Os suves caíram mesmo no gosto do consumidor, praticamente no mundo tudo, no Brasil inclusive. Na sua essência são veículos utilitários, como a expressão em inglês define: utility vehicle. Mas, diferentemente do conceito original de utilitário, veículo de trabalho, foi-lhe acrescentado um adjetivo antes da expressão, como ocorre no idioma de Shakespeare; sport utility vehicle. Com essa adição, o veículo utilitário esporte — não utilitário esportivo, como se traduziu no Brasil — é um veiculo de trabalho que se transformou em veículo de lazer. Todavia, a silhueta daquele, com a traseira quase vertical, foi mantida.
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É absolutamente provável que as fabricantes tenham percebido que a traseira de utilitário não combinava com a de um utilitário destinado primariamente ao lazer. Acredito que a primeira fabricantes a perceber isso tenha sido a BMW, aplicando uma traseira “caída” ao seu novo suve X6 em 2008 (foto de abertura). No começo causou estranheza, mas hoje tem seu público cativo, mais de 450.000 unidades vendidas desde o lançamento.
A traseira caída agrada a muitos, haja vista a traseira do Fusca. Deste e as de outros carros, como o Ford 1947, foco da matéria “Atratividade dos suve: reminiscências”, de fevereiro de 2021, que procura explicar o porquê de os suves serem o sucesso que são.
Abro um parêntese para explicar de novo por que o AE abandonou a sigla SUV e passou a usar suve. No nosso entender, carece de sentido usar uma sigla como tipo de veículo, menos ainda se a sigla provém de uma expressão em língua estrangeira. Seria como usar PKW para designar carro de passageiros — PKW é carro de passageiros em alemão, Personenkraftwagen. A sigla correta em português seria VUE (veículo utilitário esporte), mas, convenhamos, seria um tanto estranha. Observamos que muitos. até executivos das fabricantes, pronunciam suve nas suas apresentações, ao passo que S-U-V, letra a letra, é bastante usado em São Paulo, a exemplo de C-E-T. Ao contrário dos cariocas, que no caso da Companhia de Engenharia de Tráfego, CET como em São Paulo, pronunciam a sigla CET como se fosse uma palavra. Foi essa a razão de passarmos a escrever suve em vez de SUV, que todo mundo (100%) entende do que se trata na primeira vez que se depara com a palavra. Se Jeep, primeiro modelo (Willys Jeep), depois marca, sempre foi pronunciado jipe (com pequenas variações) terminando aportuguesado tanto quanto abar-jour passou a ser abajur. assim constando de vários dicionários, o AE está na linha certa escrevendo suve.
A verdade é que a “cupeização” dos suves é um fato. Do Volkswagen T-Cross veio o Nivus e do Fiat Pulse veio o Pulse Fastback. Na Audi são chamados de Sportbacks, surgindo o e-Tron Sportback em seguida ao e-Tron. Cá entre nós, esses suves “aacupezados” são bem mais atraentes no meu ponto de vista. E com a vantagem de criar menos rarefação do ar atrás do vidro e com isso este sujar-se menos do que uma traseira mais vertical.
Abaixo, os dois exemplos modernos de suves “cupeizados” citados.
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BS
A coluna “O editor-chefe fala” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.