A Federação de Automobilismo de São Paulo (Fasp), a Federação Paulista de Motociclismo (FPM), promotores e organizadores de eventos e competições no Autódromo de Interlagos lançaram a campanha “Interlagos é Autódromo!” para defender o uso do local de acordo com a sua finalidade básica. A utilização de Interlagos como praça de esportes a motor está ameaçada pelo processo 6011.2022/0001041-2, assinado pelo Secretário do Governo Municipal Rubens Naman Rizek Júnior.
O documento, expedido no dia 20 de maio último, prevê a realização de eventos regulares para o período de 2023 a 2027, algo que, caso concretizado, irá reduzir ainda mais as datas disponíveis para competições de automobilismo e motociclismo no circuito paulistano. Na única concessão feita ao esporte a motor para firmar os protocolos com os festivais Lollapalooza, The Town e Solos, é que tais agendas não devem “conflitar com o período em que o Autódromo (sic) foi compromissado no contrato da F-1”. O GP de São Paulo provoca a interdição do autódromo por, no mínimo, 45 dias ou seis finais de semana.
De acordo com Rubens Naman Rizek Jr. “Também é fato, como muito bem foi exposto na manifestação do Diretor de Departamento Técnico do Autodromo (061858258) que o equipamento de Interlagos tem vocação para sediar estes grandes festivais musicais, conciliando as agendas com outros eventos esportivos” (sic), o que abre espaço para que ainda mais datas sejam excluídas dos calendários de automobilismo e motociclismo. Não se tem notícia de que entidades como Fasp e FPM ou promotores e organizadores de eventos esportivos tenham sido convocados para debater sobre o tema.
De acordo com Paulo Scaglione, presidente em exercício da Fasp, é inconcebível que um local construído para à prática de esportes a motor e ao ciclismo, seja utilizado por eventos de outra natureza e em detrimento da sua finalidade absoluta: “Em que pese a argumentação apresentada para justificar a realização desses eventos em Interlagos, mencionada em Parecer Técnico, é inconcebível prejudicar a utilização específica do autódromo para promover eventos que podem ser realizados em outros locais, como o Parque Anhembi, e sem molestar a população local”.
O parecer técnico do diretor do Departamento Técnico do autódromo mencionado por Scaglione leva o número (061858258 e menciona em seu parágrafo II “que o equipamento de Interlagos tem vocação para sediar estes grandes festivais musicais, conciliando as agendas com outros eventos esportivos”. Associações de bairro no entorno do autódromo já se manifestaram contrárias à realização de shows e raves no local. Scaglione destaca ainda a discrepância do modelo de gestão incentivado pelo Secretario de Governo no que diz respeito à alocação de datas: “É uma discrepância tão grande que a administração do autódromo já aceita reservas de datas até 2027, quando os finais de semana que sobrarem irão para um ‘leilão’ entre os promotores e organizadores. São Paulo já perdeu 12 etapas de Campeonatos Brasileiros que migraram para outras praças e deixaram de movimentar a economia local e prejudicar a arrecadação da própria prefeitura paulistana.”
WG