A Bosch fechou o ano fiscal de 2021 com vendas totais de R$ 9,2 bilhões na América Latina — um crescimento de cerca de 35% sobre 2020 —, incluindo as exportações e as vendas das empresas coligadas. “Mesmo com todas as incertezas que enfrentamos ao longo de 2021 com a pandemia, como a falta de matéria-prima, aumento nos custos de produção e até mesmo as adversidades enfrentadas nos campos social, econômico e político, conseguimos crescer vertiginosamente em todas as nossas áreas de atuação e países onde estamos presentes. Este é, com certeza, o melhor resultado do Grupo Bosch na região nos últimos anos, o que nos mostra que a estratégia de longo prazo, combinada com o desenvolvimento de soluções e serviços com foco em “Tecnologia para vida” para diferentes setores de negócios, foi assertiva”, ressalta Gastón Diaz Perez, executivo-chefe e presidente da Robert Bosch América Latina.
Gastón Diaz Perez, argentino, 45 anos, assumiu a presidência da Bosch América Latina em janeiro último substituindo o brasileiro Besaliel Botelho, 62 anos, que se aposentou no final de dezembro após brilhante carreira na Bosch do Brasil iniciada em 1985, em que ascendeu à vice-presidência executiva da Robert Bosch América Latina em 2006 e em 2011 passou à presidência do Grupo Bosch na região.
Besaliel Botelho (ao lado), com seu amplo know-how e conhecimento mercadológico, continua como membro do conselho consultivo da Robert Bosch América Latina, além de continuar com seu mandato de presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA).
As operações do Grupo no Brasil foram responsáveis por 73% do volume de vendas na região. Seus quase 8.800 funcionários no Brasil contribuíram para gerar um faturamento de R$ 6,9 bilhões, sendo 25% gerados a partir das exportações para os mercados da América Latina, América do Norte e Europa.
Apesar do resultado de vendas positivo do ano passado, 2022 merece cautela. O conflito na Ucrânia e o recente o lockdown na China devido à pandemia da Covid-19 agravou ainda mais a crise de abastecimento, principalmente de semicondutores. Na América Latina, há ainda outros fatores que podem impactar o desenvolvimento dos negócios na região, como a alta da inflação, dos juros e o consequente aumento dos custos de produção. Nesse contexto, a Bosch planeja um crescimento moderado das vendas ao longo desse ano.
Diversidade de negócios e soluções em serviços
A estratégia da Bosch para a América Latina está pautada na diversidade, digitalização, inovação, expansão regional e novos negócios. A região oferece um ecossistema favorável para desenvolvimento da digitalização e oferta de serviços para outros mercados. Para isso, a empresa busca alavancar sua competitividade combinando sua experiência em Internet das Coisas (IoT) com Inteligência Artificial (AI) na geração de novos negócios e, assim, se tornar uma empresa líder em AIoT (AI + IoT). Na região, a multinacional atua nessa vertente de desenvolvimento oferecendo soluções de AIoT para os setores da mineração, agronegócios, mobilidade, indústria e, mais recentemente, na área de tecnologia da informação.
“As soluções que desenvolvemos localmente vão além de tecnologias para implementação em hardware. Nesses últimos dois anos, em plena pandemia, dobramos o número de funcionários atuando na exportação de serviços de alto valor agregado de 300 para 600 profissionais,” destaca Diaz Perez. Segundo ele, nas regiões de Campinas e Curitiba, por exemplo, há uma excelente infraestrutura logística, universidades renomadas para formação de pessoas, centros de pesquisa e desenvolvimento e custos competitivos que corroboram para tornar o Grupo Bosch na América Latina um centro de competência global em transformação digital.
Mobilidade segura e sustentável
Até o fim da década, novas formas de motorização estarão disponíveis no mercado nacional, como o híbrido com motor flex, o carro totalmente elétrico e própria célula a combustível. Com o advento da tecnologia de flexibilidade em combustível,, a Bosch ajudou a posicionar o Brasil entre os países com baixo índice de emissões de CO2 devido ao uso do álcool, matriz totalmente renovável. Agora é o momento do país aproveitar esse amplo know-how e se tornar um dos protagonistas no desenvolvimento de soluções para neutralização de carbono através de biocombustíveis, híbrido-flex ou célula a combustível. Por meio de meio de parcerias público-privadas, universidades, centros de pesquisas e desenvolvimento, a Bosch está estudando formas de apoiar o Brasil a participar do desenvolvimento dessa tecnologia em nível global. Além disso, a empresa apoia a disseminação de tecnologias de assistência ao motorista para tornar a mobilidade mais segura e livre de acidentes.
Conectividade no campo
O agronegócio é outra área-foco para a Bosch no Brasil e na Argentina, que vem ganhando ainda mais relevância com a Bosch BASF Smart Farming (BBSF), empresa resultante da joint venture entre a Bosch e a BASF Digital Farming. A partir de agora, a BBSF passa a distribuir e comercializar globalmente tecnologias agrícolas inteligentes, como a Solução de Plantio Inteligente Bosch e a Solução de Pulverização Inteligente Bosch, ambas inovações que têm o objetivo de levar mais conectividade, eficiência e produtividade para o agricultor.
“Nossa região está inserida em um ambiente que nos gera novas oportunidades de negócios graças a todas as mudanças tecnológicas que estamos vivenciando hoje e estamos atentos a essas possibilidades nos mais diversos setores de negócios”, completa o executivo-chefe da Robert Bosch América Latina.
Investimentos e estratégia de longo prazo
A Bosch chegou à América Latina há quase 100 anos. Hoje, seus mais de 10.500 funcionários atuam para tornar a região cada vez mais estratégica e relevante para o Grupo Bosch. Em 2022, a empresa planeja investir cerca de R$ 331 milhões que serão direcionados para garantir o desenvolvimento e a competitividade de suas unidades fabris na região.
Os investimentos na Indústria 4.0, junto com a qualificação de seus funcionários, têm contribuído para a eficiência das operações da empresa, que atingiu níveis de excelência operacional em produtividade e qualidade em linhas de produtos regionais e globais. “Graças aos investimentos em soluções baseadas em automação, conectividade e inteligência artificial, nossas fábricas no Brasil têm se transformado continuamente”, ressalta Diaz Perez.
Além de ser usuária de tecnologias de Indústria 4.0 em suas operações, a Bosch também é provedora de soluções para que toda a cadeia produtiva possa estar conectada, especialmente as pequenas e médias empresas. A empresa disponibiliza para o mercado soluções customizadas turn key nas áreas de automação e engenharia industrial, ferramentaria e I4.0.
Compromisso social e ambiental – valores Bosch
Criada há mais de 60 anos em parceria com o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), a Escola Técnica de Aprendizagem da Bosch (ETS) adicionou novos cursos em seu portfólio a fim de atender a indústria do futuro, como Técnico em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (Smart Automation) e Operador de Fabricação Mecânica (Manufatura Digital). Dessa forma, jovens de 16 a 19 anos contam com uma formação técnica como diferenciador competitivo para suas carreiras e, até o fim desse ano, a Bosch irá formar 100 novos “smart” talentos com foco em tecnologia.
Seguindo esta estratégia, o Instituto Robert Bosch (INRB), braço social do grupo Bosch no Brasil há 50 anos, passou a oferecer aos adolescentes em vulnerabilidade social que vivem no entorno das fábricas e escritórios da empresa, uma trilha do desenvolvimento. Durante três anos, esses jovens passam por diferentes etapas que envolvem o desenvolvimento de competências socioemocionais, reforço escolar e formação profissionalizante. Ao todo, o INRB impacta 350 jovens diretamente e cerca de 2.700 de forma indireta, com programas sociais e parcerias com organizações não governamentais (ONGs).
O comprometimento com o meio ambiente é outro valor que sempre fez parte dos pilares do Grupo Bosch. A Bosch foi a primeira empresa industrial global a tornar suas mais de 400 localidades neutras em CO2 até o final de 2020. Além disso, a empresa realizou diferentes ações no Brasil com o objetivo de obter uma geração de energia limpa e renovável em 2021. Foram instalados mais de 2.600 módulos nas fábricas de Campinas e Curitiba para usinas fotovoltaicas com capacidade de gerar mais de 1.600 MW·h/ano e reduzir a emissão de mais de 200 toneladas de CO2 por ano. Ainda, a empresa implementou internamente a troca de lâmpadas fluorescentes por LEDs e a plataforma de gestão de energia, utilizada para o monitoramento de consumo de energia com auxílio de AIoT.
Grupo Bosch mundial: perspectivas para 2022 e estratégia
Em 2021, a Bosch globalmente alcançou um crescimento significativo em vendas e resultados apesar de cenários adversos. No primeiro trimestre deste ano, a receita de vendas aumentou 5,2% e, para 2022 como um todo, a Bosch espera que cresça mais de 6% e alcance uma margem EBIT na faixa de 3% a 4% — mesmo com a probabilidade de encargos significativos devido ao aumento dos custos de energia, matérias-primas e logística. “O resultado bem-sucedido do ano comercial de 2021 reforça nossa confiança à medida que enfrentamos o ambiente desafiador do ano atual”, disse Stefan Hartung, presidente mundial da Bosch.
Uma das principais incertezas é o conflito na Ucrânia e todas as suas implicações. Para ele, a situação atual destaca a pressão sobre os decisores políticos e a sociedade para que se tornem menos dependentes de combustíveis fósseis e busquem firmemente o desenvolvimento de novas fontes de energia. Por isso, o Grupo Bosch continua de maneira constante com seus esforços para mitigar o aquecimento global mesmo num ambiente econômico desafiador. Além disso, Stefan Hartung anunciou que a Bosch investirá cerca de € 3 bilhões ao longo de três anos em tecnologia neutra para o clima, como eletrificação e hidrogênio. O executivo acredita que a eletrificação baseada em eletricidade verde é o caminho mais rápido para a neutralidade climática. Neste sentido, a Bosch aposta na mobilidade sustentável e já apresenta resultados: em 2021, os pedidos da empresa relacionados à eletromobilidade ultrapassaram € 10 bilhões pela primeira vez.
Complementando, Hartung ainda enfatizou que o hidrogênio também é necessário. “A política industrial deve se concentrar em tornar todos os setores da economia prontos para o hidrogênio”, disse ele. Com o objetivo de ter uma ação climática eficaz, a Bosch também está entrando no negócio de componentes para produção de hidrogênio por eletrólise. A empresa prevê investir cerca de € 500 milhões nesta nova área de negócio até ao final da década — com cerca de metade até o lançamento no mercado, previsto para 2025. Por fim, o presidente mundial da Bosch anunciou que a empresa irá investir mais € 10 bilhões na transformação digital de seus negócios nos próximos três anos. “A digitalização também tem um papel especial na sustentabilidade, e nossas soluções partem dessa premissa”, disse Hartung. Além disso, somente este ano, a Bosch planeja contratar 10 mil novos engenheiros de software em todo o mundo.
BS
Nota: Texto baseado na maior parte em informação à imprensa divulgado pela Bosch em 12/5/22.