos esses sistemas recebem a informação de câmeras posicionadas no alto do para-brisa, atrás da fixação do espelho retrovisor.
Bonito por fora
Sem ter nada para chamar de inovador no desenho exterior, o Honda City Hatch tem um conjunto de linhas muito harmonioso, e em alguns ângulos pode lembrar outros hatches do mercado, mas o resultado ficou muito bom. Segundo os executivos da Honda do Brasil, o modelo foi desenvolvido em túnel de vento da marca no Japão, e alguns resultados são facilmente reconhecidos como tendo nascido de estudos bem elaborados de engenharia. Um deles é o posicionamento do espelho retrovisor nas portas, dando ampla visibilidade, e por estarem afastados da carroceria colaboram com a redução do coeficiente de arrasto aerodinâmico.
As rodas de 16” com acabamento diamantado e pintura em preto Berlina pareceram pequenas na avaliação do sedã, já no hatch parecem estar em tamanho apropriado ao modelo, e os pneus 185/55R16 de baixa resistência de rolamento podem parecer pequenos para o tamanho do carro, mas ajudam bem na eficiência energética.
O teto tem um caimento discreto sem prejudicar o espaço para cabeças dos ocupantes do banco traseiro. O defletor do teto minimiza a incidência de raios solares pelo vidro vigia e tem função aerodinâmica. E todo o desenho da carroceria sugere esportividade e movimento. A iluminação em LED (DRL, pisca, farol alto e baixo) nos faróis e lanternas tem assinatura luminosa harmonizada com a carroceria e deixam o carro compacto com aparência de luxuoso.
Conclusão
Ao cessar a produção do Civic, HR-V, WR-V e Fit no final de 2021 o ego de muitos aficionados da marca Honda ficou machucado, mas certamente os bons atributos da nova família City pode suprir muitas demandas desses clientes da marca.
Nesta semana com o Honda City Hatch foi possível notar o excelente equilíbrio obtido entre conforto, desempenho, consumo de combustível e prazer ao dirigir. Até mesmo o volume de 268 litros do porta-malas, ou do tanque de combustível de 39,5 litros podem não ser problema para a maior parte dos usuários de carros dessa categoria.
GB
(Atualizada em 4/4/22, correção de informação do fabricante do câmbio)
FICHA TÉCNICA HONDA CITY 2022 | |
MOTOR | |
Designação | 1,5L i-VTEC DI |
Tipo | Quatro cilindros em linha, transversal, bloco e cabeçote de alumínio, comando no cabeçote acionado por corrente, 16 válvulas, variação da fase e de levantamento de válvulas na admissão pelo sistema i-VTEC, injeção direta, flex |
Cilindrada (cm³) | n.d. |
Diâmetro e curso (mm) | n.d. |
Taxa de compressão (:1) | n.d. |
Potência (cv/rpm, G/A) | 126/6.200 |
Torque (m·kgf/rpm, G/A) | 15,5/15,8/4.600 |
Comprimento da biela (mm) | n.d. |
Relação r/l | n.d. |
TRANSMISSÃO | |
Câmbio | Transeixo dianteiro CVT de 7 marchas à frente e ré, com conversor de torque |
Relações de transmissão (:1) | n.d. |
Espectro das relações (:1) | n.d. |
Relação de diferencial (:1) | n.d. |
Estol do conversor de torque (rpm) | 2.100 |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, McPherson, braço inferior triangular, mola helicoidal, amortecedores pressurizados e barra antirrolagem |
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor hidráulico |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida na árvore de direção |
Voltas entre batentes | 2,7 |
Diâmetro do aro do volante (mm) | 370 |
Diâmetro mínimo de giro (m) | n.d. |
FREIOS | |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado/n.d. |
Traseiros (Ø mm) | Tambor |
Controle | ABS, EBD e assistência à frenagem |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Alumínio, 6Jx16 |
Pneus | 185/55R16 (Dunlop Enasave EC300) |
Estepe temporário | Roda de aço com pneu T135/80 D15 |
CARROCERIA | Monobloco em aço, sedã 3-volumes ou hatch, subchassi dianteiro, quatro portas, cinco lugares |
CAPACIDADES | |
Porta-malas (L) | 519 / 268 (hatch) |
Vão do porta malas (mm) | 994 máximo (sedã) |
Tanque de combustível | 44 (sedã) / 39,5 (hatch) |
PESOS (kg) | |
Em ordem de marcha | 1.165 (sedã EX) a 1.180 (hatch Touring) |
Capacidade de carga | n.d. |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento (sedã/hatch) | 4.549 / 4.341 |
Largura sem/com espelhos | 1.748 |
Altura (sedã/hatch) | 1.477 / 1.498 |
Distância entre eixos | 2.600 |
Bitola dianteira/traseira | n.d. |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h (s) | n.d. |
Velocidade máxima (km/jh) | n.d. |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL INMETRO/PBVE | |
Cidade (km/l, G/A) | 13,1/9,2 / 13,3/9,1 |
Estrada (km/l, G/A) | 15,2/10,5 / 14,8/10,5 |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 7ª (km/h) | n.d. |
Rotação a 120 km/h em 7ª (rpm) | n.d. |
MANUTENÇÃO | |
Revisões Troca de óleo do motor (km/tempo) | 10.000/1 ano |
GARANTIA | |
Termo (anos) | 3, sem limite de quilometragem |
EQUIPAMENTOS HONDA CITY 2022 |
SEGURANÇA |
Alarme com imobilizador de motor |
Alerta de cinto desatado para motorista e passageiro dianteiro |
Assistente de frenagem de emergência |
Assistente de partida em aclives |
Assistente para redução de ponto cego |
Bolsas infláveis frontais, laterais e de cortina |
Câmera de ré |
Cintos de segurança dianteiros com pré-tensionador e ajuste de altura |
Controle de estabilidade e tração desligável |
Engates Isofix com fixação superior para dois bancos infantis |
Espelhos externos de acionamento elétrico |
Honda Sensing – controle adaptativo de cruzeiro, frenagem para mitigação de colisão, auxílio de permanência em faixa, mitigação de evasão de pista, farol alto automático – apenas na versão Touring |
Luzes de rodagem diurna (DRL) em LED |
Monitoramento da pressão dos pneus |
Trava para crianças nas portas traseiras |
EQUIPAMENTOS EXTERNOS |
Antena de teto do tipo tubarão |
Carcaça dos espelhos e maçanetas externas na cor da carroceria |
Faróis principais halógenos com acendimento automático / Full LED na versão Touring |
Lanternas traseiras e luz de freio em LED |
Rodas de alumínio 16-pol com acabamento diamantado e escurecido |
CONFORTO E COMODIDADE |
Acionamento elétrico de todos os vidros com função um-toque descida e subida |
Ajusta de altura e distância do volante de direção |
Ajuste manual do banco do motorista |
Alerta de farol ligado e desligamento automático após 15 segundos |
Ar-condicionado automático de uma zona |
Aro do volante e manopla do câmbio em couro |
Banco traseiro dividido 70:30 |
Bancos, portas e console central em tecido premium com costuras |
Chave tipo presencial com partida por botão |
Console central com descansa-braço, porta-objetos e porta-copos |
Controlador adaptativo de velocidade de cruzeiro com comando no volante |
Descansa-braço central traseiro com porta-copos |
Desembaçador do vidro traseiro |
Espelho nos para-sóis |
Fechadura do porta-malas com comando interno |
Iluminação no porta-malas |
Pisca-3 (três piscada de setas com um toque na alavanca) |
Porta-objetos nas quatro portas |
Porta-revistas no dorso dos encostos dos bancos dianteiros |
Revestimento do teto em tecido claro |
Revestimento na tampa do porta-malas |
Tapetes em carpete com presilhas de segurança |
Tomada de 12 V |
Travamento automático das portas a 15 km/h |
ÁUDIO E CONECTIVIDADE |
Alto-falantes quatro no EX/EXL e oito no Touring |
Bluetooth e streaming de áudio |
Controle de áudio no volante |
Interface de USB áudio com ponto de recarga na frente de 1,5 A e no console central de 1 A |
Interface para smartphones Android Auto e Apple CarPlay com espelhamento sem fio |
Multimídia com tela LCD tátil de 8 polegadas |
Quadro de instrumentos digital de 7 polegadas de alta resolução |